DIÁRIO entrevista profissionais da área sobre importância de acompanhamento capacitado nos exercícios
CARATINGA- Na busca pelo corpo perfeito ou por questões de saúde muitas pessoas têm procurado atividades físicas, como musculação, crossfit ou corrida. O DIÁRIO DE CARATINGA traz uma reportagem especial sobre a importância da orientação de profissionais capacitados e formados para atingir o seu objetivo com segurança.
Para isso, a reportagem entrevistou os profissionais de Educação Física Lucas Alves da Silva, que ministra aulas ao ar livre; André Lima, da área de musculação e Amarildo César, que atua no treinamento funcional e crossfit.
ACADEMIA NA PRAÇA
Lucas Alves da Silva se profissionalizou em Educação Física com licenciatura em 2014 e bacharelado em 2015. Ele trabalha no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), atendendo ao grupo da terceira idade e com projeto na praça com atividades de treinamento funcional ao ar livre. “Meu trabalho se resume em atividades aeróbicas e também alguns exercícios de musculação. E é sempre importante acompanhar o aluno durante o exercício, para ver se está fazendo certinho e separar por grupos, considerando os iniciantes. Cada um no seu limite e no seu tempo”.
O jovem acrescenta que o conhecimento é fundamental para o acompanhamento com os alunos. “Passamos quatro, cinco anos estudando bastante para ministrar um treino de qualidade. Nesse trabalho oriento a questão da carga, do peso, quantidade, as repetições para colocar em prática. Não é simplesmente você abrir um vídeo na internet, ver uma pessoa fazendo um determinado exercício e tentar copiar. Daí podem vir as lesões, às vezes não prepara direito para um exercício, tem todo um trabalho o aluno tem que criar resistência para fazer determinados tipos de exercício e o professor vai saber qual o momento exato de aumentar a carga, de ver que aquele aluno pode um pouco mais”.
Conforme Lucas, o aluno precisa passar por estágios dentro da atividade física, até estar aptos a atividades mais avançadas. “Tenho um projeto que eu corro com essas alunas morro acima, falo que é o “sextou na subidinha”. Elas adoram, graças a Deus tenho um resultado muito bom com esse trabalho, mas, levo aquelas que estão comigo a mais tempo, se começar a fazer exercício hoje, no mínimo de três a seis meses para começar a fazer um serviço mais exaustivo, cansativo e intenso”.
Ele deixa uma dica: o aluno tem o direito de exigir que o profissional apresente sua carteira profissional. “Pagamos Conselho, que às vezes deixa falhar muito nessa questão. Mas, temos nossa carteirinha profissional sempre pronta para mostrar ao aluno que quiser ver e ele deve exigir isso. Você não vai ao médico se não souber que é formado e está regularizado. Todo profissional de Educação Física que está regularizado no município porta a carteirinha de identificação, você pode pedir para olhar e verificar direitinho”.
Darlene Isabel de Souza, 43 anos, participa do grupo de atividades ao ar livre. Ela destaca que decidiu iniciar porque precisava eliminar alguns quilos para uma cirurgia. “E continuei depois da cirurgia, que me trouxe inúmeros benefícios, voltei a fazer coisas que eu nem imaginava que eu pudesse fazer. Os benefícios são inúmeros, acabaram as dores no corpo e a energia é outra. Temos muita dificuldade de ficar dentro de uma academia, aqui fazemos exercício ao ar livre. É ótimo, maravilhoso”.
Ela destaca as vantagens de ter um profissional por perto. “Temos sempre a orientação para não ter nenhum problema físico, contusão, porque ele sempre está fazendo avaliações e sabe o que cada um precisa. E que o povo que está em casa venha para a praça”.
Primejaneri Assis Gomes Alves, 64 anos, que antes fazia caminhada, decidiu se arriscar em uma nova modalidade. “A partir do momento que senti a necessidade de perder peso, comecei a fazer as aulas com o Lucas. É uma interação com as pessoas, um ciclo de amizade com a turma e os exercícios são bons para a saúde. Sempre fiz caminhada, corridas e hoje me sinto mais segura fazendo um exercício físico. Se você não fizer o exercício correto, pode danificar sua coluna, então tem que ter um acompanhamento”.
