Rotary e Secretaria de Saúde se unem em parceria para mobilizar público alvo. Campanha terá início na próxima segunda-feira (6)
CARATINGA– A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo começa na próxima segunda-feira (6). Serão imunizadas crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos, público mais suscetível a complicações de ambas as doenças.
Em Caratinga, Rotary Club Caratinga, Rotary Clube Caratinga Leste e Secretaria de Saúde estão em parceria para realização da campanha e mobilização do público alvo.
De acordo com o Bruno Albano, enfermeiro e responsável técnico pela imunização em Caratinga, este ano, a vacinação será feita de forma indiscriminada, ou seja, todas as crianças dentro da faixa-etária estabelecida serão imunizadas – mesmo as que já estão com o esquema vacinal completo. Neste caso, a criança vai receber um outro reforço. “Então, crianças de um ano até 4 anos, 11 meses e 29 dias devem obrigatoriamente procurar a unidade de saúde mais próxima da sua casa ou de escolha dos responsáveis para se vacinar. Independente dessas crianças estarem com o cartão de vacinação atualizado, em dia, precisam ir até a unidade para tomar essa dose adicional. Se você tem um filho nessa faixa etária, ele já está com o cartão em dia, ainda assim precisa leva-lo até a unidade de saúde para ser vacinado”.
Embora a campanha seja específica para este público, o enfermeiro enfatiza que, conforme previsto no Calendário Nacional de Vacinação, adultos com até 29 anos que não tiverem completado o esquema na infância devem receber duas doses da Tríplice Viral e adultos com idade entre 30 e 49 anos devem receber uma dose da Tríplice Viral. O adulto que não souber sua situação vacinal deve procurar o posto de saúde mais próximo para tomar as doses previstas para sua faixa etária. “Tanto a vacina contra a pólio quanto contra o sarampo está disponível na rotina, ou seja, qualquer pessoa fora desse público alvo que nós falamos, se não tem o esquema completo de vacinação para essas vacinas deve procurar a unidade de saúde para regularizar a situação. E também sempre falo da importância de guardar o cartão de vacina, o documento que nós temos para provar que a pessoa foi imunizada ou não. Não adianta falar que acha que tomou a vacina e não tem o cartão para comprovar. Ainda estamos engatinhando nessa situação da informatização. É necessário que todas as pessoas que procuram a sala de vacina para verificar sua situação, que esteja com o cartão. No caso das crianças, pedimos que vá acompanhada de um responsável e que leve a caderneta de vacinação da criança”.
A meta é alcançar 95% de cobertura. Caratinga tem uma população em torno de 4.700 crianças nessa faixa etária a serem vacinadas. No entanto, os postos de saúde também poderão receber crianças de outras localidades, que estejam de passagem pelo município. “É importante ressaltar que a vacinação está disponível nas unidades para qualquer cidadão brasileiro, independentemente de onde ele mora. Para isso, hoje temos uma ferramenta de trabalho mais atualizada que é o Sistema de Informação do Programa de Imunização, onde conseguimos salvar as informações do que foi feito aqui. Por exemplo, uma criança de São Paulo que está aqui passando férias pode se dirigir a uma das nossas unidades, desde que esteja acompanhada dos pais e com a caderneta de vacinação. Quando retornar para onde ele mora, eles vão ter acesso às vacinas que ele recebeu aqui”.
BAIXA COBERTURA VACINAL
Caratinga, como outras localidades, tem convivido com a baixa cobertura de vacinas. A queda na procura por imunização traz a preocupação da volta de doenças já erradicadas. Bruno ressalta que é preciso mais envolvimento da população. “Estamos falando de campanha, mas é sempre bom frisar que as ações de imunização estão ficando um pouco banalizadas. A cobertura vacinal está a cada dia mais baixa, isso não é só para as crianças, mas para a população de modo geral. É muito importante as pessoas voltarem a ter essa conscientização do benefício das vacinas e, principalmente, aquelas que vão se deslocar, procurar as unidades de saúde, ainda que não tenha o cartão de vacina, para se vacinar e providenciar um cartão novo. Quando você vai viajar, precisa de um cartão de vacina, viagem internacional é preciso o comprovante internacional de vacinação, que você só consegue obter se tiver o cartão de origem. E se tratando de viagem, principalmente essas vacinas de sarampo e febre amarela que são mais exigidas, a pessoa tem que se vacinar no mínimo com 10 dias de antecedência”.
