Família que reside na Rua João Pipote, Bairro Santa Cruz, faz um apelo. Curativos utilizados custam R$ 605 semanais
CARATINGA – Uma viagem que terminou em um grande sofrimento para uma família da Rua João Pipote, Bairro Santa Cruz. Era 10 de março deste ano, quando Jéssica dos Santos Pimenta, 23 anos, o marido e a filha, à época com dois meses, seguiam rumo a Belo Horizonte, onde o bebê teria uma consulta médica. Mas, próximo a São Gonçalo do Rio Abaixo, na BR-381, o carro em que eles estavam rodou na pista e bateu contra uma carreta bitrem. Arremessadas para fora do automóvel, o bebê sofreu traumatismo craniano, mas recuperou-se; Jéssica fraturou sete costelas, o fêmur, teve hemorragia interna e sofreu três paradas cardíacas. O marido sofreu somente uma torção.
De lá para cá, Jéssica está acamada há cinco meses. Uma recuperação lenta. Vai precisar utilizar o fixador externo de Ilizarov- aparelho que ajuda na fixação de ossos – por pelo menos dois anos.
Logo que sofreu o acidente, Jéssica recebeu o tratamento do Serviço de Apoio ao Domicílio (SAD) por um período de dois meses. A família afirma que este suporte ajudou consideravelmente no tratamento. No entanto, o serviço terminou quando a jovem parou de tomar os antibióticos.
A situação de Jéssica ficou ainda mais delicada. Ela precisou fazer um enxerto, transferindo fragmentos de tecidos da perna esquerda para a perna direita, a fraturada. Mas, a cirurgia fez com que a jovem contraísse uma bactéria. Foi assim que os gastos aumentaram e a vida de toda a família mudou completamente. Cada placa dos curativos Curatec Silver que ela utiliza custa R$ 55. Ela gasta 11 por semana e esse valor salta para R$ 605 semanais. Além disso, sem a ajuda do SAD, foi necessário que a mãe e o marido de Jéssica deixassem o emprego para cuidar dela.
O DIÁRIO DE CARATINGA esteve na casa da família e conversou com Jéssica. “Tenho dois filhos. Um de dois anos e seis meses e outra de oito meses. São ainda pequenos e precisam de cuidados. Um tem problema no intestino e precisa usar uma bolsa de colostomia. Ela está à espera de uma cirurgia. Como mãe é difícil ver esta situação”, relatou.
Hoje, além das feridas na perna, a função renal da jovem está lenta. Ela também precisa de doadores de sangue O Negativo. Joice dos Santos Pimenta Reis, irmã de Jéssica faz um apelo. “A hemoglobina dela caiu para 5.1 quando o normal é 12. Foi preciso receber bolsas de sangue. Peço às pessoas que tem sangue O Negativo para procurarem a Neneca no Hospital para doarem. Assim como a Jéssica precisa tem outras pessoas também que estão à espera”.
DIFICULDADES
Joice acompanha de perto o tratamento da irmã e destaca que em casa é necessário um trabalho intenso da família. Jéssica utilizava gaze de algodão, no entanto, a retirada do curativo lhe deixava dores intensas. Por isso, a família optou pelo Curatec Silver. “Ela estava sofrendo demais porque todas as vezes que ia tirar as gazes, invés do machucado cicatrizar não estava tendo retorno nenhum. Tem cinco meses que ela está com essa ferida e não tivemos resultado. Com esse curativo ela sofre menos, não agarra na pele. A pessoa acamada já sofre, piora todo dia com aquela tortura de arrancar os curativos. Então tentamos achar um meio melhor, porque nós sofremos junto com ela também”.
A família conta com o apoio do posto de Saúde do Bairro Santa Cruz para a troca de curativos. Mas, nem sempre os profissionais podem fazê-lo e é necessário que familiares realizem o procedimento. “A perna da Jéssica fica somente reta. É complicado para a família fazer estes curativos. Nós não temos estudo, especialidade nenhuma pra isso. Colocamos luva, passamos álcool na mão, mas não temos o cuidado que as pessoas que estudaram têm. Corre até o risco de as pessoas de casa colocar uma bactéria nela. Faço um apelo, estou pedindo pela minha irmã, um ser humano que está em cima dessa cama, para melhorarem essa área de saúde que está precária. Não é só ela que está passando por isso. Tem que olhar em geral na saúde, todo mundo precisa”.
A irmã acredita que para amenizar o problema é necessário arrumar uma nova vaga para Jéssica no SAD. “Peço que comovam com a situação dela, que não é para o posto. Só tenho que agradecer o trabalho que fizeram e dizer que estamos precisando de novo”.
DESABAFO
Jéssica precisou ficar internada por quatro dias no Pronto Atendimento Municipal (PAM), quando contraiu a bactéria. Foram dias difíceis para toda a família. Joice classifica a situação como precária. “Tinha que sair daqui de casa para trocá-la e levar a roupa de cama, porque lá não tinha. Ela estava com uma bactéria na perna e ficava em cima daquela secreção com risco de pegar mais bactéria ainda. Levamos atadura de casa, remédio para passar no curativo, porque ali infelizmente você corre o risco de chegar mais ou menos e sair de lá até morto”.
Joice ainda chama a atenção para o atendimento do local. “Ela ficou três dias sem tomar banho porque não tinha um balde. Eles nos falaram que era um para todos os pacientes. Não é desfazendo de ninguém, mas cada paciente tem as suas particularidades. Meu cunhado teve que colocar uma sacola para dar banho nela. Estava com mau cheiro devido ao mau cuidado no PAM e eles falaram que não tinha número de funcionários suficiente para dar banho nela”, desabafa.
AGRADECIMENTO E DOAÇÃO
A família de Jéssica deixa um agradecimento a todos que se comoveram com a sua história e fizeram doações de alimentos, materiais ou até mesmo visitas. Joice ainda agradece a Conferência do Bairro Santa Cruz e aos vizinhos que também têm contribuído. “Há 31 anos moro nessa rua e sempre ajudamos um ao outro. Todos somos um pelo outro. Hoje estou passando por essa situação, não queria estar aqui pedindo ajuda. Mas, assim como estou nessa situação hoje, outro pode estar e se bater na minha porta, vou ajudar meu próximo também. Isso é uma lição de vida para nós todos, não estamos livres de nada. Agradeço primeiramente a Deus e aqueles que não puderem ajudar a Jéssica com medicamento ou dinheiro, que ore por ela, o mais importante é a oração. Sem Deus não somos nada”.
Quem puder doar o curativo Curatec Silver, pode procurar Claudinei na Med Minas, Rua Coronel Pedro Martins (Rua do Correio). Aquele que desejar contribuir com dinheiro, pode depositar qualquer valor na conta bancária: Caixa Econômica Federal, Agência 106, operação 013, conta 00140273-9, titular: Selma dos Santos Pimenta Reis.
Mais informações podem ser obtidas pelos telefones 3322-1169; 9958-4438, falar com Selma e 9975-0507, falar com Leia.