MUSCULAÇÃO
Muitas pessoas procuram as academias de musculação em busca de cuidar do corpo. André Lima, profissional de Educação Física, formado na área desde 2015, explica que antes de entrar em ação, se faz necessária uma avaliação física. “Vemos que o aluno muitas vezes não passa por uma avaliação física prévia para que possa ser trabalhado o desejo que ele tem, lembrando que, além do desejo, temos uma necessidade a ser trabalhada antes e por isso devemos avaliar o corpo como um todo, para que se tenha segurança ao trabalhar”.
Com o crescimento na área da atividade física é preciso tomar os devidos cuidados. “Pesquisar os profissionais capacitados e formados para que possamos ter mais qualidade de vida, mais saúde e, assim, desenvolver nosso físico como um todo. Indico antes avaliar a academia, o profissional, conhecer a fundo, pegar boas referências, antes de entrar em qualquer modalidade”.
Dentro da avaliação, André explica que há o planejamento para um indivíduo iniciante, intermediário e avançado. Etapas que precisam ser seguidas para evolução do treino. “A partir daí, serão feitas adaptações para que ela possa continuar seguindo o trabalho de forma segura e eficaz. Temos fases, chamamos isso dentro do planejamento de mesociclos, então, o aluno tem que passar por essas fases para que possa evoluir e ter sucesso. Lembrando que os professores têm que ser capacitados para fazer a devida correção e não haja nenhum tipo de lesão, pois, o aluno está entrando para se sentir melhor e desenvolver seu físico de forma segura. Se você sente algum desconforto, deve ser feito as devidas correções”.
Saiba como identificar o profissional habilitado em Educação Física
Se já há o interesse em realizar uma atividade física é preciso entender que o primeiro fator não deve ser financeiro, mas, segurança e saúde. Amarildo César, profissional de Educação Física e professor no Centro Universitário de Caratinga explica de que forma é possível identificar o profissional habilitado em Educação Física. Dentre as atuações de Amarildo, treinamento funcional e crossfit.
Como você tem observado o crescimento das modalidades físicas?
Temos observado que com o crescimento e a própria expansão da Educação Física, a procura por profissionais, por personal, vem crescendo de um certo modo, mas, é claro, têm muitas pessoas que ainda estão sedentárias e precisam de um tipo de atividade física e orientação. Nossa função como profissional de Educação Física é conduzir essas pessoas, ajudá-las a encontrar qual atividade de sua preferência, aquela modalidade que seja mais completa, consiga atender diversos pilares da saúde, para que consiga o seu desenvolvimento. Nesse sentido, a importância de um personal trainer para conduzir um projeto, porque às vezes o próprio consumidor do serviço imagina que uma boa aula apenas, então, vai trazer o seu benefício, quando na realidade essa aula é só um fragmento de todo um projeto que o personal tem que fazer para a vida de uma pessoa. O próprio consumidor do exercício, o cliente, a pessoa que procura um personal, por causa de algum objetivo, seja emagrecer, aumentar massa muscular, fazer algum tratamento terapêutico na saúde; o personal tem que mostrar para essa pessoa que existe um projeto, um caminho que precisa ser seguido.
E o que implica para o aluno quando ele é atendido por alguém que se passa por profissional, mas não tem formação?
Quando essa pessoa que se passa por um pseudoprofissional, que não é formado em Educação Física, muitas vezes o próprio cliente ou aluno não pergunta isso para ele, porque já viu ele treinando na academia e acha que só pelo fato de ser uma pessoa que treina tem condições de planejar um treino e não é assim. Porque durante a grade da Educação Física temos no mínimo oito períodos que se estuda o corpo humano, a interferência do exercício físico no corpo da pessoa, aspectos fisiológicos, anatomia, treinamento esportivo para que a gente consiga sincronizar isso tudo e elaborar o melhor projeto para o aluno. Muitas vezes o aluno começa a procurar um preço, mas, esquece que por trás dessa execução de exercícios existe todo um planejamento, que é muito sério e se não for conduzido de maneira perfeita, esse aluno vai se lesionar. E às vezes se lesiona não é porque sofreu um acidente na academia, caiu um peso no pé, tropeçou, mas, porque está treinando tanto e não descansa. E se não descansa pode ter lesão por esforço repetitivo, uma das coisas que talvez o cliente não sabe, que o descanso é muito importante.
