MANHUAÇU – Pequenas produtoras e pequenos e médios empreendimentos liderados por mulheres na cadeia de café das Matas de Minas se reuniram em 24 de março para uma oficina sobre como tornar a cadeia de valor de café mais sustentável e livre de desmatamento no Brasil. O encontro aconteceu no Auditório SICOOB Credilivre, em Manhuaçu, e também abordou a adequação ao novo Regulamento Europeu de Produtos Livre de Desmatamento (EUDR).
O encontro foi promovido pelo projeto Arabica-Canephora, liderado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVces) em parceria com o Collaborating Centre on Sustainable Consumption and Production (CSCP) e a International Women’s Coffee Alliance (IWCA Brasil). A iniciativa é cofinanciada pelo programa AL-INVEST Verde da União Europeia.
“Estamos muito felizes com a chegada do 1º ciclo de oficinas de boas práticas do projeto Arabica-Canephora. Entre janeiro e fevereiro, fizemos um diagnóstico com as cafeicultoras participantes para compreender desafios e necessidades relacionados a práticas de sustentabilidade e aos requisitos da EUDR. Agora, com as oficinas de boas práticas que se iniciaram em março, estamos tendo a oportunidade de discutir esses desafios, bem como experiências e boas práticas para endereçá-los, contribuindo para que a cadeia do café seja mais sustentável e alinhada às exigências do EUDR”, afirma Beatriz Morganti Brandão, pesquisadora e gestora do projeto pelo FGVces.
Em homenagem ao mês da mulher, a oficina nas Matas de Minas também discutiu a temática de Direitos Humanos e Gênero, contando com exposições e dinâmicas em grupo.
Oportunidades de negócios para cafeicultoras da região
A região de Matas de Minas, Rio Doce e Central representa aproximadamente 23% da produção cafeeira de Minas Gerais (Governo de Minas Gerais, 2020).
Entre as produtoras do Cerrado Mineiro participantes do projeto, 100% cultivam café com base na agricultura familiar, e 14% exportam para a União Europeia (UE), reforçando a necessidade de desenvolver uma cadeia de valor do café mais sustentável e livre de desmatamento no Brasil, além de ampliar as oportunidades de mercado para cafés produzidos por mulheres.
“O CSCP tem o prazer de apoiar e acompanhar a série de workshops de boas práticas de produção de café no âmbito do projeto Arabica-Canephora. Estamos confiantes de que, por meio desses workshops, poderemos, em conjunto, não apenas identificar as práticas que tornarão a cadeia de valor do café mais sustentável, mas também fortalecer o papel das mulheres em toda a cadeia de valor do café”, afirma Adriana Ballon, gestora do projeto pelo CSCP.
Mariselma Sabbag, presidente da IWCA Brasil, também acredita que as atividades permitirão às mulheres compreender em detalhes o regulamento europeu e suas possibilidades de adequação. “A IWCA Brasil se sente comprometida com as questões de sustentabilidade e concretiza seu compromisso através deste projeto. Com o início das oficinas presenciais, sentimos que estamos cumprindo nossa missão. As mulheres terão a oportunidade de esclarecer dúvidas, obter orientações e compreender o quanto já estão alinhadas para atender à EUDR. Além disso, poderão ressignificar aprendizados e colocá-los em prática de forma eficaz”, afirma.
A oficina das Matas de Minas é a primeira de um ciclo formativo que será realizado ao longo de 2025, em 5 regiões-chave do projeto. Neste ciclo que acontece entre março e abril, a equipe de pesquisa e formação do projeto também passou ou vai passar por Araguari/MG, Três Pontas/MG, Ibicoara/BA e Rolim Moura/RO.
Sobre o projeto Arabica-Canephora
Iniciado em 2024, o objetivo do projeto é promover sustentabilidade, equidade e transparência na cadeia de valor brasileira do café, incentivando a adoção de melhores práticas, ferramentas digitais e tecnologias inovadoras para que pequenas produtoras e pequenas e médias empresas (PMEs) lideradas por mulheres e jovens possam atender às exigências do EUDR.
Previsto para vigorar a partir de 30 junho 2026 para micro e pequenas empresas, o objetivo do Regulamento é proibir a importação e o comércio, no bloco europeu, de produtos derivados de commodities (gado, soja, palma de dendê, café, cacau, madeira e borracha) provenientes de áreas de floresta desmatadas. Como a União Europeia é o principal destino das exportações brasileiras de café, a conformidade ao EUDR se torna chave para produtores, processadores e comercializadores do produto.