* Yáskara Lessa Lisbôa Ballard
A Doença de Alzheimer (DA) é uma enfermidade cuja principal característica é a perda da cognição (perda memória, orientação, atenção e linguagem) devido à morte de neurônios (células cerebrais). Essa doença recebeu esse nome por causa do médico Alois Alzheimer, o primeiro a descrever, em 1906 o caso de Auguste Deter, uma mulher saudável que aos 51 anos iniciou o quadro de desorientação, perda da memória e distúrbio de linguagem até tornar-se incapaz de cuidar de si sozinha.
No mundo estima que existam aproximadamente 35,6 milhões de pessoas com DA e no Brasil há cerca de 1,2 milhões de casos e a maioria sem diagnóstico.
Infelizmente essa doença não tem uma etiologia definida embora algumas lesões cerebrais características da doença sejam conhecidas, como por exemplo, o depósito de proteína beta-amiloide e os emaranhados neurofibrilares que resulta da hiperfosforilação de uma proteína conhecida como TAU. A Doença de Alzheimer ainda não tem cura e a população mais afetada é a dos idosos e por isso ficou por muito tempo conhecida como “esclerose”.
Quando é diagnosticada precocemente a chance de retardar sua evolução e controlar os sintomas é maior.
As perdas neuronais não ocorrem de forma homogênea, e as áreas mais comumente atingidas são aquelas responsáveis pela memória e funções executivas que envolvem planejamento e execução de funções complexas por isso, algumas vezes, os sintomas iniciais são confundidos com processo de envelhecimento o que retarda ainda mais o diagnóstico e uma abordagem multiprofissional.
Na prática, o diagnóstico é clínico, ou seja, depende da avaliação feita pelo médico a partir de exames e história do paciente que serão associados a testes específicos (cognição, humor, e motor) para verificação do funcionamento cognitivo. Exames de sangue e imagem são realizados para excluir a possibilidade de outras doenças com características semelhantes à da DA.
Em relação à evolução dessa doença, ela é progressiva, embora alguns pacientes apresentem períodos de maior estabilidade. De uma maneira didática pode ser dividida em três fases: leve, moderada e grave. Devemos ressaltar que algumas vezes, os sintomas de diferentes fases podem se misturar em um mesmo período.
A leve apresenta perda de memória recente e dificuldade para encontrar palavras, desorientação no tempo de espaço, dificuldade para tomar decisões e perda de iniciativa e motivação, sinais de depressão, agressividade, diminuição do interesse por atividades e passatempos. Portanto pode passar desapercebida uma vez que pode ser confundida com condições que ocorrem com o avançar da idade.
Na fase moderada é mais evidente a dificuldade nas atividades do dia a dia e prejuízo da memória com esquecimento dos nomes de pessoas próximas, tem dificuldade para falar e expressar com clareza, o que leva a alterações comportamentais (agressividade e irritabilidade). Além disso, a dependência de outras pessoas aumenta desde cuidar da casa até autocuidados.
Por fim, na fase mais grave, há um grande comprometimento da memória com dificuldade de reconhecimento de parentes, amigos, locais, dificuldade para entender o que acontece a sua volta. Pode ocorrer incontinência urinária e fecal, prejuízo motor com dificuldade de locomoção e prejuízo na deglutição.
Portanto o mais importante é procurar ajuda especializada sempre que o indivíduo iniciar “falhas” de memória e não acharmos “normal da idade”. Pode ser o início de um processo demencial; mas podem ser outras doenças. Além disso, quanto mais precoce o reconhecimento do fato, mais rápido aprendemos a lidar com a situação.
* Yáskara Lessa Lisbôa Ballard Possui graduação em Fisioterapia pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (2005), acadêmica de Medicina pelo Centro Universitário de Caratinga (UNEC-MG); professora titular das disciplinas Neurofuncional, Movimento e Desenvolvimento Humano e Psicomotricidade, Hidroterapia e Cinesioterapia em UNEC-MG do curso de Fisioterapia. Mestrado em Farmacologia e Química Medicinal pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013), Especialista em Biomecânica pela UFRJ (2010) e certificada pela ABRADIMENE no Conceito Bobath (2009).
Mais informações sobre autor (a): http://lattes.cnpq.br/8255997700629959