Casos registrados em alguns estados acenderam o alerta em Minas Gerais. Campanha nacional será realizada em agosto para tentar reverter os baixos índices de cobertura
CARATINGA- O sarampo voltou a ser assunto bastante comentado pelo país, após os surtos registrados nos estados de Roraima e Amazonas. O perigo se aproxima com casos confirmados no estado do Rio de Janeiro. Minas Gerais, vinte e quatro Estados e o Distrito Federal não alcançaram, no ano passado, a meta de vacinação contra o sarampo.
O que é sarampo?
De acordo com informações do Ministério da Saúde, o sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmitida pela fala, tosse e espirro, e extremamente contagiosa, mas que pode ser prevenida pela vacina. Pode ser contraída por pessoas de qualquer idade. As complicações infecciosas contribuem para a gravidade da doença, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade. Em algumas partes do mundo, a doença é uma das principais causas de morbimortalidade entre crianças menores de cinco anos de idade.
O comportamento endêmico do sarampo varia, de um local para outro, e depende basicamente da relação entre o grau de imunidade e a suscetibilidade da população, além da circulação do vírus na área.
Os principais sinais são febre alta, acima de 38,5°C; dor de cabeça; manchas vermelhas, que surgem primeiro no rosto e atrás das orelhas, e, em seguida, se espalham pelo corpo; tosse; coriza; conjuntivite; e manchas brancas que aparecem na mucosa bucal conhecida como sinal de koplik, que antecede de um a dois dias antes do aparecimento das manchas vermelhas
Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo. Atualmente, o país enfrenta dois surtos de sarampo, em Roraima e Amazonas. Além disso, alguns casos isolados e relacionados à importação foram identificados em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rondônia e Rio de Janeiro.
CARATINGA
Em Caratinga, após as notícias do alerta para o sarampo no Brasil, foi registrado aumento na procura pela vacina. Para Bruno Albano, enfermeiro e responsável técnico pela imunização, a demanda intensa não é sinal positivo. “Agora que estamos tendo muita divulgação na mídia sobre casos de sarampo, que a demanda está aumentando. Mas, isso para nós enquanto equipe não é interessante, interessante seria que as pessoas não procurassem as unidades, por terem consciência de que já estão imunizadas e não precisam procurar mais. Quando vemos esse movimento de aumento da procura, aí que temos a certeza que as pessoas estão deixando pra lá a questão da imunização. É só quando aparece um caso de conhecido, vizinho ou mesmo através da mídia que muitos se sensibilizam para essas questões”.
Apesar dessa procura, a cobertura vacinal em Caratinga ainda é considerada baixa, como explica Bruno. “A cobertura vacinal para o sarampo, assim como as demais vacinas aqui no município está seguindo uma tendência nacional, que é a baixa. No Brasil já temos alguns casos confirmados, muitos casos em investigação, principalmente na região norte, mas a preocupação não é diferente para a gente aqui na região sudeste. Estamos falando de uma doença viral, que a probabilidade dela se propagar é muito grande”.
O enfermeiro ainda destaca que é importante chamar atenção não somente para o sarampo, mas para outras doenças que podem ser prevenidas através da vacinação. “Você que é mãe, pai, que tem criança ou também não só as crianças, mas os adultos também, procurar a unidade de vacinação. Aqui em Caratinga contamos com um número muito grande de salas, temos 22 salas em funcionamento, na área urbana e rural. É atualizar o cartão vacinal e manter guardado esse registro, que é muito importante, agora estamos começando a trabalhar com um sistema informatizado, mas ainda não é uma realidade 100% do município, estamos começando. Mas, o registro físico, o cartão de vacina que está com a pessoa é o instrumento que temos para saber se está vacinado, se precisa de dose adicional de alguma vacina em especial. Manter essa consciência de se vacinar em primeiro lugar e guardar o cartão”.
A Vacina Tríplice Viral protege o corpo contra três doenças virais, o Sarampo, Caxumba e Rubéola. No entanto, é necessário observar cada caso, de acordo com a faixa de idade. “No calendário vacinal hoje, para as pessoas que têm até 29 anos de idade, preconiza duas doses da vacina. Então se você tem uma criança ou é adulto até 29 anos de idade tem que ter duas doses de triviral registradas no cartão. Se chegar na unidade e não tiver nenhuma registrada, vai tomar uma dose hoje e é agendada a segunda para daqui 30 dias. Se você tem a primeira e não tem a segunda, vai ser feita mais uma. Mas, é preciso ir até a unidade para que os profissionais que lá estiverem leiam seu cartão de vacina e falem qual vai ser a conduta utilizada naquele momento”.
Para as pessoas que têm a partir de 30 anos de idade, o calendário preconiza somente uma dose, conforme explica Bruno. “Então se você se encaixa nessa faixa de idade e tem uma dose de triviral registrada no seu cartão, pode se considerar despreocupado, porque nesse momento você não precisa de mais nenhuma dose, está imunizado contra o sarampo e isso vale para várias outras vacinas. Temos vacinas que são dose única, duas doses, outras são três, isso vai depender da situação de cada um. É preciso ter consciência que você precisa olhar a questão da vacinação como individual, vai levar seu cartão até o profissional, que vai fazer a leitura e indicar o necessário”.
Na tentativa de reverter os baixos índices de cobertura, está prevista campanha nacional de vacinação para o mês de agosto. “Será a intensificação das ações contra a poliomielite e o sarampo. O público alvo provavelmente será as crianças até cinco anos de idade, mas, como estamos falando de sarampo, temos que pensar na população inteira. Se no mês de agosto você vai para alguma unidade levar uma criança, olhe sua situação também. Se não tem cartão, vá providenciar o início do esquema. Se já tem o cartão leva para fazer a leitura e guardar esse registro. Isso é muito importante”, finaliza.