Walber Gonçalves de Souza
Vivemos em uma cidade considerada de porte médio, que sofre influências de cidades maiores e paradoxalmente influencia e torna-se referência para as cidades consideradas menores que estão ao seu redor. Sendo que praticamente todas elas surgiram do fruto das emancipações da própria cidade de Caratinga.
E por mais que não nos demos conta é preciso ter consciência de que a vida acontece na cidade que moramos, no nosso caso específico em Caratinga. Ao cuidar da cidade estamos diretamente cuidado das nossas vidas.
A qualidade de vida que queremos nada mais é do que a consequência do trato que temos com o ambiente que moramos. As ruas que se entrelaçam e formam os bairros; estes que se unem formando a cidade são na verdade o berço, o útero, a terra onde faz germinar, crescer e frutificar a vida de cada um de nós.
Algumas situações se tornam contraditórias, muitas das vezes conseguimos observar os problemas de fora, de outras localidades, ofertar nossas opiniões sobre eles, mas em muitos casos somos míopes em relação aos nossos próprios. Parece que vivemos aquela máxima bíblica: “de Jerusalém pode nascer alguém que preste?”; e isto pode significar também que nem sempre conseguimos nos ver, nos perceber como agentes da qualidade de vida que queremos.
Ainda poderíamos pensar, no nosso caso específico, quantas pessoas renomadas brotaram da nossa terra. Não citarei nomes, mas nas entrelinhas uma verdade é fato, não são valorizados como deveriam ser, desculpe-me o comentário, mas até mesmo como forma de fomento para o turismo e a cultura. São fontes de desenvolvimento que são simplesmente renegadas.
Mas o objetivo deste texto é outro, gostaria de provocar em você que agora está lendo este texto a necessidade de perceber-se no local que vivemos, pois a vida acontece aqui, neste espaço, nesta terra; e agora, neste tempo presente, que se gasta sem parar.
O fim do ano se aproxima, e com ele planos e sonhos. Tentemos encaixar nestes planos, um zelo maior para com a nossa cidade, fazendo isto nas coisas simples e práticas, como por exemplo, colocar o lixo para a coleta no momento apropriado. Somente esta prática simples já faria uma enorme diferença na cidade que temos. Seriam tantos os exemplos de atitudes que poderíamos tomar!
É claro que o poder público não pode se isentar de suas responsabilidades. Como brasileiros sabemos que isto é uma realidade utópica, mas não custa sonhar! Cabe aos órgãos competentes zelar por uma administração mais proba, eficaz, que também acredite que a cidade é um espaço comum, de todos e para todos e não somente uma terra de alguns para alguns. Algo que historicamente vem acontecendo.
Cabe ao poder público mostrar de fato para que existe, saber e executar suas obrigações. Todavia, a ineficácia do Estado não pode ser o agravante da nossa apatia e descaso para com o espaço em que vivemos. Negar que é uma situação desoladora seria mentira, mas usar desta desculpa para ser um “não cidadão” também não deveria ser uma verdade.
A vida se gasta no lugar onde vivemos, cada um de nós querendo ou não. E o ambiente acaba sendo também o reflexo de quem somos, pois torna-se uma situação sinequanon.
Que 2018, que daqui uns dias se inicia, sirva também como um ponta pé para novas posturas. Que consigamos conciliar nossos direitos, que devem existir, com as nossas obrigações, que também deveriam existir. Aproveito para desejar a cada leitor que me honrou com a dedicação do seu tempo boas festas de fim de ano. Em fevereiro retorno com a coluna semanal.