DIÁRIO esteve em Santa Rita de Minas, na casa dos bebês que marcaram a reabertura da Maternidade Grimaldo Barros de Paula
SANTA RITA DE MINAS- A notícia do nascimento dos trigêmeos Elias, Eliaquim e Ester no dia 4 de agosto marcou a reabertura da Maternidade Grimaldo Barros de Paula. A família de Santa Rita de Minas foi uma das primeiras a fazer parte desta nova fase do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora.
A mãe Isabela Cristina Souza, 23 anos, precisou ficar internada por um tempo, bem como os bebês que permaneceram na UTI. Passados pouco mais de um mês, todos já estão em casa e o DIÁRIO foi conhecer um pouco mais sobre a história da família e como tem sido a rotina.
A DESCOBERTA
Isabela se recorda que saber que estava grávida de trigêmeos foi uma grande surpresa. “Foi marcada a data do ultrassom, fui toda alegre como toda mulher, pensando em ouvir o batimento cardíaco do bebê e tudo. Conversei com meu esposo uns dias antes: ‘Amor, já pensou vir dois?’. Ele disse que seria uma benção, mas, está nas mãos de Deus. Quando entrei na sala, o médico colocou o aparelho na minha barriga, já viu duas cabecinhas, fiquei assustada. Ele falou: ‘Espera aí que acho que tem mais uma’. Desceu o aparelho e falou que era três. Fiquei assustada, só rolou uma lágrima no canto do meu olho. Fiquei aérea, perdi até o ônibus, deu vontade de contar para todo mundo. Quem contou para ele nem foi eu, foi até minha cunhada”.
Apesar da ultrassonografia mostrar nitidamente os trigêmeos, Isabela demorou a acreditar. “A ficha não caía para mim, parecia ser uma brincadeira. Custei a acreditar, depois que fui para o segundo ultrassom, vi o sexo, mas, acho que fui acreditar mesmo na hora que eu ganhei mesmo. Os três comigo, saudáveis, mesmo que teve algumas complicações com a Ester, mas, graças a Deus deu tudo certo. Fiquei muito feliz”.
O NASCIMENTO
A gestação foi tranquila e ocorreu sem nenhuma complicação. Para o nascimento dos trigêmeos, Isabela buscou inicialmente assistência em outras unidades hospitalares, uma vez que a maternidade de Caratinga estava fechada. Para a surpresa, a reabertura ocorreu a tempo do nascimento dos bebês. “A gente já estudava lutando há muito tempo, indo e voltando em Ipatinga, senti muitas dores e a doutora pediu a minha internação no dia 1° no Casu. A maternidade veio a abrir no dia 3, eles me transferiram para lá. Na maternidade, o doutor Marcelo Antônio esteve lá para fazer o laudo, saber se não estava com nenhum sofrimento fetal, se não estava faltando nutriente para nenhuma das crianças e resolveram operar no dia 4, às 8h”.
Ela elogia o tratamento recebido e se sente lisonjeada de ter feito parte de um momento tão importante para o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora e inesquecível para ela como mãe. “O tratamento foi ótimo, graças a Deus me receberam muito bem, não tem nada que reclamar deles. Fiquei feliz demais, pois não fui sou eu quem foi ajudada, através da abertura da maternidade outras pessoas puderam também ser ajudadas”.
Sobre a escolha dos nomes, o marido de Isabela, Willian Laureano dos Santos, 26 anos, já tinha sua preferência para o nome Elias. Isabela conta com o se deu a escolha dos demais. “Como a gente tinha planejado um filho, meu marido escolheu o nome Elias. Eu não queria, claro, queria outros nomes (risos). Mas, como ele queria muito, pensei que teria que colocar os outros para combinar. Aqui perto tem um Eliabe, então olhei outro nome com ‘E’, decidi Eliaquim. E a Ester, eu queria colocar Maria Cecília, mas quis colocar todos os três combinando e nome bíblico”.
A ROTINA
Em casa, a rotina mudou completamente. Para cuidar dos trigêmeos, a família tem se unido, como frisa Isabela. “Está sendo um pouco cansativo, porque cuidar de três crianças não é fácil, mas, o meu marido me ajuda bastante e temos tentando administrar isso, está dando certo. Minha sogra também tem me ajudado muito. Eles são bastante calmos, durante a noite ficam mais enjoadinhos, mas chorou, deu mamadeira, colocou para dormir, eles têm uma horinha de sono ali, mas bem que podia ser umas cinco horas (risos) para poder descansar. Mas, eles são bem tranquilos”.
Além disso, as despesas com os bebês são triplicadas. A solidariedade tem sido um fator fundamental neste momento, como explica. “Estamos contando com doações no momento, porque meu marido não trabalha de carteira assinada, faz bico, então quando tem alguma coisa para fazer temos uma renda. Quando não tem, ficamos dependendo dos outros. Aqui a casa é do meu sogro e a aposentadoria dele cortou, está variando, tem mês que é R$ 150, R$ 200. Fica difícil”.
‘QUERO UM FUTURO MELHOR PARA ELES’
O pai dos trigêmeos, Willian Laureano, relembra como foi receber a notícia da gestação de Isabela. “Eu estava trabalhando, mas o lugar é ruim de sinal. Ela (Isabela), me ligou umas duas vezes, mas, na subida da minha casa, parei na minha irmã, que falou e eu não botei muita fé. Mas, quando a Isabela falou não aguentei, chorei de alegria, só benção. Ela não acreditava que estava grávida, eu que falei, ela fez dois testes de farmácia de uma vez, o de sangue e não acreditou. Só depois que a barriga estava crescendo”.
Agora, Willian fala orgulhoso que a vida é só alegria e que faz questão de participar de toda a rotina com os bebês; “Tenho que chegar e pegar. Meus filhos são minha vida. Fico doido, quero ficar só perto deles. Eu durmo é de duas em duas horas, porque se chorar eu acordo primeiro que ela, ela está ficando mais cansada, porque a noite ela fica mais que eu, porque tenho que trabalhar, meu serviço é pesado. Posso ir cansado, mas tenho que ficar com eles, ajudo em tudo. É muita felicidade, agradeço a Deus, me abençoou muito”.
A preocupação de Willian tem sido o fato de não ter um emprego fixo. Ele afirma que tem feito alguns trabalhos temporários, mas gostaria de uma oportunidade de emprego mais garantida. “Eu estava fichado quando ela engravidou, nós estávamos morando em Caratinga, quando ela descobriu que era três, pensei, vou ter que ajudar ela. A família dela ajuda, mas, a mãe dela é operada, não podia ficar com ela e eu trabalhando, viajava longe, onde eu morava era perigoso pra ela, tinha uma escada muito grande. Saí do emprego para cuidar dela, depois não arrumei outro fichado. A despesa é apertada, com certeza, por enquanto todo mundo tá ajudando, mas depois vão esquecer. Estou correndo atrás de um serviço fichado, já procurei com muitas pessoas. Trabalho em tudo, o que for para fazer eu faço, por enquanto estou de servente, mas já trabalhei muito mesmo é na roça, lavoura”.
Willian finalizou deixando uma mensagem sobre o que deseja para o futuro dos filhos. “Que eles sejam melhor que eu, não quero a vida que eu tenho para eles não. Quero que eles estudem, formem, eu tive estudo, mas não segui, fui trabalhar. Meu pai sempre foi trabalhador também, aposentou por causa de doença, tem um ano que não está recebendo. Quero um futuro melhor para eles, tentar trabalhar e dar um futuro melhor para eles”.