A categoria relata enfraquecimento da greve e não poupou críticas a filas quilométricas em busca de combustíveis
CARATINGA/INHAPIM- Os caminhoneiros que estão concentrados em dois pontos da BR-116, próximo ao Posto Itaúna, no Bairro das Graças em Caratinga e no KM 494, em Inhapim, próximo ao Posto Faisão, seguiam com o movimento ao longo do dia de ontem, mas já temiam os novos rumos da greve, inclusive o seu enfraquecimento.
Em Inhapim, pela manhã, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanhava a situação e conversou com os caminhoneiros, questionando aqueles que desejavam permanecer no local ou seguir viagem. Conforme apurado pelo DIÁRIO, até 10h quatro deles já haviam deixado o ponto de concentração.
Somado a isso, a chegada de combustíveis em Caratinga, que provocou filas enormes nos postos e a retomada da circulação de veículos pesados pela via, desanimou boa parte dos manifestantes. A Reportagem flagrou o momento em que alguns lamentavam e até mesmo retiravam faixas de protesto que estavam afixadas há dias em seus veículos estacionados. Muitos preferiram não gravar entrevista, mas não esconderam o descontentamento.
Clodoaldo José Gomes, caminhoneiro de Caratinga, falou em nome dos colegas. Ele está parado desde a segunda-feira (21) em Inhapim, quando começou a manifestação naquela localidade. “Não conseguimos nada. A força que faz a união e até hoje todos estavam unidos, com intuito de melhoria para todos. Mas, a greve começou a fraquejar, a Polícia Rodoviária Federal já chegou para falar que quem quiser ir embora pode ir, até então ninguém tinha combinado de sair da greve, têm pessoas aqui do Sul, do Norte, que estão firmes com a gente desde o início também. Infelizmente a população veio a correr atrás de petróleo no centro da cidade e os próprios caminhoneiros começaram a ficar fracos. Já têm dias que estão parados, com pouco apoio da população e acho que dessa vez perdemos para o governo, o que vai ser ruim para todos”.
Mesmo alguns caminhoneiros tendo deixado o movimento, ele afirma que a intenção é dar continuidade à greve. “Até então não tinha saído nenhum. Estamos firmes e vamos continuar até quando puder, apesar que estou sentindo que está começando a fraquejar, mas não estamos querendo arredar o pé”.
Para o caminhoneiro, a proposta apresentada pelo Governo Federal não é capaz de satisfazer as necessidades da categoria. “Não atende porque estou vendo que ainda estamos na mão deles. O governo quer que o petróleo caia 0,46 centavos por 60 dias e com certeza de 60 dias vai subir os 0,46 centavos de volta. Vamos ficar à mercê na mão deles até o final do ano”.
Clodoaldo ainda não poupou críticas à população que tem lotado os postos de combustíveis em busca de abastecimento. “Até então a população passou aqui, apoiando a gente, aplaudindo, trazendo alimentos, dando toda a atenção, mas quando começamos a ver a população correndo atrás de gasolina de R$ 5. Caratinga mesmo na segunda-feira (28) fizeram protesto no centro da cidade gritando ‘Fora Temer’, cantaram Hino Nacional, no outro dia chegou gasolina, fila e mais fila para comprar desse preço. Então, estamos vendo que a população não está nem aí para preço de petróleo. Vão sofrer na mão do governo, infelizmente”.
No Bairro das Graças, em Caratinga, outro grupo de caminhoneiros seguia parado. Eles também já receberam a PRF e confirmaram que todos desejavam permanecer com a greve. Eles fizeram questão de destacar que estão no local de maneira pacífica e que o movimento não têm ligação com pessoas que bloquearam a rodovia e atearam fogo em pneus por volta de 12h de ontem. “Ninguém foi embora, estamos firmes aqui. Esse fogo não fomos nós que colocamos, foi pessoal da rua”, disseram caminhoneiros, que afirmaram ter retirados os pneus e liberado a pista. Com mangueiras, bombeiros militares concluíram o serviço.
Um caminhoneiro também criticou aqueles que estão em busca de combustíveis. “O povo que estava ajudando já abriu as mãos. Eles têm que pagar é R$ 20 no litro de gasolina. Pode colocar lá 50 conto que eles vão. Tem é que pagar caro mesmo e abaixar o óleo. Pretendemos ficar até eles (governo) resolverem o problema com a gente. Estamos organizados que não pode é ter muvuca. Estamos aqui numa boa, graças a Deus, sossegados”.
No final da tarde de ontem, uma grande manifestação ocorreu em Inhapim em favor dos caminhoneiros. Populares percorreram as principais ruas da cidade numa clara demonstração de apoio a greve. Para os manifestantes, a greve teria que continuar, pois os caminhoneiros estão reivindicando algo que é de interesse coletivo.