Na tarde de ontem, mais um acidente aconteceu nas proximidades da antiga garagem da Itapemirim, na entrada do Bairro Esplanada. Uma pessoa ficou ferida e precisou de atendimento médico. O problema é que esse tipo de notícia se tornou rotina em Caratinga. Ficou banalizado dizer que aconteceu um acidente próximo a Casa Auxiliadora ou até mesmo no perímetro urbano da BR-116. Mas até quando esperar? Ninguém irá tomar providências? Esperar que mais pessoas morram ou sofram alguma sequela para que algo seja feito?
Podem dizer que a maioria dos acidentes é fruto da imprudência, mas os órgãos responsáveis já passaram da hora de agir e evitar o pior, como observou o leitor Álvaro Celso Mendes em seu artigo “O perímetro urbano da morte: BR 116 – Caratinga”, publicado na edição do dia 29 de agosto de 2015.
Para tentar evitar uma tragédia ainda maior, a sociedade tem se mobilizado, conforme atesta a matéria “Reunião discute o alto índice de acidentes no perímetro urbano da BR-116”, publicada na edição hoje. Também o Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF) tem feito sua parte e pede ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) a obrigação de executar todas as obras necessárias para garantir a segurança dos usuários de trechos urbanos da BR-116, na cidade de Caratinga.
Onze quilômetros da rodovia [do km 520, no Parque de Exposições, até o km 531, no Posto de Pesagem do Dnit] cortam a área urbana da cidade, praticamente dividindo-a ao meio. A ação relata que o trecho está em situação bastante precária, com uma estrutura viária que não comporta mais o atual fluxo de veículos e de pedestres. O resultado é um quadro de grave insegurança para os usuários, com a ocorrência de inúmeros acidentes, muitos deles fatais.
Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no período de apenas dois anos – de 2012 a 2014 – ocorreram 470 acidentes no local, o que dá uma média superior a 13 acidentes por mês ou mais de três por semana. Os pontos críticos são em frente a Engelmig, nas imediações da estátua do “Menino Maluquinho” e no Bairro Esplanada, justamente o local onde foi registrado o acidente de ontem.
Esta ação foi ajuizada em dezembro do ano passado. Na época o procurador da República, Lucas de Morais Gualtieri, afirmou que “o Dnit, em todas as oportunidades em que se manifestou a respeito, nunca negou que o trecho se encontra em situação crítica sob o ponto de vista da segurança. No entanto, não apresentou qualquer programação para sequer contratar o projeto de adequação da capacidade daquele segmento da BR-116. E se não existe previsão minimamente concreta quanto ao início desses estudos, imagine então das obras propriamente ditas”.
A Justiça Federal reconheceu a procedência dos pedidos feitos pelo MPF e concedeu a liminar estabelecendo prazos tanto para a elaboração do projeto quanto para a tomada das providências, mas o Dnit recorreu da decisão.
A população nem cobra mais explicações, cobra atitudes. O que não pode é que mais vidas sejam ceifadas e que a inércia continue dominando as ações dos órgãos competentes.