Qual o tamanho dos sentimentos? Em um mundo que liga diversas palavras do mundo é possível encontrar diversas definições e descrições dos sentimentos, em especial o amor. O amor em especial é fruto de milhões de discussões no mundo inteiro. Dizem que ele é tão grande que não cabe no em lugar algum, que é quando você constrói um mundo com a pessoa, ” vence na vida ” e… que ele é um coração vermelho feito emoji de rede social.
Sempre refleti sobre como as pessoas de fato tratam esse sentimento. Tenho o hábito de admirar a paisagem enquanto penso em assuntos assim e um dos meus lugares preferidos para criar minhas filosofias é a praça Cesário Alvim. Localizada no centro da cidade de Caratinga, a “praça da catedral”, como é popularmente conhecida, é dotada de uma obra de arte sem par: o ipê amarelo. Aquele monumento de flores cintilantes amarelas me fascina. Mais ainda por ter embaixo dele um banco onde eu me sento para admirar mais de perto toda aquela beleza. Era incrível a sensação de estar no meio de uma chuva de flores, uma a uma caindo vagarosamente, deixando de enfeitar o céu para colorir o chão. Um ambiente propício para inspirações. Esse ritual se repetia dia após dia. Sempre que as flores acabavam eu aguardava ansiosamente pela próxima floração.
Houve uma vez porém, em que fui até lá com meu amigo Daniel. Comentando com meu companheiro o quanto eu achava lindo quando pessoas sentavam no banco embaixo do ipê, fez-me ele o seguinte comentário: havia na cidade natal dele, Santa Bárbara, um casal que tinha um hábito um tanto admirável. Dona Elvira, dócil e amada como só ela, saía aos fins de tarde e sentava em um banquinho na porta de casa para conversar com as amigas. Depois de certo tempo era possível ver a pessoa de senhor Adolfo, marido dela, sair também, e após sentar-se ao lado da esposa, davam as mãos. E assim também o faziam ao andar na rua.
Curiosa com o fato perguntei há quanto tempo eles estavam juntos e me admirei com a resposta. Sessenta anos! Seis décadas juntos! Sessenta anos lutando, sessenta anos vivendo juntos, sessenta anos de mãos no banquinho na porta de casa. Então pensei: afinal, de que tamanho são os sentimentos? Qual o tamanho do amor?
Para alguns é tão grande que não cabe em lugar nenhum, que é quando você cresce com a pessoa, vence na vida com ela ou que na verdade ele é um coração vermelho das redes sociais. Imaginando aquele casal tão lindo de mãos dadas no banco do ipê amarelo cheguei à seguinte conclusão: para mim o amor de fato é tão grande quanto a proteção de andar de mãos dadas, é quando você trabalha, seja na cidade ou na roça, com quem você ama para construir o seu verdadeiro lar, é passar seis décadas juntos e ainda olhar para a pessoa como se fosse a primeira vez. Para mim o amor é um casal sentado de mãos dadas no banco embaixo do ipê amarelo.
Ao senhor Adolfo e à dona Elvira, que mostraram a mais bela face do amor a todos nós. Meus mais sinceros agradecimentos por ter a honra de registrar um pedacinho da história de vocês.
Abraços, Andreza Eduarda.
Andreza Eduarda Araújo Freitas
Aluna do 4° período do curso de Letras do Centro Universitário – UNEC