- Por Rafael Gripp, Cientista Político pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF)
A conjuntura política brasileira atravessa um dos momentos mais conturbados desde a redemocratização. O governo Lula enfrenta níveis alarmantes de reprovação popular, mas não pelo desgaste tradicional de uma economia em colapso ou por uma inflação desenfreada. O descontentamento transcende os indicadores econômicos e encontra suas raízes em um ambiente de censura, perseguição política e ativismo judicial descontrolado. A população assiste, perplexa, à instrumentalização do Supremo Tribunal Federal (STF) e do sistema judiciário para criminalizar adversários políticos, consolidando um cenário que cada vez mais se assemelha a um regime de exceção.
A Ditadura do Judiciário e a Caça à Oposição
O Supremo Tribunal Federal, que deveria ser o guardião da Constituição, hoje age como um agente político, reinterpretando leis e criando precedentes que atentam contra garantias fundamentais. O caso mais emblemático dessa escalada autoritária é a tentativa de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de diversas lideranças conservadoras com base em suposições e narrativas infundadas.
A recente denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e aliados é um claro exemplo do uso do aparato estatal para eliminar a oposição. Acusações baseadas em um golpe que nunca ocorreu, sequer foi tentado, mas que são utilizadas para justificar medidas repressivas e deslegitimar qualquer dissidência ao governo atual. A transição entre Bolsonaro e Lula ocorreu de forma pacífica e dentro dos marcos democráticos, sendo o próprio ex-presidente responsável por nomear antecipadamente os chefes das Forças Armadas indicados pelo novo governo. Apesar disso, a narrativa de uma “ameaça golpista” continua sendo utilizada para calar a direita e ampliar o poder de um Judiciário cada vez mais politizado.
A Mobilização Popular: O Brasil Vai para as Ruas
Diante desse cenário de desmandos, cresce a mobilização popular contra os abusos do governo Lula e do STF. No dia 16 de março, está marcada uma manifestação de grande envergadura, refletindo a insatisfação crescente da população com a atual conjuntura política, econômica e jurídica. O evento deve reunir milhares de brasileiros que exigem o fim da perseguição política, a liberdade de expressão e a retomada da segurança jurídica no país.
Os principais eixos da manifestação incluem:
Anistia aos presos políticos do 8 de janeiro: Centenas de cidadãos seguem detidos injustamente, muitos sem direito à ampla defesa, sem individualização de conduta e condenados a penas desproporcionais, superiores àquelas aplicadas para crimes hediondos como homicídios.
Impeachment de Lula: O governo atual já enfrenta suspeitas graves, como a notificação de irregularidades orçamentárias no programa “Pé-de-Meia”, que pode configurar uma nova forma de “pedalada fiscal”, prática que resultou na queda de Dilma Rousseff.
Fim dos abusos do STF: A corte tem sistematicamente ultrapassado seus limites constitucionais, interferindo em prerrogativas do Legislativo e do Executivo, criando um clima de insegurança jurídica e impedindo a livre expressão da cidadania.
O Brasil em um Cruzamento Decisivo
O momento atual exige atenção e engajamento. O país se encontra diante de uma encruzilhada em que a democracia e o Estado de Direito estão sob ameaça. A crescente repressão política, o silenciamento de oposição e o ativismo judicial desenfreado apontam para uma erosão dos princípios democráticos fundamentais.
A resposta da população será crucial para definir os rumos da nação. O Brasil precisa decidir se aceitará passivamente essa guinada autoritária ou se reagirá, nas ruas e no debate público, para defender a liberdade, a justiça e o direito à dissidência política.
A manifestação do dia 16 de março será um termômetro desse descontentamento e um recado claro de que a população brasileira não aceitará calada os abusos de um governo que tenta calar seus adversários e subverter a própria democracia em nome de um projeto de poder.
*Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados. Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DE CARATINGA