Paratleta caratinguense conquistou medalha de ouro em etapa do Campeonato Mineiro de Tiro Esportivo. Ele foi primeiro colocado na categoria Carabina Mira Aberta de Ar. Mas a vida lhe proporcionou percalços, que ele soube com maestria contorná-los
DA REDAÇÃO – O paratleta Arquimedes Moreira Filho é um exemplo de superação. Ele sofre de um problema sério na coluna, que lhe impõe muitas limitações. Como se não bastasse, ainda luta contra um câncer. Mas nada disso é empecilho para o paratleta, pois assim como o esporte que pratica, Arquimedes dá um tiro certeiro nas adversidades e é um vencedor na vida. Para ele, os percalços não são obstáculos, mas são feitos para transpô-los.
MEDALHA DE OURO
Ele comemora mais uma conquista, pois em competição realizada entre os dias 11 e 14 de fevereiro, ganhou a medalha de ouro na categoria Carabina Mira Aberta de Ar em prova válida pelo Campeonato Mineiro de Tiro Esportivo, realizado pela Federação Mineira de Tiro Esportivo (FMGTE). “O evento foi realizado no último final de semana e reuniu todos os atiradores federados do estado em diversos clubes. Fiz as provas em Manhuaçu pelo Clube Guardiões do Caparaó”, conta Arquimedes.
OPÇÃO PELO TIRO ESPORTIVO
Arquimedes fala um pouco de sua trajetória neste esporte. “Pratico tiro esportivo a cerca de 10 anos. Escolhi esse esporte porque é o único que consigo praticar. As limitações de minha coluna não me dão condições de praticar nenhum outro tipo de esporte”.
Ele observa uma peculiaridade desse esporte. “Um característica do tiro esportivo é o seu caráter inclusivo, pois além de aceitar pessoas de todas as idades, no meu caso tenho 54 anos, trata-se ainda de esporte que menos lesiona ou causa lesões, praticamente não lesiona ninguém. Devido ao cuidados impostos pelas regras de segurança, é considerado um dos esportes mais seguros do mundo. Então, hoje é o único esporte que consigo praticar”.
REAPRENDENDO A ANDAR
Arquimedes luta contra fortes dores na coluna. O problema é tão grave que já ficou acamado um longo período e depois teve que reaprender a andar. Ele conta que esse problema surgiu quando tinha 28 anos. “Tive um acidente de trabalho onde infelizmente houve um erro de diagnóstico e fiquei cinco anos sem andar. Depois desse período, tive uma inflamação na coluna por causa de uma cirurgia, onde minha coluna rejeitou a lâmina ou lâmina estava contaminada e tratei mais três anos de uma inflamação severa. Oito anos depois entrei num processo de fisioterapia para voltar aprender a andar uma vez que a lesão na minha perna esquerda tinha sido praticamente total com implicações no funcionamento do intestino também. Ao longo desse tempo tive uma série complicações na coluna, uma artrose crônica que não responde mais a tratamento, que não responde mais a nenhum tipo de medicamento e acabou me trazendo perda da cifose e da lordose”.
O paratleta segue uma rotina de tratamento. “Tenho me cuidado muito. Olhando minha aparência não se percebe tudo isso devido aos cuidados que tomo. Mas os exames clínicos, inclusive aprovados pela Federação, mostram essa limitação e apontam que deve-se manter um repouso total para não perder plenamente a ambulação. Então, o problema maior na minha coluna é o espondiloartrose com a perda agravante da cifose e lordose, além de outros, mas estes são os que mais me limitam, pois muitas vezes tenho dificuldades de ficar em pé. Eu fico encurvado como aquelas pessoas que andam num ângulo de 90 graus para frente. Eu me encurvo todo e começo a não conseguir a andar. Inclusive ao longo dos anos fiquei diversas vezes sem andar, no final do ano passar mesmo eu não estava conseguindo andar”.
TREINAMENTOS
A respeito dos treinamentos, Arquimedes conta seu método. “Treino tiro ao alvo à distância, que é a minha competição. Treino distâncias maiores. Embora eu faça essa competição estadual, faço outras competições regionais em distâncias maiores, como por exemplo tiro a 25 e 50 metros. Treino basicamente em casa em um stand que montei para essas modalidades, simulando eletronicamente tiro à distâncias longas porque hoje existem programas que te ajudam nisso”.
A próxima competição que Arquimedes irá participar será em março, também em Manhuaçu. “Mas depende da covid e dos protocolos de cada cidade. As competições que acontecem mensalmente. No final do ano os atletas que medalharam e se sobressaíram vão até Pará de Minas e fazem a final. Opto por competir em Manhuaçu para não ter que me deslocar para Belo Horizonte, que é um pouco complicado para mim. Então, aguardo a próxima competição, mas tudo depende do protocolo adotado, inclusive o atleta passa por exames para saber está com covid, se tiver, não participa da competição”.
MAIS UMA SUPERAÇÃO
Arquimedes trata ainda de um câncer há oito anos, onde mais uma vez demonstra um exemplo de superação. “Havia uma preocupação de que a coluna tivesse infectada, mas graças a Deus não estava. Faça o tratamento oncológico, que também é limitante”, finaliza o campeão Arquimedes.