Eles destacam transtornos envolvendo preço do diesel, frete e infraestrutura de estradas, mas, não acreditam em viabilidade de greve
CARATINGA- Há a possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros para esta segunda-feira (1°). No entanto, os trabalhadores autônomos e empregados em transporte rodoviário de cargas ainda estão divididos em relação à adesão ao movimento.
Um ofício já teria sido enviado ao governo federal pelo Conselho Nacional de Transportes Rodoviários de Cargas (CNTRC) confirmando a paralisação, caso as reivindicações da categoria não sejam atendidas. O grupo sindical afirma ter 40 mil filiados em 22 estados brasileiros.
Entre as demandas dos caminhoneiros, estão uma aposentadoria especial para o setor, piso mínimo estabelecido para frete e fiscalização mais atuante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O DIÁRIO ouviu dois motoristas a respeito de suas reivindicações. Ambos não acreditam na viabilidade da realização de uma nova greve.
Rodrigo Araújo atua na área há mais de 10 anos e viaja por todo o País. Ele é enfático ao afirmar que não pretende aderir ao movimento. “Acho que o momento não é propício por causa da pandemia. Uma coisa não pode misturar muito com a outra no meu modo de pensar. Mas, em relação com os preços do óleo diesel, com certeza está subindo, elevando demais. Como não temos muito acesso às transportadoras a gente tem que ficar lutando. Não só o óleo diesel como outras coisas também estão elevando o preço, como óleo motor para o caminhão, quem mexe todo dia sabe, as peças; às vezes pode acontecer a greve devido a esses outros problemas”.
Ele ainda faz um balanço a respeito do último movimento e acredita que mudanças ainda devem ocorrer. “A outra greve que teve, ganhamos algumas porcentagens nessa questão, mas, ainda fica sempre devendo. Falta respeito com os motoristas, estrutura nas estradas, banheiros. Necessário para melhorar até a saúde da gente”.
Silvio Arthur é caminhoneiro há 15 anos. A reportagem conversou com ele, enquanto fazia uma parada na cidade com destino ao Rio Grande do Sul, destacando a pauta de reivindicações. “É mais por causa do Diesel, que é o agravante do preço de todos materiais, de comida, de tudo que o brasileiro consome. E só está aumentando cada vez mais, acaba prejudicando todo mundo, ninguém escapa”.
Além destas questões, a valorização dos profissionais também é necessária, como enfatiza Silvio. “Os caminhoneiros deviam ser mais bem vistos pela sociedade e valorizados. O caminhoneiro transporta tudo, desde roupa a comida, utensílios, o que tu vai construir vai precisar do caminhão, o que tu vai comer, o que tu vai vestir, até o diploma dos grandes empresários vem através de caminhão, impressão, tinta, tudo”.
A infraestrutura e condições de trafegabilidade são outro desafio para quem vive o dia a dia nas estradas. “Na pista, além de ser ruim e cheia de buraco, a Rio-Bahia mesmo em si está muito ruim. Você paga pedágio e no fim do pedágio só tem buraco, ondulação, trepidação, devia ser lisa que nem um tapete, um vidro, perfeita. E é caríssimo ainda por cima. Parece que é só um desvio de dinheiro, um ralo, que paga, paga e não vê resultado”.
A respeito da possibilidade de greve, o caminhoneiro também não acredita que seja o momento. “Sinceramente, tem muitos grupos na parte política, malandros aproveitadores com projeção para se candidatar presidente, como andei observando a intenção secundária com essa paralisação; acho que será inviável. Mas, o principal é o preço do Diesel que move todo esse país”.