O lado negro da força – Oscar 2019
Domingo, no dia 24 de fevereiro, aconteceu a cerimônia de premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas fundada em 1929, em Los Angeles. Cerimônia essa que já foi alvo de campanhas como #OscarSoWhite ou Oscar Muito Branco, que visava denunciar a falta de atores, diretores e produtores negros no time de indicados. Celebridades como Will Smith, Jada Pinkett Smith e Spike Lee, decidiram por boicotar a premiação como forma de protesto, em 2016. Desde o ano em que o prêmio foi criado, até o ano 2000, 95% das indicações nas categorias de atuação foram para atores brancos e apenas 5% para de outros grupos étnicos como negros, latinos e asiáticos. Além disso, 94% dos membros da Academia são brancos.
Esse ano foi perceptível pra comunidade negra à tentativa de mudança e inclusão racial da premiação para com as pessoas defasadas por essa diferença. Podemos citar Mahershala Ali que foi o segundo ator negro a ganhar duas estatuetas durante toda a história da Academia, também tivemos Spike Lee comemorando a conquista do seu primeiro Oscar “oficial”, nos braços de Samuel L. Jackson. Regina King, batendo atrizes consagradas como Emma Stone e Rachel Weisz, e levando o prêmio de melhor atriz coadjuvante por sua atuação no filme “Se a rua Beale falasse”. O melhor roteiro adaptado foi pra trama “Infiltrado na Klan” que conta a história verdadeira de Ron Stallworth, o primeiro policial negro a se infiltrar na Ku Klux Klan¹, e pra fechar fomos agraciados com um fato histórico causado pelo Pantera Negra, que venceu em três categorias, entre elas Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte premiando a primeira mulher negra a ocupar essa posição, e Melhor Figurino, sendo também o primeiro filme de super-herói indicado para o prêmio de Melhor Filme.
Devemos estar cientes que a premiação é apenas um retrato contextualizado da dificuldade que pessoas negras enfrentam para serem reconhecidas dentro da indústria cinematográfica, por faltarem papéis relevantes dentro das produções, protagonistas originalmente negros sendo interpretados pelos mesmos e o incentivo financeiro para que diretores e produtores negros possam se desenvolver dentro desse mercado.
É bizarro estarmos em 2019 e ainda existir o primeiro negro a conquistar um feito específico, ou então, a primeira mulher negra a fazer o mesmo. E talvez um passo fundamental tenha sido reconhecer, como a Academia, que sim, não é mais permissível que esse quadro se estenda ao longo dos anos. É preciso ser inteligente para enxergar que existe uma força muito grande recuperando seus lugares, e que essa força tem a cor preta.
Anna Rita S. Silva,
Fundadora e idealizadora do projeto Tubmanbra.
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¹Ku Kux Klan: É uma organização terrorista formada por supremacistas brancos que surgiu nos Estados Unidos depois da Guerra Civil Americana.