SEM TEMPO E PACIÊNCIA PARA MEDIOCRIDADES!
- Eugênio Maria Gomes
No último dia do ano passado, fiz 59 anos de idade. Assim, no final de 2018 chegarei, se Deus quiser, aos meus 60 anos. Acredito que tenho menos tempo para frente, do que para traz… Se a minha passagem por aqui se enquadrar na média da expectativa de vida dos brasileiros, terei então mais 15 anos, mas como há muita gente vivendo 100 anos por essas bandas, talvez tenha, ainda, mais 40 anos de vida. De toda sorte, já ultrapassei, e muito, a metade do tempo de vida útil a mim concedida. Daqui para frente, poucos anos de energia, alguns de independência e, talvez, a maior parte do tempo que me resta esteja na dependência de alguém. E o que isso significa? Significa que tenho muito pouco tempo para perder com o que não importa, principalmente com a mediocridade humana.
Ando decidido a tomar algumas atitudes, práticas, de forma a tornar os meus dias muito mais felizes do que são hoje. E olha que eu não posso – mesmo -, reclamar de nada. Tenho tido dias extremamente felizes, só que eu quero mais e tenho pressa!
Gosto de viajar – e tenho viajado muito. Quero mais. Neste ano quero fazer, pelo menos, mais umas duas viagens internacionais com o João e, por isso, dividi o meu período de férias. Também quero conhecer lugares – incríveis -, no Brasil. E, por que o João? Ora, gostaria de viajar com a minha família, com os meus amigos, mas o João, além de ser uma excelente companhia, é quem tem a disponibilidade no momento.
Sempre fui avesso a qualquer tipo de preconceito, mas até agora, tenho feito vista grossa para alguns, como forma de ter uma boa convivência com o preconceituoso. Não quero mais. Se algum conhecido ou um amigo tiver qualquer tipo de preconceito, incontido, escancarado, acerca de algum tema que possa magoar alguém, ouvirá de mim o desejo de romper o relacionamento. Ninguém é obrigado a gostar de tudo, ou a aceitar tudo, mas tem, sim, a obrigação de respeitar o outro. É racista? Que guarde essa idiotice com ele. É sectário religioso, homofóbico, avesso à obesidade ou à magreza, tem alergia a pobre ou se julga melhor do que os outros? Tente mudar e, caso não consiga, tenha pelo menos vergonha de dar visibilidade a isso.
Sempre votei em partidos – não o faço mais. Passei boa parte da minha vida acreditando que o PT acabaria com o Brasil. Se o fez, recebeu a importante contribuição do PMDB, do PSDB e de tantos outros. A ideologia, por si só, não governa, já que está ligada a quem a conduz. Votarei em pessoas, independentemente de sua filiação partidária, até porque, no Brasil, isto é uma falácia.
Trabalho há mais de quarenta anos e passei por algumas empresas – não muitas -, numa quantidade que dá para contar em uma mão. Em todas elas, sempre encontrei pela frente aquele “tipinho” que tenta destruir o objeto de sua inveja, que fica articulando pelas salas das chefias, tentando desvalorizar o trabalho do outro, tentando ocupar o lugar alheio, comum nas organizações. Com esse sempre fiz vista grossa, fiz de conta que não atrapalhava e, até, mantive um bom relacionamento. Sempre caíram sozinhos, apodreceram, sucumbiram à sua própria virulência. E, continuarão apodrecendo em sua insignificância. Só não pretendo mais é gastar meu sorriso com esse tipo de gente.
Trabalho, também, com mídias. Colunista de jornal, escritor, apresentador de programas de TV, com programas em vários canais de televisão. Tenho canal no Youtube, site, página nas redes sociais. Além disso, publico meus livros, organizo a publicação de centenas de pessoas durante o ano, coordeno projetos sociais e culturais e participo de várias instituições, inclusive dirijo uma Academia de Letras. Por conta disso tudo, o que não faltam são notícias, posts, registros em jornais, nas mídias sociais e nas redes de televisão. Só faço rir de alguns idiotas quando dizem que “ele gosta de aparecer”, como se fosse possível atuar nas mídias, em tantas linhas de frente, sem aparecer. A partir de agora, continuarei sorrindo dessas idiotices, mas, dar-me-ei o direito de desejar que essas pessoas, no mínimo, mordam suas línguas despertem-se para o cuidado de suas próprias vidas. Não, não estou mais amargo. Também não estou mais sem paciência com tudo e com todos. Apenas não tenho mais tempo, “saco” e energia para lidar com a natural arrogância dos medíocres. Aliás, mediocridade e arrogância são faces da mesma moeda.
Em um país que vive um momento em que a “vulgaridade é um título e a mediocridade um brasão”, é muito difícil não incomodar quando se é autêntico, íntegro, honesto e competente! Quando penso em todas essas tristes figuras, que veem a vida passar diante de si próprios, aprisionados nas janelas de suas personalidades pueris e simplórias, lembro-me, apenas, de que “viver na mediocridade não é uma questão de oportunidade, mas de escolha”.
- Professor e escritor