Moradores das Casas Populares de Sapucaia relatam novamente transtornos com a falta de abastecimento
CARATINGA– Não é a primeira vez que os moradores das Casas Populares de Sapucaia, distrito de Caratinga, procuram o DIÁRIO para relatar problemas de falta d’água. O poço profundo C-01 é o responsável pelo abastecimento da comunidade, que há anos busca a construção de um segundo poço artesiano.
A reportagem esteve no local novamente ontem. Moradores relataram que há três meses os transtornos se intensificaram. Maria de Lourdes, mora há 4 anos no local e relata que um caminhão abastece o poço não vem com frequência. “De dois em dois dias. Quando vem, coloca água uma vez só por dia para sustentar essas casas todinhas. E tem casa que enche a caixa e a outra fica pela metade. Você escolhe: ou toma banho, ou lava uma vasilha. Se fizer as duas coisas, vai ficar sem água. Eu queria que a Copasa tomasse uma providência, olhasse pra gente. Meu talão chegou R$ 57 e nada de água. Área tem para fazer um poço e providência nenhuma toma pra gente”.
E quem já mora há mais tempo na localidade reitera os problemas enfrentados. É o caso de Maria Ângela, que reside em Sapucaia há 10 anos. “Problema bem antigo, já vai para cinco anos. O pior que eles não falam a verdade com a gente, só que a bomba estragou, o poço secou, mas não vem com um objetivo para falar o que está acontecendo com essa agua. Ficamos com a casa suja, roupa suja; estou cuidando da minha mãe, ontem (domingo) foi preciso dar banho nela só da cintura para baixo, porque não tem água”.
Maria Ângela enfatiza que os moradores estão cansados de paliativos e querem uma resposta definitiva. “Eu relatei para eles que lá em cima tem um poço, porque não colocam uma caixa lá para distribuir água para nós? Disseram que a Copasa não tem dinheiro para fazer. Vamos ficar sem água? A conta vem, já está lá para eu pagar. Peço, encarecidamente, que o povo da Copasa ajude nós, vem declarar sem tem água nesse lugar ou se não tem. O que está acontecendo? Já estamos cansados de viver sem água”.
Maria Miranda também relata os transtornos enfrentados e questiona os valores da fatura. “Eles trazem o caminhão com água, a água desce toda para a praça. Enquanto nós aqui ficamos sem água, pessoal está lavando carro lá na praça. A conta vem cara e estamos pagando ar. A minha, só eu e o menino dentro de casa, veio R$ 84 e água quase não tem. Somos muitos moradores, muitas crianças em casa. Não trazem água com frequência, dia de domingo mesmo não traz. Queremos que ou a Copasa arruma o poço para nós ou dá um jeito de trazer a água com mais frequência, todos os dias, porque como vamos ficar sem água aqui nesse calor?”.
“TEM QUE ECONOMIZAR AO MÁXIMO”
Flaviana Ferreira da Silva é filha de Geraldo, que está acamado. Todos os dias ela precisa buscar meios de conseguir água para manter os cuidados com o pai e as necessidades da família. “A situação está bem difícil, ele usa fralda, depende de lavar roupa de cama, dar banho todos os dias e não tem condições. O tanque fica cheio de lençóis para lavar, não tem como lavar. Quando coloca água aqui é um caminhão só, não dá para abastecer a minha caixa, tenho que pegar água lá na minha mãe, quando cai lá também. Meu pai em cima da cama, um calor desse, mas, ás vezes não tem jeito, tenho que passar só um pano mesmo. Ele está com 66 anos, deu AVC, tem problema de coração, pressão alta, sem poder tomar um banho”.
Ela relata que é preciso contar com a solidariedade de outras pessoas para abastecer a casa. “O pouco que conseguimos é que cai na casa de um vizinho, a gente pega um pouquinho e traz, mas, tem que economizar ao máximo para ter água. Teve abastecimento no sábado de manhã, um caminhão só, para mim mesmo não caiu nada. Estou pegando água na minha mãe e minha sogra para fazer comida dentro de casa. Senão trazer água todos os dias, dura um dia só, porque não enche a caixa. Tenho quatro crianças, então é difícil”.
COPASA
A reportagem solicitou à Copasa uma nota de resposta a respeito desta situação. A resposta foi a seguinte:
“A Copasa informa que neste fim de semana o caminhão-pipa que fazia a complementação do abastecimento do distrito de Sapucaia, em Caratinga, apresentou defeitos e precisou ser substituído, comprometendo, assim, o abastecimento na localidade.
A Companhia esclarece que nesta segunda-feira (18/01), um novo caminhão iniciou o fornecimento de água no local e, até amanhã (19/01), o abastecimento na região estará normalizado.
A Copasa ressalta que está licitando os serviços para a operação de um novo poço em Sapucaia, resolvendo de vez a questão de intermitência na localidade”.