“Ouvir sem julgamentos” pode salvar vidas!
CARATINGA – A campanha “Setembro Amarelo” deste ano tem o seguinte tema: Agir salva vidas. A ação que marca o mês dedicado à prevenção ao suicídio é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina. Os especialistas afirmam que a prevenção é a melhor maneira de prevenir o suicídio, o tema deste ano reflete o papel da ação nesta prevenção. É necessário estar atento aos sinais e sintomas para contribuir na prevenção.
O suicídio continua sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo, de acordo com as últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) anualmente mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que devido a HIV, malária, câncer de mama, ou, até, guerras e homicídios. No ano de 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio no mundo: uma em cada 100 mortes. No Brasil, todos os dias cerca de 32 pessoas dão fim a própria vida. O número corresponde a uma morte a cada 45 minutos. Conversamos com a psicóloga hospitalar do Casu – Hospital Irmã Denise, Livya Maria de Souza C. Cathoud, sobre a importância do agir.
A campanha Setembro Amarelo de 2021 propõe o tema: “Agir salva vidas!”. Qual a importância do “agir” na prevenção ao suicídio?
“O Setembro Amarelo visa conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção ao suicídio. Esse ano, nós estamos com o tema “Agir salva vidas!”, que é a ação de pedir ajuda e ajudar. Esse agir não é só dever do profissional da saúde, do psicólogo, do psiquiatra, mas também de toda a sociedade. Você pode estar orientando, falando sobre as consequências do suicídio, realizando uma escuta com essas pessoas, se colocando à disposição, mas sempre orientando a buscar uma ajuda profissional, seja ela psiquiátrica ou psicológica. Esse “agir” sem julgamentos é muito importante na vida das pessoas que estão com essa ideação suicida. É uma atitude que pode prevenir e ajudar”.
O “agir” nesse caso pode ser tanto da pessoa que se encontra em sofrimento, quanto das pessoas que estão a sua volta. Qual a melhor maneira de lidar com a situação estando em qualquer uma das situações?
“Das pessoas que tem algum familiar nessa situação, ou faz algum acompanhamento de alguma pessoa que está passando por esse sofrimento, é importante sempre se colocar à disposição para ouvir, mas sem julgamentos. O suicídio ainda é um tabu na nossa sociedade, então muitas pessoas acham que é drama, acham que quando ouvem que existem pessoas com o sofrimento maior do que a pessoa está passando, então assim, evitar falar esses tipos de frases, colocar à disposição realizar o acolhimento e sempre incentivar a procurar um profissional da saúde e em risco imediato ficar ao lado dessa pessoa e procurar uma ajuda imediatamente. No caso das pessoas que passam por esse tipo de sofrimento, o ideal é procurar pessoas que elas se sintam acolhidas, que elas possam conversar, procurar ajuda, aceitar receber ajuda e acreditar que aquilo vai passar que aquilo tem uma solução e que ela não está sozinha mediante a isso”.
Quais os principais sinais e sintomas que indicam um comportamento suicida?
“A falta de esperança com a vida, a visão negativa da vida e do futuro, isolamento, tristeza excessiva, oscilação de humor. E tem algumas frases que a gente tem que ficar atentos, como: “quero dormir e nunca mais acordar”, “não vejo sentido na vida”, “não tem graça viver”. É um tabu, mas as pessoas ainda falam que a pessoa que quer suicidar não dá aviso prévio, mas isso é um mito, pois a pessoa que tem a ideação suicida dá muitos sinais. É preciso ficar muito atento a esses sinais”.
Qual a relação do suicídio com as doenças mentais?
“O suicídio tem total relação com a saúde mental. As pessoas que têm esse pensamento, está associada a algum tipo de transtorno, seja um transtorno de humor, transtorno bipolar, uma depressão, um transtorno de ansiedade ou esquizofrenia. O uso e abuso de álcool e outras substâncias também é um agravante. Existem situação que geram estresse ou um trauma na vida da pessoa que desencadeia, então isso tudo está diretamente associado à saúde mental”.
Quais os recursos que as pessoas que se encontram nesse sofrimento têm para obter ajuda?
“Para aliviar esse sofrimento existem muitos recursos como a ajuda psicológica, com o psicólogo e a psicoterapia, nós trabalhamos com a prevenção e a pósvenção ao suicídio. É necessário também um acompanhamento psiquiátrico com uma ajuda medicamentosa. A psiquiatria e psicologia se complementam nesse tipo de tratamento, e aqui no Casu nós ofertamos profissionais especializados e preparados para realizar esse atendimento e esse acompanhamento. Tem o CVV também, que é o Centro de Valorização da Vida, onde existem pessoas para oferecer apoio e realizar uma escuta, é totalmente gratuito e sigiloso é só ligar no 188. E em caso de risco imediato o mais indicado é procurar os atendimentos de emergência em saúde”.