Como cantaria os Titãs, “bichos escrotos saiam dos esgotos. Bichos escrotos venham enfeitar meu lar, meu jantar, meu nobre paladar”. Definitivamente, somos vistos como ratos ao malicioso olhar governamental.
Assim como os afrodescendentes eram considerados “bestas para o trabalho”, no período colonial, hoje somos as “bestas” provedoras dos luxos exacerbados daqueles que sugam todo o nosso ganho, a fim de enaltecer seus exímios gostos.
Essa aristocracia pós-moderna, desprovida do conhecimento necessário para governar, acumula a riqueza nacional em suas mãos, tirando de seus verdadeiros ourives o mérito de moldar a matéria prima nativa e retiram o ganho econômico do pobre proletariado.
Independente do meio, os governantes nos massacram; corroem, destroem e nos entopem de horas de labuta para servir seus pratos das melhores especiarias da culinária internacional, para embelezar a suas paredes com os quadros de artistas renomados, para locomoverem-se com carros de milhões de reais, enquanto escomunal parte da população come angu, ou não se alimenta, ou não tem paredes para resguardá-los, ou não conseguem andar com seus pés em Chagas, pois não possuem chinelos para cobrir sua maltratada pele.
É inefável, não há expressão em nenhuma língua ou dialeto para exprimir tamanha falta de respeito, consideração, reconhecimento e piedade, sim, piedade, porque é vergonhosa a supressão da compaixão pelo próximo. Assim, como pregou Hobbes, “O homem é o lobo do próprio homem”, o governo federal é o lobo que esse embebeda com a vitalidade dos cordeiros, que nesse caso são os cidadãos.
Lara Batista Britto, formanda do 3° ano da Escola Professor Jairo Grossi/ caloura do curso de Direito.