PIEDADE DE CARATINGA- Muito trabalho e decepção. Os moradores do município de Piedade de Caratinga utilizavam mangueiras, inchadas e carrinhos para retirar a grande quantidade de lama de dentro de suas residências. Esta foi apenas uma das consequências, após a água invadir as casas e destruir móveis e mantimentos.
“A ÁGUA TOMOU CONTA DE TUDO”
Um dos locais mais afetados foi a Rua João Sabino de Souza. Elisabete Ribeiro tentou salvar alguns pertences, mas, a maioria ficou danificado. A casa foi atingida na madrugada de sábado (6) e no domingo (7). “A gente estava dentro de casa, foi de uma hora para outra, começou a alagar e quando a gente abriu a porta já invadiu a casa inteira, não teve como tirar nada, também não tinha lugar para colocar porque a casa é pequena. Estragou muita coisa, quase tudo, as coisas de comer. Acabou com tudo, única coisa que não perdi de tudo foi a minha geladeira, que consegui levantar, mas, o resto acabou com tudo”.
Ela reside no local há um ano. No olhar, a tristeza ao falar sobre os prejuízos. “A água tomou conta de tudo, se fosse olhar tinha que jogar tudo fora, mas, se eu jogar não vai sobrar nada, nem o colchão para dormir. Gostaria que pelo menos olhassem por nós. Meu marido trabalha o dia inteiro, a gente trabalha na roça, compra as coisas com toda dificuldade, depois perde de um dia para a o outro”.
Televisão, armário e colchão danificados; roupas molhadas e o sentimento de desespero. “A gente não sabia para onde ia, a água pegou quase que na minha cintura. Se eu não tivesse tirado pelo menos o documento, tinha ido embora. Precisava pelo menos sair daqui, a gente acaba chorando, é tanta dificuldade, tanto sacrifício”.
A família segue à espera de assistência. “Nem as coisas de comer direito tem, o que sobrou foi arroz e o feijão, que coloquei na parte de cima. É até difícil falar, a gente é pobre, depende de um salário mínimo para pagar aluguel, comprar um remédio. Trabalhei um ano inteiro para comprar essa cama, agora não presta mais”.
MAIS PREJUÍZOS
Ainda na Rua João Sabino de Souza, a reportagem esteve na residência de Manoel Bastos. Ele decidiu fazer um muro na porta da residência, na tentativa de evitar a entrada de mais água, uma vez que ainda há previsão de chuva.
“Não é a primeira vez, é a terceira ou quarta, mas dessa vez foi a pior. Semana passada deu um sereninho, aconteceu e ontem (domingo), documento misturou, compra da gente, uma bagunça, remédio não sabe onde está. Guarda roupa compramos novo já está tudo podre; roupa de cama está tudo molhado”, destacou.
Manoel lamenta os transtornos enfrentados. “É muito barro, água está faltando, tem nem para tomar banho. Estou entijolando para ver se consigo dormir, estou umas duas noites sem dormir”.
Já na Rua Frei Carlos, a queda de um barranco nos fundos de uma residência quase terminou em tragédia. Júlio Sérgio relata que no domingo (7), por volta de 22h, a família foi surpreendida com o incidente. “Quando assustamos, escutamos só estalando as telhas, o barranco descendo, levantamos para ver tinha descido o telhado com tudo, não teve como fazer nada. Tive que esperar hoje (ontem) para começar a limpar”.
Com a queda do barranco, a terra atingiu o quarto do filho de Júlio que, por sorte, não estava em casa. “Meu filho dorme ali, mas, graças a Deus ele não estava na hora, estava na rua. Quebrou tudo, cama dele, tem umas ferramentas soterradas, ver se daqui a pouco tiramos elas. Foi só bem material, que a gente recupera, o perigoso é se ele estivesse dormindo. Estamos fazendo uma limpeza, mas, com medo de cair mais. Depois desse susto, temos que fazer um muro, desse jeito não tem como, vai chovendo, pesando e terra não tem como a gente segurar. É só Deus”.