Condutor fugiu do local, mas se apresentou ontem na delegacia. Ele acabou sendo agredido por familiares da vítima
CARATINGA – Na noite do último sábado (6) aconteceu um acidente com vítima fatal na BR-116. O local da ocorrência foi em frente ao posto da Polícia Rodoviária Federal, porém o registro não foi feito imediatamente e o condutor fugiu.
Eduardo Teixeira de Melo, 59 anos, conhecido como “Véio do Ferro-Velho”, faleceu logo depois de ser atropelado por um Gol conduzido por Jorge Washington de Oliveira Costa, o que ficou esclarecido apenas nesta terça-feira (9).
COMO ACONTECEU
Em entrevista coletiva, o delegado Luiz Eduardo Moura Gomes explicou que no sábado um veículo Gol branco atropelou um senhor em frente ao posto da PRF, no bairro Zacarias. Como os policiais rodoviários federais estavam em diligência em outro local e o posto estava vazio, o condutor do carro entrou na via lateral, acabou atingindo a vítima e fugiu. “A perícia foi acionada e na segunda-feira (8) a família da vítima me narrou o fato e já tinha uma imagem de um local próximo ao acidente que identificava o veículo e com base nessas informações descobrimos o proprietário. Na noite de ontem (terça-feira) consegui contato com pessoas próximas ao proprietário, que disseram que o carro não estava com ele, mas emprestado com um amigo, que é o Jorge e ele não sabia o que tinha acontecido”, especificou o delegado.
O delegado intimou o proprietário e na manhã desta quarta-feira (10), ele e o condutor se apresentaram na delegacia, tendo ainda levado o veículo. Jorge confessou que estava com o automóvel e disse que achou ter atropelado um cone da PRF e não uma pessoa. “De acordo com informações da PRF, quando não estão no posto tiram os cones, então não havia nenhum. O carro tem danos na região frontal, a vítima quando caiu, quebrou o para brisa, o que é totalmente incompatível com atropelamento de um cone. Ele fugiu do local, o carro foi visto passando pela avenida Dário Grossi logo depois do acidente”, disse o delegado.
Jorge está respondendo inquérito policial, a princípio, por homicídio culposo no trânsito, mas o delegado Luiz Eduardo afirma que todas as circunstâncias serão apuradas. Jorge e Eduardo se conheciam, alguns familiares falaram sobre uma possível dívida da vítima ao motorista, o que segundo o delegado, ainda não foi confirmado.
Jorge foi liberado, pois não estava em flagrante.
FAMILIARES DA VÍTIMA
Carlos Henrique Teixeira, sobrinho da vítima, disse que ficou sabendo do acidente no sábado, por volta das 19h, e depois de liberar o corpo do tio para a funerária, começou junto de familiares a buscar por câmeras de segurança nas proximidades. “Foi tudo muito triste, mas buscamos filmagens por perto e chegamos nesse rapaz. Quero agradecer ao delegado e à equipe que se empenharam em fazer justiça. Queremos que esse cara fique na cadeia, tirou a vida de um homem trabalhador, inocente, não fazia mal a ninguém. Convivi como meu tio 37 anos, está sendo muito difícil chegar ao ferro-velho e não encontrar com ele”.
Ele ainda falou o que deseja a respeito de Jorge. “Quero que ele mofe na cadeia, ele atropelou e disse que achou que tinha passado por cima de um cone e fugiu, nem prestou socorro. A PRF não tem câmera no posto e nem policial fica lá, isso é um absurdo, é um absurdo ninguém ver e nem saber. Ele pegou meu tio no canto, num lugar bem afastado. Com certeza bateu a cabeça no para brisa que está quebrado, não tem como ele falar que foi um cone”, concluiu Carlos Henrique.
Quando Jorge saia da delegacia na manhã de ontem, três familiares da vítima o agrediram. Eles foram detidos por lesão corporal, mas acabaram sendo liberados em seguida, já que não houve representação por parte da vítima.