Apresentador faleceu no último sábado (17)
CARATINGA- A morte de Silvio Santos, o ícone da TV brasileira, ocorrida no último sábado (17), chocou a um grande número de admiradores e trouxe a nostalgia de quadros antológicos, como ‘Show de Calouros’, ‘Tudo por Dinheiro’ e ‘Porta da Esperança’, por exemplo.
Em Caratinga, para Helena Augusta Alves, 57 anos, os pensamentos viajam aos anos 90, mais precisamente em 1991, quando ela teve a oportunidade de participar do Show de Calouros com a mãe Raimunda Maria. Helena tinha 24 anos de idade e cantou a música “Qualquer jeito” de Kátia, sucesso à época.
O “Show de Calouros” marcou a televisão brasileira. Só no SBT, ficou no ar com Silvio Santos por mais de 15 anos.
Helena recebeu a equipe do DIÁRIO e relembrou sobre aquela época. “A ideia partiu da minha mãe, que já está falecida. Ela trabalhava com doutor Eduardo aqui na cidade, era servidora pública, trabalhava dentro do gabinete dele. O assessor de gabinete na época era o Geraldo Araújo. O sonho dela era ir no Programa do Silvio Santos e ela ficou almejando esse sonho. Preparamos tudo. Foi em abril de 1991. O programa era gravado no sábado e domingo. Saímos daqui, fomos para São Paulo. Ficamos em Mauá, de Mauá até a Vila Guilherme. A gente pegava o ônibus e metrô, até chegar na Vila Guilherme”.
Ela se recorda que em um domingo, ela e mãe foram para o teatro para ver como funcionava o Show de Calouros. Inicialmente, a mãe não teria oportunidade de se apresentar no palco, mas, ao pisar no palco, Helena falou para Silvio sobre Raimunda, que foi convidada a cantar também. “Encontramos com o Roque (Gonçalo Roque) na entrada. Ele falou para a gente voltar na terça-feira para poder ver como funcionavam as inscrições. E fomos lá. Foi uma coisa incrível. Tinha uma fila de muita gente. Mas, chegamos lá e fizemos a inscrição com o maestro Zezinho. E por incrível que pareça, a minha mãe ficou pra aguardar telegrama. Tive sorte de gravar com ele. Mas, fui para gravar o programa e minha mãe foi junto de companhia. E eu falei com ela: ‘Mãe, eu vou arrumar um jeito lá, que na hora que ele me chamar, me tirar de dentro do auditório, o Silvio Santos vai arrumar um jeito de te chamar’. E foi o que aconteceu”.
Foi assim que Raimunda cantou “Negue”, de Adelino Moreira e Helena entoou “Qualquer Jeito”, da cantora Kátia. “Foi uma oportunidade única. E, inclusive, todos que puderam me ver, muita gente na época morava longe daqui. Encontrava com eles, que diziam que se lembravam da época. Alguns até questionaram não ter falado que era de Caratinga, mas, foi justamente porque a gente tinha um tempo de gravação e a produção orientava que tinha que responder somente aquilo que o Silvio Santos perguntasse”.
Helena conta que a música sempre esteve presente em sua vida e da família. “De muito tempo a gente gosta de fazer uma zuerinha, de cantar, mas a profissão não foi a frente não, porque Caratinga tem poucos recursos. Minha mãe tocava violão. Antigamente ela saía pra tocar e cantar com o meu avô nos forrós. Mas, nunca pegou isso como uma profissão. Puxei a escola de samba nos anos 80. Eu puxei a escola de samba Mocidade Independente em cima da hora, que contava com 300 componentes. Unidos do Itaúna, Unidos do Barro Branco, por exemplo. Também a gente concorria a troféus lá no Bairro Santa Cruz. Programas, shows internacionais, a Feira da Amizade. Na época, o Silvio Carlos dava essa força pra gente, pra gente cantar”.
A notícia da morte do grande apresentador Silvio Santos traz a comoção, mas, Helena reflete também a gratidão pela oportunidade que ela e a mãe tiveram. “Pra mim, o Silvio sempre foi aquela pessoa imortal, que não morreria, como a minha mãe, sabe? Então, foi um choque muito grande. Ele já estava avançado na idade, mas, a gente fica um pouco triste, porque era uma pessoa muito carismática. Nos bastidores das gravações do programa dele, inclusive, a mãe pagou tudo, tirou tudo do bolso dela, investiu pra ir pra São Paulo. E na volta ele reembolsou tudo, ele não deixou a gente no prejuízo. E ele rodava perguntando: “Quem quer cantar?”. Fiquei muito chateada, mas, temos que agradecer muito”.
O vestido que Helena Augusta usou naquela data ainda está guardado, carregado de memórias de um dia inesquecível.