Como essa fascinação, como tudo começou.
Difícil de lembrar quando começou. Mas teve seu início.
Fato é que até hoje me lembro da sensação. Já estive muito perto.
Fui verdadeiramente cativado. Não era nada em série. Era novidade em cima de novidade.
Era sempre algo novo, orquestrado de fora e de dentro, ou quando tudo de fora faz um clique lá dentro – inacreditavelmente arrebatador!
Desde minha meninice sou leitor das Sagradas Escrituras. Não consigo esquecer especialmente duas professoras (sim, mulheres! More power to you, dear Ladies!). A forma amorosa, tanto na voz como nas expressões faciais – tudo demonstrava, pintava em cores vivas do AMOR as histórias da Bíblia! Nunca jamais esqueci, e nunca esquecerei.
Importante notar que dentro daquele pequeno ser, frágil, suscetível (a tudo), um desejo de conhecer mais e mais sobre aquela FONTE MAIOR da qual falavam, de AMOR foi crescendo, dia após dia.
Na verdade, narrar uma história da Bíblia sem passar amor é algo que é muito difícil de fazer – a não ser que as ‘mãos’ do contador estiverem magicamente amarradas a um monstro, e nesse caso, o monstro, totalmente desumano, pode ser a religião.
Creio que foi isso que ‘pegou mal’ toda vez que Jesus se encontrava com tais homens (e tem mulheres também, infelizmente). Pessoas “doutas”, desprovidas, contudo, do mínimo de sabedoria de vida, do que é viver, do que é levantar cada dia e lutar pelo pão diário, que é – sem dúvida – primeiramente, o valor intrínseco de cada ser humano, a resposta óbvia da pergunta “POR QUE ESTOU AQUI NESTE MUNDO”.
Tive o privilégio (sei que foi verdadeiro privilégio) de ouvir as histórias da Bíblia num contexto certo, o que despertou em mim um interesse cada dia maior de conhecer e buscar essa fonte de amor.
Quando fiz o mestrado de Teologia há 8 anos, tive de escrever um trabalho científico – a famosa dissertação do mestrado defendida em banca – e escolhi como tema uma característica nos principais caracteres bíblicos [Jesus, Pedro, João, Isaías, Moisés (o mais manso de todos os homens) etc. – nessa ordem decrescente]: a generosidade.
Para mim era e continua sendo impossível imaginar que eles, os primeiros seguidores de Jesus, não teriam conseguido exercer uma atração humana especial se não fossem verdadeira, profunda e genuinamente generosos. Jesus atraiu pessoas de todas as camadas humanas, sociais – até gregos desejaram conhece-lo. Por que? Pessoa com desprendimento pessoal, capaz de mostrar e fazer tudo pelo bem do outro – isso, na verdade de todos os “sempres”, é algo muito difícil de se achar.
Eles eram generosos.
Mas Jesus e seus seguidores mais íntimos apenas diziam que estavam “cumprindo a Torah”, isto é, o que Deus tinha colocado para a humanidade desde o princípio: Amar a Deus acima de tudo e todos, e amar ao próximo como a nós mesmos.
Fiquei muito intrigado naqueles anos no mestrado sobre os livros do Antigo Testamento – será que Deus realmente estava falando ali a mesma coisa? Não se diz por aí que o Novo Testamento é que fala de amor, o Antigo (alguns até o chamam de “velho”) Testamento só fala de guerras, vinganças, de destruição, de castigo, etc. e etc.
Fato é que nos dias de Seminário e Escola de Teologia na minha juventude (no mínimo, 7 anos de estudos, em internato!), a preparação que recebíamos era principalmente para sermos bons conhecedores da igreja – e aprender a administra-la.
Qual foi o elemento fundamental deste movimento que virou o mundo de cabeça para baixo no início de nossa era? COM PLENA CERTEZA, não foi por causa das “investidas políticas” do Imperador Constantino, e muito menos, dos seus intérpretes nos chamados “concílios da igreja”.
O AMOR, a generosidade de Pedro, João, todos os apóstolos, das mulheres – talvez a parte mais importante (olha a Maria Madalena, olha a mãe de Jesus, veja o amor que exalavam!). Aqui, mais tarde um pouco, entra também o Paulo, e muitos outros que foram fiéis à visão do fundador. O óbvio era: CUMPRIR A TORÁ (e não, inventar mais uma organização nas quais os desejos e as banalidades humanas se liberam, tornando impuro o bom, o santo, o certo).
Próxima quarta vamos continuar. Que Adonai, o Deus verdadeiro, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, te abençoe e te guarde!
Rev. Rudi Augusto Kruger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – [email protected]