CARATINGA- Dois adolescentes de apenas 13 anos de idade, moradores de Caratinga estão desaparecidas desde a última quinta-feira (19), após pegarem ‘rabeira’ de caminhão com destino ao Rio de Janeiro.
Os familiares de Kaíque Rodrigo da Silva, morador do Bairro Nossa Senhora Aparecida, e Rafael Pereira de Sousa, que reside no Bairro Santo Antônio, buscam informações sobre o paradeiro dos garotos.
KAÍQUE
Fernanda Rezende da Silva, mãe de Kaique, relata que deu por falta do filho já no período da tarde. As horas foram passando e a angústia aumentando. “Achei até que ele estava na casa de um amigo, eu liguei, me disseram que ele não estava. Quando deu 18h já comecei a ficar angustiada, 18h30 o irmão do Rafael esteve aqui e falou comigo que eles tinham ido para o Rio de Janeiro de rabeira. Minha intenção foi acionar a polícia na hora, fiquei desesperadíssima, porque até então eu tinha esperança que eles pudessem estar nas redondezas. Saímos à procura deles, fomos até mais para baixo de Caratinga, mas, não tivemos resultados. Não sei nem mais o que eu faço, já não tenho mais direção”.
Ela relata que o filho costumava avisar que iria sair o que não ocorreu naquele dia. A mãe segue buscando respostas para a atitude de Kaíque. “Ele nunca foi de fazer isso. É a primeira vez. Onde ele ia, sempre avisava, pedia. Me pedia dinheiro: ‘Mãe, eu quero ir na piscina. Posso?’. Ele nunca foi de sair sem me avisar. Na minha cabeça ele estava na casa de um amigo. Nem imaginava que eles estavam nessa intenção de fugir, não sou de bater, de brigar com ele. Ele não tinha motivo para fazer isso, graças a Deus tem tudo dentro de casa, carinho, atenção não só da minha parte, mas da parte do pai dele. Foi para se aventurar numa ilusão que ele nem sabe se vai ter volta. É só ilusão de praia mesmo, por ele nunca ter conhecido praia, fiquei sabendo que os meninos tinham falado com ele que na praia é muito bom. Me disseram que ele tinha falado que ia para Copacabana curtir praia, quatro meses, que depois que ele ia tentar entrar em contato. Foram essas informações que tivemos”.
Desesperada, Fernanda explica que tem passado por dias difíceis e pensar que uma criança de 13 anos está sozinha nas ruas é desesperador. “É terrível, passa tudo na cabeça da gente, tudo de ruim (lágrimas). É difícil demais, você não consegue deitar na cama e imaginar que seu filho está sofrendo para a rua afora, sentindo frio, chovendo, passam milhões de coisas. As pessoas falam que pode ter morrido, tem essas pessoas que ficam na estrada aliciando crianças. Passa mil coisas na cabeça, não estou comendo, não estou dormindo. Sento nessa porta, fico na esperança dele chegar e falar que foi uma brincadeira que eles fizeram com a gente. Estou desesperada”.
Ainda ontem, a mãe de Kaíque esteve no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) novamente e reiterou não ter nenhuma notícia sobre as crianças. “O Conselho Tutelar me orientou a não ir atrás, porque, até então, não sabemos em que direção eles foram. Só ficamos na expectativa da polícia, de saber alguma coisa. Estou de pés e mãos atadas”.
Fernanda ainda fez um apelo: “Única coisa que peço, quem ver o meu filho, os meninos, entra em contato com a gente, por favor. Muita gente está julgando a gente, mas ninguém sabe o que é passar o que estou passando. É muito difícil, um sofrimento que não desejo para mãe nenhuma. Uma dor enorme”.
RAFAEL
Rafael reside com o irmão Délcio Luiz da Silva Junior. Naquela quinta-feira, Délcio relatava que estava trabalhando quando um colega de Rafael esteve no local e alertou que o garoto estava planejando ir para o Rio de Janeiro. “Eu não coloquei muita fé, uma criança de 13 anos procurar Rio de Janeiro. Caiu a noite, falei: ‘Até agora o Rafael não chegou em casa, pai’. Pensei que pudesse estar na minha vó ou nos coleguinhas dele brincando. Meu irmão chegou com a notícia de que encontraram um menino que estava desaparecido em São João do Manhuaçu. O menino conhecia o Rafael, era coleguinha deles também. E veio a informação que o Rafael realmente tinha ido para o Rio de Janeiro com os coleguinhas dele. Fiquei pensando como pode uma criança de 13 anos pegar ‘rabeira’ de caminhão e parar no Rio de Janeiro, isso nunca se passou na minha cabeça”.
Conforme informações que chegaram à família, três menores e dois rapazes maiores de idade seguiram com destino ao Rio de Janeiro. Délcio também acredita que o irmão estava deslumbrado com a praia. “Também acho que é a ilusão, nunca conheceu praia, para eles praia é pertinho. Foi em pilha de colegas, é um menino de 13 anos, não sabe nem o que é realmente é a vida lá na frente”.
Délcio explica que todas as providências foram tomadas a partir do desaparecimento, com acionamento da polícia e boletim de ocorrência, bem como divulgação nas redes sociais. “Estamos correndo atrás e até agora estamos sem notícias de nada do paradeiro deles. Meu irmão nunca fez isso, meu pai deu amor e carinho, nunca foi de bater. Cobrava, falava com ele, não faz isso, não faz aquilo. Não tem motivação de pegar um caminhão e ir para o Rio. É um menino tranquilo, estudioso, faz os deveres de casa”.
Até o fechamento desta edição, os dois meninos não tinham sido localizados. Délcio reforçou o pedido de informações a respeito da possível localização dos amigos. “Meu pai está doente, na cama, com o coração muito apertado, ficando sem dormir, não está comendo direito também. A gente como irmão, ficamos preocupados, tem muita pessoa ruim nesse mundo, capaz de machucar essas crianças, molestar essas crianças. Quem souber de alguma informação, faça contato”.
Informações podem ser repassadas pelo (33) 99825-4053.