Maioria dos vereadores acatou pedido do executivo de receber lixo das cidades vizinhas
CARATINGA – Entrou em primeira discussão na reunião desta última terça-feira (4) na Câmara de Caratinga, o projeto de lei 033/2018 do executivo onde o “Aterro Sanitário Municipal fica autorizado a receber resíduos domiciliares, industriais e gerados por estabelecimentos prestadores de serviços de saúde e correlatos oriundos de outros municípios, desde que observadas as exigências dos órgãos ambientais competentes”.
O assunto gerou discussão entre os vereadores, já que existem várias reclamações quanto ao funcionamento do aterro.
A 5ª Promotoria de Justiça de Caratinga (área de Meio Ambiente) instaurou o inquérito civil nº 0134.16.000226-4 em julho do ano passado para apurar supostas irregularidades no aterro. As denúncias apontavam na época a deposição irregular de resíduos de construção civil, lixo espalhado por propriedades vizinhas, captação irregular de água, presença de animais e lançamento de chorume no curso d’água.
O vereador Welington Batista Correa, o “Helinho”, disse que visitou o aterro sanitário, que já está na terceira célula, com aproximadamente 15 metros de altura, “precisando urgente de reparos”, segundo Helinho. “Se não estamos dando conta de administrar nosso lixo, como vamos aumentar nossa capacidade coletando de outras cidades com está querendo o executivo?”, questionou o vereador.
Ainda segundo o vereador, “o executivo optou pelo consórcio Cidesleste, do qual o próprio prefeito Welington Moreira é presidente, para administrar esta questão”.
O vereador Johny Claudy informou que a Samarco enviará 22 milhões de reais ao município para saneamento básico. “Desse montante, dois milhões seriam usados para o lixo, mas a prefeitura está pedindo para usar quase seis milhões”, frisou Johny. Para o vereador, os 22 milhões seriam suficientes para resolver o problema da rede esgoto dos dez distritos. “Nem do lixo da cidade estão dando conta. Então querem usar seis milhões para conveniar com consórcio para receber lixos de fora da cidade. Estamos com três células mal compactadas. O que me assusta é que uma Câmara inteira estava contra o projeto e de uma hora para outra perdemos a força e votaram a favor do projeto. Gerou uma dúvida se quem manda no legislativo são os vereadores ou executivo”, indagou Johny Claudy.
Votaram contra o projeto de lei apenas os vereadores Johny, Helinho, Ronaldo da Milla, Rominho, Mauro e o Paulinho. Portanto, o projeto passou em primeira discussão e volta a ser votado na próxima reunião.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura para saber se existe benefício para o município receber o lixo da região e de que forma isso seria administrado sem piorar a situação, mas até o fechamento desta edição não havia recebido resposta. A assessoria informou que o prefeito Welington Moreira irá conceder uma entrevista ainda hoje sobre este assunto.