* Eliza Cristiane de Rezende Marques
Ontem, relendo alguns escritos, deparei-me com o Tributo ao tempo, de Dalai Lama e logo comecei a pensar um pouco mais sobre o sentido da vida. E, especialmente, este fragmento me chamou atenção:
(…)Porque a vida é agora!!
“Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito.
Um se chama ONTEM e o outro se chama AMANHÃ, portanto,
HOJE é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.”
Fiquei pensando sobre algumas questões e algumas perguntas invadiram meu imaginário… Qual é o seu valor das coisas e da vida? Onde estamos e para onde vamos? Quem são as pessoas importantes em nossas vidas? Como cuidar e educar os filhos? Como manter um relacionamento verdadeiro, saudável e duradouro? Qual é, então, o sentido para o nosso viver?
De acordo com Francisco Prado, “Encontrar sentido para a vida é saber responder dia a dia e momento a momento por que e para que vivemos; é fazer esforços para sair da prostração, da indiferença e da falta de vontade de viver; é gerar o entusiasmo como portador da vida pessoal e como potencial sinergético para irromper de forma positiva na vida dos outros seres do planeta”.
Para Lya Luft, numa crônica publicada pela VEJA, talvez a gente não perceba o valor da própria vida. Talvez a gente só consiga viver porque não tem consciência disso. Parece que só diante da morte nos damos conta de que, apesar dos altos e baixos, viver é maravilhoso, viver bem é possível. Na corrida do cotidiano, não paramos para pensar: “O que estou fazendo da minha vida? Como estou tratando as pessoas que amo? De que jeito estou cuidando delas, de mim, deste mundo em que vivemos?”.
Ainda não satisfeita, continuei a garimpar…, logo encontrei um poema, de uma mulher sábia, Cora Coralina que dizia assim “Coisas que dão sentido a vida: São colo que acolhe… braço que envolve…palavra que conforta…silêncio que respeita…alegria que contagia…lágrima que corre…olhar que acaricia…desejo que sacia…amor que promove…Que a vida seja intensa, verdadeira, pura…enquanto durar.
Volto a pensar, agora, com mais veemência, que o que dá sentido à vida não são coisas, mas pessoas.
Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes, e dão sentido à nossa vida pelo simples fato de terem cruzado o nosso caminho. Algumas percorrem ao nosso lado, “vendo muitas luas passarem, mas outras apenas
vemos entre um passo e outro”. Há pessoas que a gente conquista mostrando o que somos. Estas conquistas são verdadeiras e ficam conosco até o fim e fazem a vida valer a pena.
O sentido de nossa existência se exprime pela simplicidade e sinceridade, um exercício expresso por pequenas atitudes diárias e contínuas. Um elo de fidelidade e lealdade que ultrapassa as barreiras do conflito, da discórdia e da desconfiança. É a manifestação abstrata mais concreta que já vi. O entrelaço dos opostos, a “reafirmação de um amor que corre pelas veias; como um carro percorre uma avenida solitária, rápido, coexistente”. O sentido da vida está no amor, no cuidado que se apresentam como remédio do medo, da solidão e insegurança.
Há sentido na vida, também, na cumplicidade vivida a cada dia. Cumplicidade que se concretiza na união das almas, no estabelecimento de uma verdade universal mostrando o quanto somos um só. A humanidade está ligada por laços que ultrapassam os de sangue; são invisivelmente fantásticos. Encontrar sentido para vida é dedicar-se ao outro sem expectativas; somente com a certeza do apoio. É a chance que nos foi dada para escolher aqueles que trilharão o caminho da vida conosco. A oportunidade de fazer contínuo o amor, ultrapassando a existência e, alicerçados nos ensinamentos que Jesus nos deixou.
É saber que não estamos sozinhos; nunca. Nem para escrever um texto.
* Eliza Cristiane de Rezende Marques é professora de Redação e Literatura da Escola “Prof. Jairo Grossi”, docente do Centro Universitário de Caratinga- UNEC, Pedagoga, graduada em Letras pela UNEC-MG. Especialista em Leitura e Produção de Textos pela PUC MG, Pós-graduada em Docência do Ensino Superior e Psicopedagogia UNEC-MG. Mestre em História Social pela USS-RJ.
Mais informações sobre a autor:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4166386D4