Ildecir A. Lessa
Caratinga
Continua sendo assunto do momento, a questão do Coronavírus (Covid-19). O mundo todo está tomando medidas sérias na tentativa de controlar a infecção. O número de mortes pelos vírus tem aumentado, de forma alarmante, inclusive no Brasil. Alguns especialistas dizem que, isto é apenas o início. O pico da Pandemia está longe de ter sido atingido. Estamos todos à espera que as restrições à proximidade física entre as pessoas que foram postas em prática em muitos países, produzam efeitos, juntamente com outras medidas de controle de infecção e que se desenvolva o mais rapidamente possível uma vacina.
Analistas já divulgam suas previsões, em meio a Pandemia de que, em um cenário de mais curto prazo, virão os problemas econômicos e sociais para os países que, conduziram mal a crise da Pandemia, como Estados Unidos, Itália, Reino Unido e Brasil. Quando o medo de pegar a doença diminuir, cenas de desordem social serão mais frequentes. Pode haver uma desordem social e comoção social em muitos países quando a Pandemia se tornar menos importante.
Contudo, o vírus está causando um impacto nunca antes visto nas cidades brasileiras, já que o país jamais tinha restringido o acesso ao espaço público – do comércio a áreas destinadas ao lazer. No quadro atual, percebe-se a dinâmica da vida urbana. Leva-se a rotina diária de trabalho ou estudos automaticamente e não percebe-se a falta que itens básicos do direito à cidade faz. Isso porque, é na cidade onde as pessoas realizam, por excelência, as trocas.
O isolamento é algo completamente atípico, que deve ocorrer apenas em situações específicas, como na atual Pandemia ou em guerras. Já foi dito que, o isolamento tem um impacto no bem-estar das pessoas, principalmente das mais pobres, já que o receio de perder o emprego gera preocupação e agrava quadros de estresse e ansiedade. Por isso, quanto mais cedo todos se conscientizarem, ficando em casa e assim reduzindo a transmissão do vírus, mais rápido as pessoas poderão recuperar seus hábitos. É durante as grandes catástrofes, que as pessoas tendem a refletir mais sobre seu papel no coletivo. Afinal, a cidadania se faz na cidade, e em uma cidade onde todos tenham empatia pela situação do outro. Por isso, as cidades vão sofrer mudanças permanentes, que vão desde suas formas físicas até estruturas econômicas ou de comunidade. O planejamento urbano vem sendo moldado por doenças infecciosas há milhares de anos. Com governos, médicos e comunidades trabalhando para “achatar a curva”, é provável que algumas políticas e mudanças de comportamento afetarão a forma como vivemos em cidades nos próximos anos.
Em Caratinga, tivemos uma semana de fechamento de algumas Galerias, onde funcionam diversas atividades comerciais e de prestação de serviços, pela equipe municipal da Vigilância Sanitária, o que provocou grande desagrado. Esse fechamento foi determinado pelo Decreto Municipal 097/2020 do Executivo Municipal, devido a uma liminar deferida ao Ministério Público de Caratinga, para impedir a flexibilização que o Município estava vivendo. Proprietários desses estabelecimentos que funcionam nas Galerias fechadas, já estão movimentando no campo jurídico, para mudar essa vedação, com recurso administrativo junto à Prefeitura Municipal local e, até mesmo tomadas de medidas judiciais. Nesse sentido, o Vereador Denis Gutemberg e o Prefeito Wellington mostraram receptivos às reivindicações apresentadas para a abertura das Galerias.
Enquanto isso, necessário mesmo é desenvolver o estado de resiliência, esse conceito que passou a ser utilizado em áreas diversas, como comportamento humano, gestão organizacional e até mesmo no urbanismo. Portanto, a resiliência urbana é a capacidade dinâmica do sistema urbano, em todos os aspectos que o constituem, de manter, retornar, adaptar ou transformar rapidamente suas funções diante de um distúrbio ou mudança que limite suas possibilidades atuais ou futuras. Com isso, a cidade de Caratinga que como as demais, que possui um sistema complexo, vulnerável, precisa de se transformar para enfrentar novos e incertos desafios que influenciam a qualidade de vida dos cidadãos no espaço urbano, os quais vão da desigualdade econômica e conflitos geopolíticos às mudanças climáticas e degradação ambiental. Isso quer dizer que, Caratinga deve tornar em meio a essa Pandemia, uma cidade resiliente, para retornar ao seu estado anterior após o processo de ruptura sofrido pela crise da Pandemia.