Especialista em arquitetura hospitalar, Fernanda Salim, explica a diferença da nova unidade
DA REDAÇÃO – A pandemia do Covid-19 trouxe mudanças e desafios para todos os setores da sociedade, principalmente para aqueles ligados à saúde. Os hospitais tiveram que se adaptar rapidamente para atender a esta nova demanda. Foi o que aconteceu com o Novo Hospital São José, da cidade de Nova Serrana (MG). Por medida de precaução, o hospital decidiu instalar uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dedicada exclusivamente para receber pacientes diagnosticados com coronavírus.
Para projetar este novo espaço, uma empresa de Caratinga, especializada em arquitetura hospitalar, foi contratada. O DIÁRIO conversou com a arquiteta Fernanda Salim, responsável pelo projeto.
Fernanda é CEO da Foco Saúde Arquitetura, especialista em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde e pós-graduada em Arquitetura Hospitalar, pelo Instituto Albert Einstein. Participou de diversos cursos de extensão e aperfeiçoamento, além de congressos e feiras da área hospitalar. A arquiteta tem ampla experiência no desenvolvimento e coordenação de projetos de edifícios hospitalares, consultórios médicos e odontológicos, clínicas de fisioterapia, radiologia, centro de diagnósticos por imagem e estética.
Nestes anos atuando nesta área, você já deve ter projetado várias UTI’s. Mas, agora, está no projeto de uma UTI Covid. É um desafio?
É sempre um desafio projetar algo novo. E rapidamente procuramos nos adaptar. Estamos sempre buscando conhecimento e acompanhando as normatizações, que estão sempre sendo atualizadas. Precisamos projetar a unidade considerando o fluxo de trabalho e priorizando o isolamento dos pacientes, para isso, temos que pensar nos espaços, nos equipamentos e na quantidade de profissionais que irá circular na unidade. Tudo isso, seguindo as normas voltadas especificamente para os ambientes de tratamento do Covid.
Quais são as principais diferenças entre uma UTI convencional e uma UTI Covid?
A atribuição assistencial de pacientes para a Unidade de Terapia Intensiva continua a mesma, que é proporcionar condições de internar pacientes críticos, em ambientes individuais ou coletivos, conforme grau de risco.
Mas, a UTI Covid tem algumas diferenças importantes. É preciso manter um distanciamento maior, de 2 metros entre os leitos, separados por divisórias, evitando cortinas. A ventilação deve ser preferencialmente natural e no caso de utilização de ar condicionado, deverá ter filtragem absoluta. Outra diferença, é que a UTI Covid precisa ter vestiários ou antecâmaras de barreira no acesso das UTI’s, com áreas para paramentação e desparametação dos profissionais.
A setorização dessa unidade é um item muito importante a ser observado, para evitar a contaminação cruzada entre os profissionais de saúde da UTI com a equipe do hospital em geral. Para a UTI Covid, os acessos de entrada e saída devem ser exclusivos, pacientes e equipe com acesso restrito. Os fluxos de pacientes e equipe técnica na área restrita da UTI Covid deve ser priorizados para mitigar a contaminação. Além disso, a unidade deve ser afastada das áreas destinadas a pacientes imunodeprimidos, como em tratamento oncológico, hemodiálise e outros.
No caso da UTI de Nova Serrana, ficou definido que o espaço para tratamento fosse coletivo ao invés de boxes individuais, para facilitar o trabalho da equipe e dos colaboradores.
O que você destaca dessa experiência?
O tempo para fazer o projeto. Para atender ao crescente número de casos e a necessidade de abertura de novos leitos para tratamento intensivo na região, tivemos que nos adequar para fazer o projeto em tempo recorde. Sempre temos que estar abertos às necessidades de nossos clientes e dispostos a nos adaptar para melhor atendê-los.