Dia 5 de junho, Monsenhor Raul completou 94 anos de vida. Aclamamos com alegria e orações. Considerado o mais importante padre da diocese de Caratinga, pelos 65 anos de sacerdócio e por seu trabalho fecundo de um ministro de Cristo que nunca poupou esforços na construção do Reino de Deus entre nós.
Nasceu em Inhapim. Sua mãe, dona Maria José Motta, o entregou à proteção de Nossa Senhora.
Sentiu a vocação para a vida religiosa, mas esperou algum tempo antes de ir para o Seminário. Depois, certo de seu desejo de ser padre, deu o seu sim e abraçou os caminhos de Cristo.
Sua caminhada é pontilhada por acertos e verdadeira entrega.
Professor no Seminário de Caratinga, acolhendo seminaristas e os orientando na vocação. Escritor de muitos livros e fundador de revistas e folhetos religiosos.
Com sorriso constante, que é uma de suas características, recebe todo mundo e caminha nas veredas do Pai.
Sempre pertenceu à diocese de Caratinga, fazendo de nossa terra seu reduto de bom Pastor. Fotógrafo atento, registra momentos importantes com sua sensibilidade.
Sua presença e seu trabalho tem sido tão importantes, que nossa história registra sua ajuda imprescindível aos bispos que por aqui passaram. Todos eles pediam sua palavra e direção nas questões da Igreja. E ele, pronto e sábio, resolvia questões e indicava caminhos. Antes, ia à capela e pedia luzes ao Espírito Santo, depois, atuava com grandeza e opinava e acendia luzes vindas do alto.
Muitos padres formados em nosso seminário contam como foi importante seu apoio e amizade. Padre Boreli, de saudosa memória, falou muito sobre a presença de Monsenhor Raul em sua vida. Desde sua ordenação e ao longo de sua vida, teve a mão abençoada de Monsenhor abençoando seu sacerdócio.
Sendo um dos meus melhores amigos, sempre deu-me palavras e conforto em momentos difíceis, e sempre sorriu comigo nas horas de alegria. Nunca posso me esquecer de sua bondade durante nossa amizade que já se estende nas dobras do tempo. Nos lançamentos de meus livros, sempre esteve abençoando-me.
Certa vez, numa festa em Inhapim, onde morei por alguns anos, houve um concurso artístico. Quem ganhasse, poderia colocar uma criança pobre para estudar gratuitamente no Colégio Estadual. Havia muitos concorrentes e eu também participei. Pensando em uma apresentação interessante, levei o Monsenhor Raul para se apresentar tocando saxofone. Foi um sucesso! Ganhei a vaga e a criança foi recebida na escola.
Foi pároco da Catedral de São João Batista em nossa cidade, por 17 anos. Foi um tempo rico de espiritualidade. Atendia os paroquianos com sua generosa acolhida. As missas sempre acrescidas com as homilias que tão bem explicavam as parábolas, realçando a beleza e as verdades do evangelho. Promovia novenas com o povo em todas as festas de Nossa Senhora. Eu o ajudei um pouco nesse tempo, e me lembro da novena de Nossa Senhora do Carmo em que as ex-alunas carmelitanas participavam com fervor. A novena de Nossa Senhora das Graças era tão linda que as Irmãs gracianas manifestavam seu contentamento. Lembro-me da comemoração do centenário da Catedral, momento jubiloso pelas preces e participação vibrante do nosso Agnaldo Timóteo. Certa vez, ele trouxe o Congado e houve leilão, tendo um garrote presentado por Dr. Grimaldo, médico amigo de nossa terra que aqui exerceu uma medicina de caridade. Nesse tempo, Monsenhor empreendeu a reforma da catedral. Trabalho grandioso que acabou nos oferendo um Igreja Matriz maravilhosa, que hoje é um dos Cartões Postais da Terra da Itaúna, valorizando a Praça das Palmeiras.
Confessar pecados ao Monsenhor Raul não era um momento de tensão, era uma conversa de compreensão que levava paz à alma da gente. Meu filho, Walder Júnior, ainda criança, confessou-se com ele, certa vez. Depois da confissão, perguntei-lhe como havia ido. Ele disse simplesmente: Monsenhor é manso igual uma pombinha.
Monsenhor é alegre, dinâmico, educado, e sabe colocar nosso povo debaixo de seu abraço. Suas virtudes são decantadas por toda gente de Caratinga e região.
Atualmente, vive no seminário diocesano e lá ainda continua com a luz de seu sacerdócio santo.
Agradecemos a Deus por nos ter dado um pastor que soube reunir o rebanho na graça de Deus. Um pastor que não se esquecia de deixar as ovelhas descansando, enquanto ia buscar a que estava à beira de se perder. Um pastor que seguiu Jesus Cristo em todos os momentos de sua existência. Um pastor que, esquecido de si mesmo, viveu para as coisas do Pai.
Que Nossa Senhora, a quem ele foi entregue por sua mãe terrena como protetora, continue afagando-o em seu colo materno.
Saúde, alegrias, realizações e muitas preces por todos nós, que o amamos com o sentimento de eterno afeto.
Parabéns, mil parabéns! Felicidade sobre cada passo de sua caminhada. Amamos o senhor com tanta força, que não sabemos definir o nosso bem-querer. Mas no nosso coração o senhor está mergulhado numa ternura sem fim.
- Marilene Godinho