2020 é ano de eleições municipais, e em muitas cidades brasileiras o período da campanha política “pega fogo” – para usar uma expressão bem popular -, e no meio de toda a bagunça gerada durante o período político, que em algumas cidades começa antes mesmo do início da campanha eleitoral e perdura até depois da mesma chegar ao seu fim com a eleição de um dos candidatos, algumas coisas importantes são esquecidas por algumas pessoas que estão envolvidas com o período político, tais como a moral, a ética, e o respeito ao próximo.
Falar de moral, ética, e respeito ao próximo no Brasil em ano político dá no mesmo que alguém falar de leis contra o desmatamento e importância da floresta para um incentivador e apoiador do desmatamento ilegal: não funciona. Aquele que pratica o desmatamento ilegal conhece bem as leis que estão contra ele, e que lhe dá limites pré-estabelecidos. Ele desmata porque ele é um infrator. Conhece as leis que lhe impõe limites, mas as infringe, não as obedecendo. Da mesma forma, falar de moral, ética, e respeito ao próximo para algumas pessoas em tempos políticos é o mesmo que falar de leis contra o desmatamento para aquele que pratica o desmatamento ilegal, simplesmente não funciona.
Como seres humanos, trazemos em nossa convivência o legado da relação com o próximo, do envolvimento com outras pessoas. Durante nossas relações, são aparentes algumas leis éticas, morais, e de respeito ao próximo que se resumem em algumas leis, muitas vezes não declaradas, mas percebidas, chamadas leis de convivência.
Em épocas e períodos “normais”, temos total noção dessas leis de convivência e socialização. Somos muitas vezes respeitosos, e posamos com ares éticos e morais para, no mínimo, sustentar o status quo de ser humano racional. Mas em períodos eleitorais, ou de grande excitação e aglomeração pública, em prol de toda e qualquer tipo de “disputa”, até mesmo esses mínimos valores conservados e adquiridos em nossa convivência em sociedade são horrivelmente transgredidos.
Nesses períodos, valores morais, éticos, religiosos, de amor e respeito ao próximo parecem ser total e completamente deixados de lado, e tais valores, intrínsecos na maior parte da sociedade, aprendidos desde crianças, infelizmente, são infringidos conscientemente por uma parte do povo que, por abandonarem tais valores, muitas vezes correm o risco até mesmo de se exporem ao ridículo, praticando coisas que, em outras ocasiões, elas mesmas abominariam, e sentiriam extrema vergonha, trazendo, muitas vezes, problemas e prejuízos para os outros e para si mesmo.
Diante disso, antes de as campanhas políticas começarem, antes que as coisas comecem a “pegar fogo”, deixo meu alerta para que venhamos pensar e repensar nossas ações, palavras, e as atitudes que tomamos durante o período político, para que não nos arrependamos depois, ao ver que, por causa de “politicagem” perdemos coisas e pessoas valiosas em nossas vidas.
Ainda espero que possamos ter campanhas e eleições onde todos tenham mais ética e respeito para com aquele que pensa diferente. Que busquemos trabalhar isso desde já para que um dia possamos alcançar esse patamar.
Wanderson R. Monteiro
São Sebastião do Anta – MG