Especialista e consultora em desenvolvimento do setor cafeeiro visitou a cidade para contribuir na construção do Terras Altas do Caratinga
CARATINGA – A região de Caratinga, historicamente, tem se sobressaído na produção de cafés arábicas. Como forma de valorizar ainda mais esse setor de grande importância econômica para toda a região, resgatar a identidade e atender as exigências do mercado nacional e internacional, o município trabalha na construção da denominação de origem dos cafés especiais das Terras Altas do Caratinga.
Para isso, o Sindicato dos Produtores Rurais, o Senar/Faemg e representantes da Associação de Produtores de Cafés Especiais das Terras Altas do Caratinga receberam a especialista e consultora em desenvolvimento do setor cafeeiro Mariana Proença.
Mariana explica a definição de denominação de origem e enfatiza que o processo requer várias etapas como a sensibilização e organização dos produtores, até a caracterização do território. “É uma forma de a gente ter os cafés especiais como algo de uma indicação geográfica. Ou seja, o café tem essa possibilidade de você, através dos sabores, do sensorial, da parte mais específica geográfica, identificar quais são as características principais dos cafés e, a partir disso, do saber fazer do povo daquele lugar. Entender esses cafés e criar municípios que vão ter essa certificação, um selo de denominação de origem daquele lugar, que é único. Cada região tem a sua identidade e a partir daí vamos criar políticas para trazer mais visitação para a cidade”.
Mariana ainda explica que indicação de procedência e denominação de origem são termos diferentes. “Falamos muito, primeiramente, na indicação geográfica, dentro delas temos duas categorias, justamente a procedência e a denominação de origem. Na indicação de procedência falamos muito do produto de uma região, mas, não fala sobre a questão do saber fazer, já a denominação de origem inclui a comunidade também, de uma maneira mais ampla e traz também essa questão das especificidades de cada região, ou seja, o porquê eles fazem daquela forma. É muito importante que a gente consiga trazer isso pra cá”.
A especialista ainda fala sobre o potencial de Caratinga na produção de cafés especiais de qualidade. “Muito grande, vi cafés incríveis, começando o trabalho com cafés especiais, a altitude, na parte toda relacionada ao querer da comunidade, ao jovem, os jovens com uma sucessão familiar também presentes nas comunidades. Então, as fazendas podem agregar através desse tipo de produto muito mais valor ao café especial, que é produzido aqui e também levar esse café como um todo como Terras Altas do Caratinga”.
Roberto Aquino, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, afirma que a parceria será bastante valiosa para os cafeicultores. “É uma super especialista nessa área de cafés especiais e através da mobilização junto à Secretaria de Agricultura e a Federação, tivemos a honra de recebê-la na nossa região. Nosso sindicato tem uma parceria muito grande com a Faemg e o Senar e com isso trazer esse desenvolvimento, essa denominação de origem. Temos certeza de que a região de Caratinga vai se tornar mais conhecida e desenvolvida”.
Luiz Ronilson, gerente regional do sistema Faemg/Senar, explica que a instituição tem intensificado as parcerias na região, com foco no incentivo ao produtor. “O Sistema Faemg/Senar tem como um dos propósitos promover o crescimento e desenvolvimento das cadeias produtivas. A região de Caratinga é uma das que percebemos o maior avanço da melhoria da cadeia produtiva, principalmente, na produção de cafés especiais, bem como do engajamento de filhos no processo sucessório e das mulheres. Temos visto aqui nos últimos anos, com um trabalho integrado de várias instituições e lideranças, o crescimento da cafeicultura, Nosso trabalho é proporcionar a essas pessoas que têm se destacado e demonstrado esse interesse, maior capacitação dentro dos treinamentos e outras oportunidades, seminários, dias de campo e tudo que o sistema tem disponível para o produtor. Engajar com as demais instituições para transformar o Café Terras Altas do Caratinga cada vez mais forte, mais respeitado e conhecido”.
Geraldo Régis, extensionista da Emater faz questão de frisar o reconhecimento da região de Caratinga, desde que a Emater voltou para a cidade, há 14 anos. “E uma das missões que recebi foi voltar a cafeicultura de Caratinga e região no mapa, não só na produção dos cafés, mas, os cafés finos também. Essa etapa foi concluída, voltou com essa produção. E agora o desafio é agregar valor aos nossos cafés. O mercado sabe que tem cafés bons, mas, não paga o produtor. Através de estudos e pesquisas, vamos ter um diagnóstico para fazer um plano e avançar mais nessa questão da denominação de origem”.
Mauro Grossi, que é presidente da Associação de Produtores de Cafés Especiais das Terras Altas do Caratinga está empolgado com os próximos passos para a construção da denominação de origem. “É uma grande especialista nos nossos cafés e dentro do trabalho dela tem feito a promoção de regiões. Está trazendo para nós nas Terras Altas do Caratinga todas as bagagens de experiência e conhecimento. É um primeiro contato e diagnóstico dos nossos produtores, as parcerias, as dificuldades, para nos apresentar um plano de ações. O que vamos fazer para construir nossa denominação de origem. Oportunidade única, Mariana veio aqui com apoio do secretário de Agricultura do Estado, o Thales Fernandes e da Faemg, nossos parceiros nessa empreitada, esse sonho que já existe há alguns anos e agora estamos colocando pra acontecer”.
- Participantes do encontro