Quais são algumas partes deste planejamento que são fundamentais para o projeto do aluno?
Organizar a sessão de treino de maneira mais assertiva é exatamente conseguir galgar esse caminho de maneira segura, para que ele tenha os melhores resultados. E é lógico, o processo de avaliação inicial, reavaliação temporária, para saber se aquele projeto está engajado, isso tem que ser feito com muita seriedade. Mesmo que seja de maneira direta, com dados específicos ou através de uma avaliação clínica durante o treino. Só consigo aumentar a intensidade da carga, a partir do momento que ele me dá segurança para isso. Muitas vezes quer treinar todo dia, ao extremo e esse extremo todo dia não vai ser tão interessante. Às vezes o aluno não percebe que numa semana ele tem que treinar muito forte e na outra mais leve, para que o corpo regenere daquilo que ele sofreu na outra semana. O lucro disso é levar o corpo para um novo estágio, evolutivo. Ele percebe isso na hora que consegue uma consistência numa carga maior, correr uma distância ou velocidade maior. O aluno precisa saber que ele precisa contratar um profissional sério, alguém que tenha graduação, especialidade dentro da área de atuação e que no momento da contratação do serviço aquilo esteja bem claro de ambas as partes: o projeto e o que essa pessoa espera desse profissional.
Às vezes o próprio aluno acaba se sabotando?
Um dos grandes problemas é a ansiedade, a pessoa querer atropelar o processo com automedicação, porque vê um colega que utilizou; aquele que usa da má influência de um colega para comprar um remédio, um estimulante, algo no mercado negro para tentar melhorar a condição física e aquilo acaba atrapalhando o projeto. É às vezes fazer um treino sem ter sincronizado com um projeto alimentar.
Para quem deseja identificar o profissional habilitado em Educação Física. Como proceder?
As pessoas precisam compreender, procurem se informar do profissional que você está contratando, existe o site do Conselho Federal de Educação Física, que você consegue procurar o nome desse profissional e saber se ele está devidamente registrado no órgão. Vá em busca dos profissionais, isso habilita a estar nessa área. Você passa anos na faculdade, gasta rios de dinheiro fazendo cursos de especialização, vira noites estudando e quando alguém se diz profissional de Educação Física, começa a atuar na área sem saber por onde começar. Começa a copiar treinos da internet de maneira fragmentada, sem sentido, sem organização, sem ordem, sem coerência. E aquela pessoa que está consumindo o exercício não sabe se aquilo está certo ou errada. Muitas vezes o pseudoprofissional nem explica para o seu aluno o que ele está fazendo, o porquê tem que dar descanso e as pessoas vão sendo levadas por isso. Temos que fazer um trabalho muito árduo de conscientização, exercício físico não é só repetição, movimento bonitinho, tem todo um projeto de vida por trás disso e passamos noites em claro criando esse projeto para aplicar de forma mais assertiva em prol do benefício do nosso aluno.
Em relação à atividade das academias, como tem sido a fiscalização?
O órgão que fiscaliza as academias que é o CREFI, Conselho Regional de Educação Física, a gente sempre quis que ele fosse mais efetivo. É um trabalho que acontece de duas partes, não sei inclusive o efetivo do CREFI, mas, sabemos que não é suficiente. Precisaria ser mais efetivo, porém, sabemos que trabalha também por meio de denúncias. Essa efetividade poderia ser melhor, mas ele fica devendo pra gente. Por um lado temos o próprio Conselho que está fazendo essa fiscalização, mas, do outro lado, nós, os profissionais, precisamos fazer esse corpo a corpo, levar essa mensagem para os nossos alunos, que eles se informem.
- Lucas e sua turma na Praça
- André Lima explica que antes de aluno entrar em ação, se faz necessária uma avaliação física
- Amarildo César explica que profissional deve ter um projeto de vida para seu aluno