CARATINGA- A APAE de Caratinga promoveu na manhã desta quinta-feira (21), o evento “Lar Terapia”, iniciativa que busca envolver os pais de maneira mais ativa no desenvolvimento de seus filhos.
O objetivo é oferecer treinamentos e orientações para que as famílias possam transformar o ambiente doméstico em um espaço mais adaptado e acolhedor, favorecendo o bem-estar e a harmonia das pessoas com deficiência intelectual e autismo.
A diretora Lara Maia destaca que a proposta reforça a importância da integração familiar no processo terapêutico, ampliando as possibilidades de aprendizado e convivência dentro do lar. “Nosso tema deste ano é lar terapia. É um trabalho que a gente está construindo com a participação dos pais. Temos frisado muito que não adianta trabalharmos na APAE as terapias, cuidar dos assistidos, se em casa eles não tiverem um clima harmonioso, terapêutico, um clima onde pode dar continuidade a todo o nosso trabalho aqui. Então, estamos construindo isso, já no segundo seminário. Nosso projeto agora é que a gente vai ter um treinamento para paz todos os meses, para que a gente possa ouvir, discutir, como abordar, o que fazer e construir juntos realmente um ambiente favorável ao desenvolvimento dos nossos assistidos”.
O evento também foi uma troca de experiências entre as mães, sobre suas vivências e o dia a dia com os filhos. “Elas conseguem refrigerar a alma. Muitas estão cansadas, sabemos da luta diária de toda mãe, principalmente das mães atípicas. Sempre falo que filho é filho, não faz diferença. É um cuidado para sempre, uma preocupação e um amor para sempre. E esse seminário, a gente já tem resultados. Temos duas mães dando depoimentos das vidas transformadas em virtude do seminário passado. São mães de dois anjos nossos que já foram embora, e justamente agora uma delas falando que através do último seminário, ela entendeu que não era só a mãe de uma pessoa com deficiência, mas que ela tinha uma identidade, que ela precisava de pensar nela também e de construir a identidade dela. E através dessa construção de identidade, a gente quer agora construir uma transformação de vertente nos lares, para que os nossos assistidos tenham realmente qualidade e bem-estar”.
Maria de Lourdes Andrade é mãe de uma ex-aluna da Apae. Ela destaca a importância da instituição. “Minha filha veio pra aqui com dois meses, ela nasceu de um parto complicado e foi encaminhada para a APAE. Ela viveu 17 anos e um mês e a gente ficou aqui 17 anos. A APAE pra mim é uma família que vou carregar sempre. Aprendi muita coisa, fui muito bem acolhida, aprendi a lutar pela causa da minha filha. E peço todos os pais que lutem, que não se escondam, não tenham vergonha disso, porque os nossos filhos são muito excluídos da sociedade. Eles não são incluídos, eles são excluídos. Mas cabe aos pais a fazer seus papéis, cabe ao pai a não ter vergonha de lutar sobre os seus direitos. Não é só cobrar, mas é fazer também. A APAE me acolheu, fiz muita oficina terapêutica. Hoje sou uma mãe independente devido aos cursos que tive na APAE, devido aos cuidados comigo. Foi o melhor lugar da minha vida. Estar aqui pra mim hoje é um presente”.
Cláudia Paixão também relata sua história com a APAE e como ela transformou a sua vida. “Vivi aqui com a minha filha 23 anos, fui muito bem acolhida e nesse período a APAE me abraçou. É aqui que a gente aprende a ser mãe, mulher. A gente é conhecida como a mãe da criança. Eu não sou a Cláudia, sou a mãe da Marcela. A gente também tem que ser conhecida pelas qualidades da gente. Sim, a gente é mãe, Deus escolheu a gente para ser mãe de criança especial, mas, a gente também tem que ser reconhecida como mulher, não só como a mãe da criança. Na APAE encontrei tudo. A mãe, a mulher, meu empreendedorismo, aprendi muitas coisas. É só agradecer”.
A psicanalista Ronise Ferreira palestrou para as participantes. “Com muita alegria estou aqui e pretendo passar para as mães exatamente um complemento daquilo que elas já falaram aqui, que é esse resgate de pais. Costumo falar que filhos especiais vêm para preparar pais extraordinários. Então, o motivo de eu estar aqui é exatamente esse, passar para elas o quão extraordinárias elas podem ser todos os dias, tanto para os filhos, quanto, como exemplo, para outras pessoas e para elas”.