Segundo o Estado, já foram entregues 29.820 doses para o município de Caratinga
CARATINGA- A madrugada de quarta-feira (11) para muitos caratinguenses foi nas filas dos postos de saúde. Colchões e mochilas abastecidas para enfrentar a noite e garantir uma vaga para a vacinação contra a febre amarela. O DIÁRIO DE CARATINGA percorreu os postos da cidade e registrou a espera da população.
Nair Matias, 79 anos chegou às 23h de terça-feira (10) e enfrentou a imensa fila. “Na esperança de conseguir uma vacina, já é a segunda vez. Ficamos aqui, a noite toda conversando com a turma. Vamos ver hoje (ontem), Deus abençoa a gente conseguir”.
O pedreiro Wilson Rocha, chegou às 23h40, levando a esposa e três filhos. Para enfrentar o desconforto, eles levaram colchão e cobertores. “A noite foi tensa, todo mundo dormindo no chão, à espera de conseguir vacinar, mas é necessário”.
Roseli Rodrigues de Oliveira, dona de casa, também passou a madrugada na porta do posto de saúde e chamou atenção para alguns transtornos enfrentados. “Revezei com meu esposo. A gente preocupa demais porque as pessoas vêm, passam a noite na fila e empresários vêm com funcionários e passam na frente na fila”.
Durante a manhã alguns locais registraram certo tumulto e foi preciso a intervenção da Polícia Militar. Foi o caso da Unidade V, na Praça da Estação, que recebeu um grande número de pessoas. Às 9h, havia o aviso na portaria, de que as vacinas ainda não tinham chegado. A superintendente de Vigilância em Saúde, Renata Campos Marino informou que uma nova remessa de vacinas foi encaminhada às 8h de ontem. As vacinas seriam separadas, acondicionadas e redistribuídas para todos os postos de saúde de Caratinga, com previsão de atendimento à população às 13h.
Com o início da vacinação durante a tarde, os caratinguenses relataram alívio. Cleuseni de Andrade, após a madrugada à espera, disse que está mais tranquila após ser atendida. “Agora, aliviada, graças a Deus, dois dias para tomar a vacina. Agora acabou o tormento”.
Luiz Claudio também afirmou que o desconforto foi compensado com a imunização. “Estou mais tranquilo, sossegado. Agora só alegria”. O mesmo sentimento foi compartilhado por Maria Imaculada. “Agora tem certo alívio, passou um pouco a preocupação”.
Em coletiva de imprensa na tarde de ontem, o secretário de Saúde, Dr. Giovanni destacou que está sendo priorizada a área rural e é preciso a compreensão da população da área urbana. “Enviamos de uma forma especial, suprindo toda a zona rural de Caratinga. Também estamos suprindo os postos de saúde da zona urbana, mas quero deixar bem claro que não precisa entrar em pânico, sair correndo para os postos, a não ser que vá daqui a 10 dias ou mais entrar em uma mata. Vá com calma, se chegou no posto e está cheio, volte no outro dia, em outro horário, teremos vacina disponível pra todos. Não vai faltar vacina”.
A perspectiva da Secretaria de Saúde é de que entre 15 a 20 dias toda a população de Caratinga tenha sido vacinada. Os postos funcionarão pela durante o dia excepcionalmente aos sábados, para cobertura da população.
DOSES
De acordo com informações da Secretaria de Estado de Saúde (SES) haviam sido entregues pela Superintendência Regional de Saúde até a última terça-feira (10), 12.820 doses, o que totaliza 14% da população. Ontem foram entregues mais 17.000 doses, que totaliza 33% da população.
Segundo a Secretaria, agora, aguarda-se mais remessas de vacinas conforme foi anunciado pelo Ministério da Saúde. “Solicitamos que os usuários compareçam aos postos munidos com seu cartão de vacina. Quem já tomou a dose há mais de 10 anos, deve tomar novamente. Por questões de logística, a vacinação ocorre por etapas”, ressaltou.
De acordo com a SES, o bloqueio vacinal já foi iniciado nos municípios que são área com recomendação de vacina no Estado, elevando assim as coberturas vacinais (CV), com priorização das populações de áreas rurais e silvestres, principalmente para aqueles indivíduos com maior risco de exposição (população de área rural, silvestre, pessoas que fazem turismo “ecológico” ou “rural”, agricultores, extrativistas e outros que adentram áreas de mata ou silvestres).
– Crianças entre 6 e 9 meses de idade
Em situação de suspeita de surto de febre amarela, epizootia em primatas não humanos ou confirmação da circulação viral em vetores silvestres, uma dose deve ser administrada aos seis meses de idade, NÃO sendo considerada válida para rotina; devendo ser mantido o esquema vacinal aos nove meses e aos quatro anos de idade. Observar o intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
Pessoas a partir de cinco anos de idade:
– Que receberam uma dose da vacina antes de completar cinco anos de idade:
Administrar um reforço, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
– Que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação: Administrar a primeira dose da vacina e um reforço após 10 anos.
– Que receberam duas doses da vacina: Considerar vacinado.
Pessoas com 60 anos e mais e que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação:
Se for residente em área de risco (zona rural), com ocorrência de epizootias e casos prováveis/confirmados de febre amarela, DEVEM receber uma dose com precaução e serem devidamente acompanhadas em relação aos eventos adversos.
Gestantes:
– Se for residente em área de risco, com ocorrência de epizootias e casos prováveis/confirmados de febre amarela, a vacinação deverá ser analisada caso a caso através de avaliação médica e serem devidamente acompanhadas em relação aos eventos adversos durante todo o pré-natal e nascimento do bebê.
Nutrizes ou lactantes:
– Em caso de mulheres que estejam amamentando crianças menores de seis meses de idade deve ser evitada ou postergada.
Na impossibilidade de adiar a vacinação, ou seja, aquelas residentes em área de risco, com ocorrência de epizootias e casos prováveis/confirmados de febre amarela a vacinação, deve-se apresentar a mãe opções para evitar o risco de transmissão do vírus vacinal pelo aleitamento materno, tais como: previamente à vacinação praticar a ordenha do leite e manter congelado por 28 dias, em freezer ou congelador, para planejamento do uso durante o período da viremia, ou seja, por 28 dias ou, pelo menos por 15 dias após a vacinação. Caso a ordenha não seja possível, encaminhar a mães à rede de banco de leite humano.
Para crianças acima de seis meses, a mãe pode se vacinar normalmente e continuar a amamentação.
Pessoas com imunodepressão:
Deverão ser avaliadas e vacinadas segundo orientações do Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).