O Galo é bi sim senhor
Foram exatamente 50 anos de espera. Mas, enfim, depois de meio século de fila, o torcedor atleticano pode finalmente bater no peito com todo orgulho e dizer que é Bicampeão brasileiro. Um título incontestável pela forma segura que foi conquistado pelo aproveitamento espetacular de 75%, e principalmente pela qualidade do futebol apresentado na maioria das 38 rodadas. Portanto, por mais que os rivais procurem argumentos na tentativa de diminuir o mérito alvinegro, não tem como negar que o Atlético mereceu muito o título. Afinal, é o time que joga o melhor futebol do Brasil em 2021. Por mais que se encontre aqui, ou ali algum lance favorável ao time ao longo da campanha, numa competição tão longa, todos em algum momento já foram “favorecidos ou prejudicados”. Sendo assim, não precisa ser matemático para afirmar sem medo de errar que não foi por isso que o Atlético conquistou o título. A conquista é fruto de um grande investimento, do trabalho diferenciado de Cuca, da performance individual de jogadores contratados para fazer a diferença como: Hulk, Nacho Fernandez e Arana por exemplo. Soma-se a tudo isso, a sintonia perfeita entre time e arquibancada. A torcida que empurrou o time quando precisava mais de raça que talento, teve papel preponderante. Na minha humilde opinião, são esses os principais ingredientes que levaram o Galo ao título do Brasileirão. Então, comemore sim torcedor atleticano, comemore muito. Você merece
Em 1971 foi assim
Depois de muitos anos de disputa da Taça Brasil e Torneio Roberto Gomes Pedrosa (reconhecidos agora pela CBF como legítimos campeonatos brasileiros). A CBD resolveu enfim promover um CAMPEONATO BRASILEIRO. Candidatos a conquista do primeiro Brasileirão não faltavam: Santos ainda tinha Pelé, São Paulo montou um grande time depois da construção do Morumbi, o Botafogo era visto como um dos grandes favoritos, o Fluminense tinha ganhado em 1970 o “Robertão”, o Cruzeiro tinha Tostão, Piazza, Dirceu Lopes e Cia. Não se falava muito no Atlético entre os principais favoritos, embora fosse um time forte, que tinha no banco Telê Santana e Dadá Maravilha no ataque.
O campeonato Brasileiro de 1971 foi decidido em um triangular, envolvendo Atlético Mineiro, São Paulo (de Gérson, Toninho Guerreiro e Cia) e o Botafogo, que tinha em Jairzinho, o Furacão da Copa de 70, ainda soprando forte e com o poder de devastar defesas inteiras – esta era a grande esperança do Botafogo que vinha de derrota para o Tricolor paulista por 4 a 1. Ao Galo bastava o empate depois da sofrida vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo. Encarar o Botafogo do zagueiro Djalma Dias, do volante Carlos Roberto e dos atacantes Zequinha e Jairzinho, porém, não era tarefa fácil. Em uma grande jogada individual do meia Humberto Ramos, sai o gol do título, ele dribla e passa por Mura, Carlos Roberto e Marco Aurélio, chega dentro da área e cruza para Dario cabecear no canto esquerdo de Wendell. Na comemoração, Humberto Ramos, ajoelhou-se agradecido pela jogada e Dario fez a festa.
A partir daí o Botafogo esmoreceu, a equipe ficou abalada, sentindo que não daria para tirar a diferença. Tranquilo na partida, o Atlético pressionou até o final e poderia ter ampliado o placar, aniquilando o Botafogo.
Após o final da partida Telê Santana desabafou. “Peguei um time talentoso, que há cinco anos não ganhava títulos e estava com o moral baixo”, comentou, cuja primeira proeza foi o título mineiro em 1970. No brasileiro, as bruxas eram os clubes do Rio e São Paulo. “Fiz a equipe entrar em campo sempre confiante nos dois pontos, eu mandava o time atacar e se preocupar só em jogar futebol. Assim são maiores as chances de vencer”, ensina o mestre.
Rogério Silva
@rogeriosilva89fm
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