- Eugênio Maria Gomes
Na quarta-feira que antecedeu ao primeiro turno da eleição deste ano, eu e o professor Antônio chegamos ao Super Canal TV para gravar nossa participação nos programas “Gestão em Ação” e “Língua Portuguesa”, que são veiculados no jornal apresentado pela âncora da emissora, jornalista Raquel Borsari. Terminadas as gravações, como de costume, fomos tomar um café e bater um papo. Claro, naquele momento, o assunto foi o momento político atual.
Tirei do bolso alguns “santinhos” e os distribui para os amigos presentes, pedindo-lhes o voto para o Deputado Mauro Lopes. Aqui vale uma ressalva: em várias oportunidades, eu e os amigos ali presentes, estivemos em posições opostas, mas jamais deixamos que a Política interferisse na nossa amizade e nas nossas relações profissionais.
Conversa vai, conversa vem, dentro dos motivos alegados para tal pedido, disse-lhes que o deputado era sempre presente, alguém que podíamos encontrar sempre que precisássemos. Foi quando passamos a um inusitado diálogo, cujo resultado foi, de fato, surpreendente…
– Raquel, quer apostar que se eu ligar agora, o Mauro atende?
– Duvido…
– Se ele atender, você vota nele?
– E se ele não atender, você deixa de votar?
A proposta, de repente, ficou desafiadora… O professor Antonio ponderou que, caso o deputado não atendesse na primeira chamada, do meu telefone, que lhe fosse dada a oportunidade de tentar ligar do seu aparelho… Foi quando surgiu a proposta do Fred Ribeiro, ainda mais complicada: que a ligação fosse feita de um aparelho neutro, do celular da própria Raquel.
E assim foi feito. Ao terceiro toque do telefone, o deputado atendeu, falou com a Raquel e recebeu dela o compromisso do voto. Porém, o que de fato chamou a atenção naquele momento foi comprovar o que já sabíamos: que o deputado é acessível, que as pessoas conseguem falar com ele e que, quando isso não é possível, seu escritório está à disposição, acolhendo as pessoas, ajudando a trazer benefícios para Caratinga e região. Mauro Lopes, definitivamente, não é um paraquedista. É filho da terra e demonstra, a todo o momento, o seu amor por ela.
No dia da eleição, saí de casa por volta das onze horas para exercer o meu direito e o meu dever de cidadão, escolhendo os meus candidatos naquele pleito. Maria Eugenia, minha neta, insistiu e disse que iria comigo, pois queria “apertar o verdinho”. E assim foi feito. Na medida em que eu digitava os números, ela via a foto e falava em voz baixa, com o dedo indicador nos lábios como se estivesse pedindo silêncio, o nome dos candidatos. Ao modo dela, claro… Foi assim que ela deixou escapar: “Alá o Laro Lopes. Vovô, me dá mais figurinhas dele. Ele carregou o João no licópero dele”. Ao final, depois de todos os votos dados, ela exclamou bem alto: “Isto é muito legal!”.
Que bom que ela achou legal. Sim, votar é legal, é bom, é necessário. Infelizmente, 23% dos eleitores de Caratinga – uma média maior que a média nacional, deixaram de comparecer às urnas, deixaram de exercer um direito, mas, também, um dever de cidadão. Somente quem escolhe pode cobrar de seus representantes o resultado empenhado através do voto.
No mesmo dia da eleição, fui convidado pela TV “A Semana”, para uma participação na programação da emissora, ao vivo, na companhia do Carlos Carraro e do Edílson. No período em que estivemos no ar – das 18 às 19 horas -, fizemos todos os comentários a partir dos números apurados pela equipe, coordenada pelo Léo Baião. Devido a um equívoco nos números apresentados, tais comentários foram feitos como se os números apresentados estivessem corretos.
Em função disso, fiz uma declaração sobre a eleição do nosso deputado federal, que transcrevo, aqui, ipsis litteris: “Caratinga devia aprender com Muriaé e Manhuaçu, e concentrar votos em um candidato. O Mauro está sendo eleito com mais de 120 mil votos, sendo que de Caratinga está recebendo pouco mais e seis mil votos. Uma vergonha! Depois querem que o deputado concentre toda a verba que puder apenas no município… É claro que ele, como filho da terra, acaba privilegiando Caratinga e região, mas se fosse outro, distribuiria a verba proporcionalmente entre os municípios”.
Um comentário – assim como outros feitos pelos demais participantes do programa -, que rendeu algumas críticas, principalmente pelo fato de o deputado ter tido, na cidade, o dobro de votos mencionados, ou seja, um pouco mais de 12 mil votos. Quanto às críticas, nenhuma preocupação, principalmente em relação a emissora, já que a coragem de fazer uma televisão diferente, de colocar uma programação no ar, ao vivo, supera toda e qualquer falha momentânea, até porque no transcorrer da programação a informação foi adequadamente corrigida. É bom registrar que a TV “A Semana” bateu recorde de audiência naquele dia.
Mas, voltando aos números, é bom registrar, que mesmo recebendo 12.657 votos em Caratinga – um quinto do Colégio Eleitoral do município -, esse número representa, apenas, algo em torno de 10% do total de votos recebidos por ele em todo o estado de Minas Gerais. Sabemos que ele está agradecido e que, independentemente deste resultado, continuará a fazer o melhor por Caratinga e região. Mas, não podemos deixar de registrar que, de fato, Caratinga precisa parar de votar em dezenas, centenas de candidatos paraquedistas, que passam por aqui atrás de votos e, depois, da maioria deles, jamais voltamos a ouvir falar.
No próximo domingo, teremos nova votação. Mais uma vez, seremos nós e a nossa consciência, no exercício pleno da democracia. Que façamos o melhor pelo Brasil!
* Eugênio Maria Gomes é professor e escritor.