Ensino de Ciências: a aplicação de textos literários como alternativa para desenvolver a alfabetização científica e o imaginário criativo
* Rosane Gomes de Oliveira
Ensinar Ciências nas escolas é de fundamental importância para a formação dos estudantes que integram nossa sociedade, e a alfabetização científica poderá contribuir com a melhor formação dos futuros cidadãos, proporcionando-lhes o entendimento da própria Ciência. Refiro-me aqui à pesquisa e ao seu papel para o desenvolvimento da sociedade.
Toda Ciência busca aproximar a curiosidade humana da realidade em que vivemos e a partir dela passamos a buscar respostas e soluções através do conhecimento científico de forma mais sistemática. Logo, através do Ensino de Ciências é possível desenvolver a alfabetização científica, que visa contribuir para a leitura, a interpretação de mundo, de modo a favorecer posicionamentos e tomada de decisões, em questões que envolvam a nós, os outros, o nosso meio ambiente e a sociedade.
O ensino de Ciências, porém, nos traz desafios, uma vez que a linguagem científica precisa ser trabalhada adequadamente em cada nível de ensino, para que não se torne um obstáculo à compreensão de conceitos, princípios e dos próprios procedimentos científicos. Portanto, é nosso dever enquanto educadores, pensar e repensar sempre as nossas práticas pedagógicas, as nossas metodologias de ensino para que a alfabetização científica e todo o conhecimento se torne algo atrativo para todos os níveis de escolaridade.
Na perspectiva de se refletir sobre o uso de textos literários para o ensino de ciências, de modo que estes sejam agentes complementares de aplicação do ensino, e de conhecimento desta área, é preciso entender a dimensão destas linguagens e compreender suas especificidades, e suas particularidades literárias e científicas, e é preciso pensar na forma de como aproveitar e aplicar a inter-relação entre as duas sem descaracterizá-las.
A linguagem científica se caracteriza por apresentar discursos logicamente estabilizados, e que não permitem diferentes interpretações, leituras particulares e têm como base o domínio de uma linguagem técnica, e não possui a presença de um narrador. Já a linguagem literária, pode ser permeada de expressividade, e propõe uma aproximação epistemológica entre ciência e arte, pois considera que o imaginário poético coexiste com a ciência, de forma complementar, ou seja, o imaginário poético como um complemento necessário à ciência, neste ponto que devemos pensar em sua aplicabilidade.
A aproximação entre a linguagem literária e científica deve estar ligada ao imaginário, à criatividade, então, supõe-se que ela poderá ajudar a superar barreiras existentes para o ensino de ciências e para a alfabetização científica, uma vez que os textos na área de literatura podem trazer a ciência de forma narrativa, histórica, poética, e proporcionar o enriquecimento de todo o processo de ensino-aprendizagem, e em contrapartida, contribuir para que as aulas de ciências possam desenvolver a maior interpretação e entendimento da linguagem científica.
A inserção de textos literários, como mencionado acima, pode ainda favorecer a aprendizagem conceitual e estimular, nos alunos, a continuidade do interesse por temas científicos específicos, pode promover uma perspectiva interdisciplinar, possibilitar contemplar as diferenças individuais entre os alunos, e sobretudo, desenvolver o hábito do prazer à leitura, que são reconhecidos como fatores fundamentais para o estudo de qualquer disciplina e de qualquer área do conhecimento.
São grandes os desafios para ensinar a alfabetização cientifica, principalmente, no ensino de ciências nas séries iniciais do Ensino Fundamental, e por isso, nós educadores devemos estar sempre antenados aos recursos que podem contribuir com a formação dos alunos sem perder a sua integridade conceitual, qualidade e especificidade de área e de conhecimento.
Quando utilizamos de agentes potencializadores da aprendizagem de conteúdos científicos, quer seja um texto literário, narrativo, poético, quer sejam recursos tecnológicos, aulas práticas diferenciadas, todos devem promover a motivação dos alunos, com o intuito de tornar o processo mais prazeroso e enriquecedor, para então atingirmos nossos objetivos como educadores.
A busca por agentes, práticas ou metodologias para facilitar o processo ensino-aprendizagem, e contribuir com a alfabetização científica desenvolvendo a criatividade, deve ser uma ação constante da prática diária de todo educador, não somente da área de ensino de ciências, mas de todas as áreas do conhecimento.
Rosane Gomes de Oliveira– Graduação em Ciências Biológicas. Especialista em Ciências Naturais. Mestre em Ciências Naturais e Saúde pelo Centro Universitário de Caratinga (UNEC). Doutora em Biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO)/Universidade Federal de Sergipe (UFS). Docente do Centro Universitário de Caratinga-MG.