Muito antes que existisse um país chamado Brasil, uma árvore com esse nome crescia em abundância ao longo da costa nordeste da América do Sul. Exploradores portugueses, desviados da sua rota a caminho da Ásia, atracaram ali em 22 de abril de 1500, imediatamente viram nas árvores chamadas de pau-brasil. Aos olhos dos portugueses, os recursos do Brasil pareciam ilimitados. Alguém escreveu em 1500: “Se existe um paraíso na Terra, eu diria que fica no Brasil”. Madeira, pedras e metais preciosos, a gêneros alimentícios como açúcar, café e soja. Hoje, com suas recém-descobertas reservas de petróleo e gás natural, o Brasil pode estar prestes a obter extraordinária riqueza explorando seus combustíveis fósseis. Cresceu uma crença nos brasileiros de ser um povo ao mesmo tempo otimista e às vezes imprudente. Na linha do tempo, o movimento militar deflagrado em 31 de março de 1964, que derrubou o presidente João Goulart, tinha o compromisso declarado de manter as eleições presidenciais do ano seguinte. Não cumpriu. Em um golpe dentro do golpe, o poder foi arrebatado por uma Junta Militar, que impediu a posse do Vice-Presidente Pedro Aleixo e outorgou a Constituição de 1969. Tortura generalizada de presos políticos brasileiros imprimiu na história brasileira uma mancha moral indelével e perene. Veio a abertura política, lenta e gradual. O regime militar chegou ao fim e teve início a Nova República, com a volta à primazia do poder civil. José Sarney, que fora um dos próceres do regime que se encerrava – mas que ajudou a sepultar ao aderir a oposição- com a morte de Tancredo Neves, tornou-se o primeiro Presidente civil desde 1964. Assembleia Constituinte, com Ulysses Guimarães, Comissão Arinos, veio a aprovação, sobre um clima de moderada euforia, a Constituição do Brasil. A Constituição de 1988 foi o rito de passagem para a maturidade institucional brasileira. Nos últimos anos, superamos todos os ciclos do atraso: eleições periódicas, Presidentes cumprindo seus mandatos ou sendo substituídos na forma constitucionalmente prevista, Congresso Nacional em funcionamento sem interrupções, Judiciário atuante e Forças Armadas fora da política. Só quem não soube a sombra não reconhece a luz. Collor Presidente e retirado do governo, por processo de impedimento.
Brasil em alta. 21 de abriu de 1993, realizou-se o plebiscito sobre a forma e o sistema de governo. Venceu a República. Fevereiro de 1994, Plano Real. Com FHC, finalmente chegou ao poder a geração que fora perseguida pelo regime militar. Programa de desestabilização. Agências reguladoras. Lei de Responsabilidade Fiscal. Venda de bancos públicos estaduais. Reforma da Previdência. Reforma Administrativa. Crises econômicas e com graves problemas no abastecimento de energia elétrica. Lula inicia seu governo em 1º de janeiro de 2003, sob o forte simbolismo do trabalhador de origem humilde alçado ao topo. Reforma do Judiciário. Criação do Conselho Nacional de Justiça. Bolsa Família, escola. Mensalão domina a cena no Brasil. Dilma, sucessora de Lula. Petrolão domina a cena, com a conhecida de todas, operação Lava-Jato. Corrupção é o cardápio do dia. A imprensa tem notícias todos os dias. Ninguém hoje sabe o nome de um comandante militar, sabe? Mas sabe que são os protagonistas do petróleo ! Crise econômica, famílias endividadas, juros em alta, desemprego, cenário não muito favorável ao crescimento do PIB.
A velha inflação entrando em ação! Volta aos protestos de rua! Executivo, Legislativo e Judiciário em rota de choque. Ausência de liderança! Brasil em alta ou em baixa. “Mas a vida é essa e apesar de tudo”, “E agora José? “, são as músicas para se lembrar . O Brasil já passou por várias crises, portanto, planos fracassados, Sistema Financeiro de Habitação, inflação alta, quase 1000% ou mais, pobreza, exclusão, etc. É o Brasil ao mesmo tempo otimista e imprudente, e no momento estamos vivendo momento de pessimismo já apontado por muitos. Mas, na realidade o Brasil está em alta. Quem vai vencer e ultrapassar a crise, é o trabalhador de todo dia, a dona de casa, os camelôs, os trabalhadores diaristas, autônomos, liberais, o empresário, o empreendedor, enfim, os que acreditam que o Brasil está em alta.
Ildecir A. Lessa
Advogado