7 de janeiro de 2015
Feliz 2015 para todos, são os profundos desejos deste vosso amigo Português.
Depois de umas férias nas publicações do meu artigo, estou de volta num dia marcado por mais um odioso atentado, desta vez em Paris. Desta vez o atentado teve como alvo a jornal/revista Charlie Hebdo. Morreram 12 pessoas que trabalhavam num país onde a imprensa é livre e tem opinião própria. Parece que o atentado foi executado por dois ou três mulçumanos, que na hora de abandonarem o local do crime gritavam palavras de ordem mulçumana. Quatro das vitimas eram cartunistas de lápis afiado, conhecidos por seus cartuns polêmicos em que não escolhiam credo ou raça, mas criticavam e alertavam através dos seus traços.
Passemos um breve comentário sobre cada um dos 4 cartunistas .
Stéphane Charbonnier – Conhecido como Charb, era o diretor do Charlie Hebdo e tinha 43 anos. Numa entrevista dada há dois anos e agora recuperada pelo jornal Le Monde, Charb dizia que considerava a sua caneta como uma arma e era contundente: “Pode ser um pouco pomposo o que eu digo, mas prefiro morrer de pé do que viver de joelhos”.
Charb fez carreira nas publicações L’Echo des Savanes, Télérama, Fluide Glacial e L’Humanité, antes de ingressar no Charlie Hebdo.
Esta semana tinha publicado no Charlie Hebdo um cartum altamente premonitório:
Tradução: “Ainda não existem ataques na França. Aguarde. Tem até o final de janeiro para apresentar os seus desejos”.
John Cabut, ou Cabu – Caricaturou políticos e homens de negócios. Ninguém escapava ao seu lápis satírico. O trabalho de Cabu começou a ganhar notoriedade ainda na década de 1960.
De acordo com o Le Monde, Cabu completaria 77 anos. Jean Cabut publicou as primeiras ilustrações quando tinha apenas 16 anos, depois de estudar arte em Paris, na École Estienne.
Um dos personagens mais icónicos de Cabu foi ‘Mon Beauf’, um herói cômico, com um comportamento altamente irritante, que apaixonou os franceses.
Cabu trabalhou em alguns dos mais populares e conceituados jornais franceses. Ici Paris, Le Figaro, Le Nouvel Observateur e Le Monde são apenas alguns exemplos.
Trabalhou também em televisão, ilustrou diversas capas de discos e escreveu livros.
Era o pai do cantor e ilustrador Mano Solo, que morreu em 2010, aos 46 anos, em resultado de vários aneurismas.
Georges Wolinski – Ele tinha 80 anos. Nasceu no seio de uma família judaica e emigrou com a família para França em 1946. Estudou arte e começou a carreira na revista satírica Hara-Kiri.
Nunca abandonou as raízes judaicas e, em 1965, ilustrou o livro ‘Comment devenir une mère juive en dix leçons’ (Como tornar-se uma mãe judia em 10 lições).
Em 2007, Wolinski colaborou com o advogado francês argelino nascido Pierre-Philippe Barkats no livro ‘Obrigado, Hanukkah Harry’, em que o herói enfrenta as alterações climáticas e outras crises ecológicas.
No perfil que o jornal Le Monde lhe dedica esta quarta-feira (7), recorda uma resposta dada por Georges Wolinski quando questionado sobre a própria morte: “Quero ser cremado. Disse para minha esposa, ‘jogue as minhas cinzas no sanitário. Assim, eu posso ver o teu rabo todos os dias’”.
Bernard Verlhac – Nascido em 1957, em Paris, conhecido como Tignous, era colaborador regular de publicações como Charlie Hebdo, Marianne, Fluide Glacial, L’Express e Télérama.
Em 2008, apresentou-se no palco do Festival de Cannes, com ‘C’est dur d’être aimé par des cons’ (É difícil ser amado por idiotas), acompanhado Wolinski, Cabu e Cavanna. O documentário de Daniel Leconte retratava as ameaças de morte de que tinham sido alvo.
Bernard Maris – O cronista escrevia sob o pseudônimo Oncle Bernard. Economista de formação, colaborava com diversos órgãos de informação, incluindo a France Inter e a i-Télé.
Em 2002, foi candidato às eleições legislativa pelo partido Os Verdes.
Num país em que 10% da população é mulçumana, é preocupante haver atentados destes que poderão voltar a criar uma onda de xenofobia. Para quem conhece os arredores de Paris, onde existe uma grande concentração de mulçumanos em que uma percentagem relativa deles não aceita os costumes europeus. Exemplo: são capazes de queimar e vandalizar qualquer sinal como o da comemoração do Natal.
Não tenho absolutamente nada contra a religião mulçumana, trabalhei ao longo da minha vida com muitos banglas, muitos paquistaneses, no entanto na minha opinião uma parte considerável deles não vê com bons olhos os ocidentais e mais preocupante do que isso é que eles hoje são um percentual importante não só na França, como na Inglaterra e na Alemanha .
Acredito só com uma verdadeira reeducação por parte dos países ocidentais teremos o caminho livre destes ataques bárbaros que manchão cada vez mais os nossos dias.
João Abreu é natural de Angola, mas tem nacionalidade portuguesa. Ele reside em Caratinga e é empresário com formação em Marketing.
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