O enfermeiro explica que alcançar a meta estipulada pelo Ministério da Saúde é um desafio. “As nossas coberturas vacinais estão muito aquém do esperado. Aqui no município de Caratinga, nosso percentual acumulado para poliomielite até o mês de junho está em torno de 51%. Sarampo nossa média cobertura está em torno de 72%. Sempre procuramos trabalhar com o maior número possível de cobertura, então é importante voltar a falar dessa questão da imunização, vacinação, importância, que está ficando um pouco perdido. É importante usar as forças de mobilização, que são os pais, professores, cuidadores, para atentar a essa situação, pois estamos ficando para trás em relação a outros países”.
A equipe de imunização tem realizado estudos, em busca de entender a pouca procura da população aos postos de vacinação. “Temos várias variáveis atrapalhando o nosso trabalho. Tem o problema das informações erradas que são divulgadas na mídia. Começa a sair inverdades, que vão se replicando numa velocidade muito grande. E muitas vezes elas se dissipam com mais facilidade do que as corretas que a gente passa. Outras situações também que já foram levantadas, no caso da pólio, estamos sem casos no Brasil desde 1989, hoje, maioria dos pais são jovens, então eles não têm acesso a pessoas que tiveram a doença e têm sequelas em decorrência dela”.
Para Bruno, esses motivos têm levado à baixa adesão das crianças principalmente. “Reflexo disso, em Caratinga esse ano na campanha da Influenza não conseguimos chegar nem a 80% de um público que era esperado de 95% de cobertura. São doenças que temos vacinas contra elas e depois de ter a doença, é tudo mais complicado”.
DIA D
O Dia D de mobilização nacional acontece no dia 18, sábado, quando mais todos postos de saúde estarão abertos em Caratinga no horário de 8h às 17h. “É importante os pais e responsáveis por essas crianças, que não tenham condições de ir até a unidade durante a semana, que aproveitem o dia D para levar as crianças, porque é um dia especial. Esse ano estamos trabalhando em parceria com o Rotary Club, eles estão ajudando na mobilização e divulgação da campanha”.
INICIATIVA DO ROTARY
O Rotary Internacional tem papel fundamental no combate à pólio. A organização, presente em praticamente todos os países do mundo é a principal parceira de governos locais no financiamento de campanhas de vacinação contra a doença.
O rotariano Carlos Alberto Fontainha destaca a importância histórica do Rotary neste trabalho, desde 1988, com a Iniciativa Global de Erradicação da Pólio, parceria público/ privada entre o Rotary Internacional, a Organização Mundial da Saúde, o Centro Norte Americano de Controle e Prevenção de Doenças, o Unicef, a Fundação Bill e Melinda Gates e governos de diferentes partes do mundo.
“Quando se começou a discutir a necessidade de imunização contra a pólio no Brasil, esta iniciativa partiu de Rotary Club, porque havia uma incidência muito grande dessa doença atingindo a população infantil brasileira. Tínhamos em Caratinga, há muitos anos, o rotariano emérito chamado Archimedes Teodoro, filho da terra e que foi presidente dessa casa também, ele chegou à diretoria internacional da Fundação Rotária. Esse médico pediatra, preocupado com essa situação, que levou à Secretaria Estadual de Saúde a ideia rotariana de imunização da população infantil brasileira, que através deste órgão estadual levou ao Ministério da Saúde”, afirma.
Recentemente, autoridades do Brasil alertaram a possibilidade de o vírus da poliomielite entrar no país, após o caso de uma criança venezuelana. Mais uma vez, o Rotary se propõe a contribuir na defesa da causa, arrecadação de fundos, recrutamento de voluntários e aumento da conscientização pública, como destaca Fontainha. “Esta parceria sempre funcionou, haja vista que desde 1989 não há registro de pólio em território nacional. A preocupação hoje é em torno desta migração através da fronteira norte, vindo da Venezuela, porque essa população infantil que vem de lá está trazendo esse vírus da pólio por aqui, então há o risco maior desse vírus proliferar e chegar a Caratinga também. Nós procuramos a Secretaria Municipal de Saúde propondo uma nova parceria em sentido mais amplo, Rotary Club Caratinga e Rotary Clube Caratinga Leste estão dispostos, a partir de agora, a procurar as comunidades, escolas e trabalhar. Vestir a camisa do combate à pólio”.
Para Carlos Alberto Fontainha, é necessário intensificar a mobilização. “A resistência continua existindo e não há razão nenhuma para isso. É uma necessidade e um benefício para a criança. Essa conscientização, quebra de resistência, é um dos objetivos da campanha”.