Secretaria de Agricultura de Caratinga investe no plantio do Capim Capiaçu, com proposta de suplementação volumosa na forma de silagem ou picado verde
CARATINGA- Uma nova cultivar de Capim-elefante, a Capiaçu, tem despertado grande interesse de pecuaristas de leite em todo o Brasil. A solução desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com outras instituições se apresenta com a proposta de alto rendimento para suplementação volumosa na forma de silagem ou picado verde.
Tem porte alto (até 4,20 metros de altura), se destacando pela produtividade e pelo valor nutritivo da forragem quando comparada com outras cultivares de capim-elefante. Todas essas vantagens chamaram atenção da Secretaria de Agricultura de Caratinga, que realiza um projeto no município com o plantio destas mudas e posterior destinação aos pecuaristas.
Juber Guido Maciel Filho, zootecnista e médico veterinário da Secretaria, explica que a Embrapa criou uma rede de viveiristas para comercializar estas mudas. A equipe de Caratinga conseguiu o material em Teófilo Otoni e na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Leopoldina (Epamig). Já houve o plantio da primeira remessa, com destinação inicial a 13 produtores. “Plantamos em torno de 150 mudas no viveiro da Unec. Esse plantio ocorreu em setembro, por questão climática ainda não está no ponto de colheita, em breve, provavelmente nos próximos 30 dias vamos destinar essas mudas aos produtores da região de Caratinga. Acredito que deva ser três vezes mais do que foi plantado, em torno de umas 500 mudas. Vamos destinar aproximadamente 20 mudas por produtor”.
Juber frisa que em comparação com os capins que são mais utilizados em campo, a Capiaçu tem em torno de 30% a mais de capacidade produtiva. “Os mais utilizados hoje são o Napier e o Cameron e esse capim é oriundo desses capins mais antigos, com essa capacidade maior de produção”.
O zootecnista enfatiza que Caratinga possui características propícias pra o plantio das mudas. “É um capim que tem uma exigência com relação à questão de fertilidade. Lógico que quanto mais tratos culturais o produtor for ter do ponto de vista de adubação e pragas na cultura, vai produzir mais. A Embrapa fala em torno de 100 toneladas por hectare ou para cada corte. Ele dá em torno de três cortes por ano, então são 300 toneladas por hectare/ano a capacidade produtiva dele, com aproximadamente 100/110 dias de cortado”.
FLEXIBILIDADE
Ele também chama atenção para a flexibilidade da cultivar. Por exemplo, na silagem constitui uma alternativa mais barata para suplementação do pasto no período da seca. “Pode se utilizar no cocho, diretamente ser cortado e fornecido para os animais ou utilizado do ponto de vista da silagem. A Embrapa desenvolveu esse capim mais com intuito para fazer silagem de capim, onde a recomendação é em torno de 100 dias para que seja cortado. Para a destinação direta no cocho, em torno 70 dias”.
Juber orienta que o produtor deve analisar a necessidade e planejar a utilização do Capim Capiaçu. “Dá uma diferença bem grande com relação à produtividade. Com 100/110 dias vai produzir em torno de 100 toneladas por hectare no corte, desde que seguidas as recomendações da Embrapa com relação ao espaçamento e profundidade de plantio, adubação principalmente. Com 70/80 dias produz em torno de 70 toneladas, reproduz mais ou menos o que o outro capim produziria”.
Outra vantagem é que a maior produção de matéria seca a um menor custo em relação ao milho e a cana-de-açúcar. “Tem uma capacidade produtiva imensa, muito grande e consegue um nível de qualidade razoável. É lógico que comparado à silagem de milho e de sorgo tem um nível de qualidade inferior. Mas, do ponto de vista produtivo ele compensa muito isso, se torna muito mais barato você utilizar essa cultura. O produtor tem que avaliar o que ele tem na propriedade com relação à capacidade produtiva dos animais, o que a propriedade pode oferecer, isso tem que ser orientado tecnicamente”.
A cultivar é recomendada para vacas de média produção, dentre 15 e 17 litros, por atingir 5% de proteína bruta no ponto de silagem e em torno de 45% de energia. Juber acrescenta o valor nutritivo da forragem. “É bem diferente do milho, que atinge 7% de proteína e mais de 60% de energia. Proporciona um ganho de peso para o gado de corte. A capineira que nós temos hoje, o Napier e o Cameron, produz muito bem, mas não consegue às vezes atender à necessidade do produtor de alimento ali durante a estação que ele elegeu para poder trabalhar melhor”.
A Capiaçu, em tupi-guarani, significa “capim grande”. E o nome faz jus à plantação, como observa. “Atinge no ponto de colheita, com os tratos culturais que são necessários, 4 metros de altura. O Napier ou Cameron de 4 metros de altura está totalmente passado, não serve como alimento para a produção de leite ou ganho de peso. Mas, o Capiaçu possui a qualidade necessária para atingir esses tipos de necessidades dos produtores”.
SECRETARIA
Ciro Vasconcelos, técnico em Agropecuária e diretor de Pecuária, frisa o trabalho desenvolvido pela Secretaria de Agricultura e detalha as técnicas do plantio. “Foi uma ideia inicial da equipe técnica, doutor Juber que é médico veterinário; o Cleber e o Rodrigo que são engenheiros agrônomos. Também ressalto que os 13 produtores rurais que já receberam as mudas foram plantadas de uma forma diferente. O método usual do plantio é abrir o sulco do solo e dispor ali as manivas do capim. No Nesse método que usamos lá agora, plantamos de modo vertical, aproveitamos algumas sacolas de mudas do IEF, que estavam lá para serem descartadas, e ali nós plantamos essas mudas. Saiu muito bem, o pessoal ficou até meio que admirado pela questão da rapidez com que essas manivas chegaram ao ponto de plantio no campo efetivamente”.
Os produtores interessados no projeto, devem procurar a Secretaria de Agricultura para realização de um cadastro. Juber Guido explica de que modo acontece a distribuição das mudas. “A Secretaria está destinando esse material para todos os interessados que trabalham pecuária da região e a gente vai pedir uma contrapartida a esses produtores, para possamos disseminar mais rapidamente esse tipo de capim, como uma proposta legal de alimentação para os rebanhos que nós temos aqui. Então, quando o produtor for dar o primeiro corte nesse local, vamos acompanhar, ele recebe 20 mudas e destinaria 60 mudas para a Secretaria, para conseguirmos atender aos pecuaristas”.
A equipe acredita que até o final de novembro será possível a realização de colheita das mudas para destinação a outros produtores.