Do sonho à realização: Em 2019 ela desejava aprender o idioma; dois anos depois, o resultado da união solidária
CARATINGA- A Árvore do Sonhos, projeto idealizado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, através do juiz Anderson Fábio Nogueira Alves, já está colhendo frutos. Em 2019, o DIÁRIO contou a história de Alice de Lima e Silva, à época com 11 anos de idade, que escreveu em uma cartinha para o Papai Noel que, dentre os seus sonhos, desejava aprender Francês.
A garota contou com a solidariedade do professor Edmar de Oliveira, que se dispôs a ensiná-la. Dois anos se passaram e a reportagem acompanhou a evolução do aprendizado de Alice, que já está falando algumas frases em Francês.
O juiz Anderson Fábio destaca que no ano de 2018, o Fórum de Caratinga começou uma aproximação com as escolas, por meio livro ‘A História do Macaco Vermelho’ e a contação de histórias. “Começamos a ter o contato, ir até as escolas e conhecer. Quando foi chegando no final do ano, surgiu a ideia da Árvore dos Sonhos, começamos a trabalhar no sentido de que as crianças acreditassem no futuro delas, que elas colocassem na cartinha o sonho que elas tinham”.
O magistrado esteve ontem em visita à escola e disse que o aprendizado da adolescente é motivo de orgulho. “É uma satisfação muito grande vir aqui e ver que essas sementinhas estão gerando fruto. A Alice tinha esse sonho, depositou a confiança dela numa carta e está se realizando. Uma aluna, já falando, ficamos muito felizes com isso”.
Marilene Loures, diretora da Escola Estadual Luiz Antônio Bastos Côrtes, onde Alice estuda, afirma que o projeto foi fundamental para o desenvolvimento dos alunos. “Para nós da escola, a realização do sonho das crianças, principalmente da Alice, é de uma grandiosidade muito grande, porque o projeto chegou também num momento muito oportuno para a escola, que já buscando sua identidade e autoafirmação. Então, realizar os sonhos das nossas crianças, trazer para elas essa esperança, confiança de que o sonho é possível. A Alice teve a oportunidade de fazer as aulas de Francês com o professor Edmar, a escola cedeu o espaço durante o ano de 2019 para ela receber as aulas. Agradecemos imensamente por esse projeto, todos os colaboradores.
O APRENDIZADO
Alice relembra que na carta escrita à época, ela poderia colocar três pedidos, que foram uma cesta básica, uma mochila e o curso de Francês. Ela cita que, à medida em que foi fazendo mais aulas, foi tendo a certeza de que estava no caminho certo. “Comecei a me esforçar mais, ler francês, tive algumas dificuldades porque nunca tinha aprendido outra língua, mas, quis aprender cada vez mais. Quero ser professora de inglês, ir para a França, conhecer a Torre Eiffel, que é o meu sonho e vou ver os costumes deles”.
Ao longo dos dois anos de aulas, o aprendizado tem sido intenso e satisfatório. “Sempre gostei de ver vídeos em francês, pesquisando, me aprofundando e decidi por esse idioma. Primeiro, começamos com um livro pequeno, ele me ensinou a ler, porque se escreve de um jeito e pronuncia de outro. Ele foi me corrigindo, com o passar do tempo eu fui aprendendo a ler sozinho, agora já sei escrever e estou aprendendo bastante”.
O professor Edmar de Oliveira disse que logo que foi informado de uma carta, em que a garota pedia para fazer um curso de Francês, ele desejou conhecer a história e fazer parte da realização deste sonho. “Entrei em contato com o doutor Anderson e com a diretora, que eu doaria o curso. Fui até a casa dela, disse para a mãe dela que seria um ano de Francês, gratuito, com todo material incluso. Hoje ela já paga para estudar na minha escola, isso é muito gratificante”.
Para Edmar, por ser uma jovem, o desempenho de Alice tem surpreendido e a expectativa é de que ela siga evoluindo no idioma. “Uma aluna muito aplicada, sempre peço para ela trazer em cada aula 10 frases. Eu pergunto em Francês, ela faz a tradução do que escreveu. E, hoje, estamos vendo o resultado dela, falando bem o Francês. Posso falar com muita convicção que ela consegue entrar em um café na França, pedir e pagar, comprar qualquer coisa na Europa e explicar aquele produto que ela quer, em Francês”, finaliza agradecendo a todos os parceiros envolvidos no projeto e à confiança da família.