O marketing das Super-Promessas sob o conceito da Caverna de Platão: Por que somos tão facilmente enganados?
Já parou para se perguntar por que estamos sempre interessados em como ganhar dinheiro de forma rápida e fácil? Várias agências digitais e empreendedores de palco perceberam isso, e sempre nos apresentam “mindsets”, “fórmulas” e “sacadas” que eles desenvolveram sozinhos e que mudarão nossas vidas. E nós todos sabemos que dinheiro fácil é só no mundinho da Disney. Mas por que mesmo assim nos envolvemos tanto? Bom, vou tentar explicar sob o conceito da Caverna de Platão.
O Advento da Internet no Brasil
Inicialmente, precisamos lembrar que o século XXI foi responsável pelo avanço assombroso das comunicações. E nesse sentido, as mídias sociais figuram como as principais plataformas para esse fim. Contudo, a instantaneidade das informações revelou uma característica forte do ser humano contemporâneo: a necessidade, quase que doentia, da aprovação social.
Analogamente, a necessidade da aprovação social nos fixa em ambientes virtuais, retirando a percepção do mundo em nossa volta, nos prendendo em uma espécie de caverna platônica (analogia de acordo com o “Mito da Caverna” de Platão). Segundo Platão, célebre filósofo grego da antiguidade, o ser humano vive preso dentro de uma caverna (mundo material), onde, devido a ignorância natural do ser, vivemos uma projeção da realidade (mundo inteligível).
Dessa maneira, associando as mídias sociais às ideias de Platão, é possível perceber que as mídias sociais se tornaram uma projeção da realidade humana, adaptada àquilo que, de fato, queríamos ser.
Sendo assim, é comum, cada vez mais, que as pessoas passem mais tempo se dedicando aos numerosos compromissos em grupos do WhatsApp, Facebook, e preparando selfies para o instagram do que propriamente projetando uma interação social real.
Nesse contexto, o like passa a ser, hoje, o objeto de maior desejo dessa geração. E isso cria um falso entendimento que precisamos ser aquilo que mostramos, mas não somos. E é nessa falha do ser humano, que os gurus do dinheiro fácil atiram.
O Marketing de Conteúdo Nesse Contexto
Antes de mais nada, é importante frisar que algumas empresas e pessoas sérias utilizam essa falha para promover algumas estratégias de marketing e vendas. E isso não está errado. As campanhas devem ser direcionadas, sim, para a dor do ser humano, onde habita o ego. E é por isso que técnicas como o marketing de conteúdo são relevantes. No mundo atual, antes de vender para uma pessoa, você precisa ajudar essa pessoa. E seu conteúdo tem esse papel. Mas é preciso que sejam conteúdos REALMENTE relevantes, REAIS e EMPÁTICOS.
Marketing Apelativo – As Super Promessas
No entanto, conteúdos relevantes, reais e empáticos dificilmente chegam ao público. Isso porque algumas técnicas extrapolam o limite do bom senso, conhecidas como técnicas de “SUPER-PROMESSAS”, feitas pelos grandes empreendedores de palco, vídeo e PDF.
Estes obviamente faturam alto, o que possibilita, obviamente, altos investimentos em ADS tanto no Google quantos nas redes sociais, tornando a competitividade de conteúdo quase que inexistente.
Essas técnicas de super-promessas tem por característica o exagero em clickbaits e o uso de gatilhos mentais super-apelativos, como por exemplo, ganhar R$100.000 em 7 dias ou ganhar R$1.042.000 investindo pouco na bolsa de valores.
E por que dá tão certo?
Mais uma vez, retomando o conceito platônico: A mensagem é enviada para um público que, teoricamente, está preso dentro de sua caverna material. Essa prisão geram pensamentos simplistas, e não abrem o caminho das possibilidades. E o mundo material, atualmente, é tão efêmero, que as pessoas sequer aprofundam nas informações. Quer um exemplo? Um título apelativo (clickbait) de algum artigo, já é o suficiente para que pessoas compartilhem sem ao menos ler o conteúdo. E é para esse público que as técnicas de super-promessas são direcionadas.
Paulo Bonfá – Produtor Cultural
@paulo.bonfa