FREE RENNAN DA PENHA
O funk enquanto gênero divide opiniões de apologia ao crime até a defesa de que é necessário que exista tal representatividade da realidade vivenciada na periferia, como meio de produção e entretenimento de consumo próprio. Independentemente do que você acredita, para as pessoas que veem no funk alguma oportunidade de crescimento, a prisão do DJ Rennan da Penha, que revolucionou o movimento carioca, causa um sentimento de revolta, porém, estimulo de resistência.
A Justiça determinou no último dia 20 (quarta-feira) de março a prisão do DJ Rennan da Penha e mais 11 pessoas que estão envolvidas no “Baile da Gaiola”, maior baile funk do Rio de Janeiro que acontece na Vila Cruzeiro. Ele foi condenado à associação ao tráfico de drogas com pena prevista para seis anos e oito meses em regime fechado. A decisão foi repudiada pela OAB do estado que emitiu uma nota referente ao caso.
“A teratologia do caso, ao emitir juízo de valor negativo em relação a alguém que demonstra afeto a pessoas que faleceram na falida guerra às drogas ou que possua atividade econômica lícita vinculada a um estilo musical marginalizado pela classe dominante da sociedade, salta aos olhos”. Afirmou a instituição ao jornal O Globo.
A criminalização do que é produzido pela favela não é uma novidade. O DJ Rennan da Penha assim como muitas outras pessoas que pagam suas contas do lucro dos eventos realizados lá, sempre enfrentam problemas quando constantemente são associados ao que aterroriza suas comunidades. E os argumentos das pessoas que acreditam no benefício do detrimento da cultura popular, é que tais eventos se tratam de ponto de venda de drogas, porte ilegal de armas e apologia aos mesmos, mas nunca olharam a realidade das pessoas que trabalham a noite inteira vendendo comida, agua, bebida, serviço de limpeza, além da organização que envolve vários funcionários que dependem desse rendimento.
A periferia hoje sobrevive da própria criatividade que chama atenção de dezenas de milhares de pessoas que frequentam o baile idealizado por esse DJ inocentado em primeira instância por falta de provas, e mantido preso pelo racismo enraizado da nossa Justiça Brasileira. Não é sobre a guerra às drogas, já que em diversos outros eventos majoritariamente frequentados pela classe média alta, as drogas são basicamente liberadas e nunca sequer houve uma operação que impedisse tal crime. É sobre a guerra contra a população pobre, preta e periférica e esse tipo de censura contra a cultura popular criada e consumida nesses espaços, fecha mais uma porta na cara de crianças que esperam um dia serem um Rennan.
Liberdade DJ Rennan da Penha.
Anna Rita S. Silva,
Fundadora e idealizadora do projeto Tubmanbra.
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