Margareth Maciel de Almeida Santos
Doutora em Sociologia Política
Membro do Instituto Nacional dos Advogados do Brasil (IAB)
Eu comentei em um dos meus artigos divulgados pelo Diário de Caratinga, que a criminalidade violenta é vista como um problema social no Brasil. Assim, a necessidade de examinar as condições e deficiências de ordem cognitiva na formulação de políticas públicas nesta área. A criminalidade afeta toda a população, independentemente de classe, raça, credo, sexo, ou estado civil. Isto envolve também a atuação mais empreendedora por parte do Estado. O envolvimento de diversas instituições é de primordial importância para a responsabilidade de apresentar múltiplas possibilidades de resolução. A criminalidade tem aumentado, principalmente se levarmos em conta os fatores como a expansão do mercado de drogas e a falta de oportunidades no mercado de trabalho que gera o interesse dos menos favorecidos em driblar situações, visando o dinheiro para a sua subsistência.
Primeiramente, organizando meus pensamentos para saber aonde quero concluir o artigo, destaco a demissão do ex-ministro da saúde, Mandetta. Essa atitude do presidente Bolsonaro, desagradou uma porção da população que reagiu com panelaços. Este, sempre se apresentava na mídia, dizendo seguir as ordens técnicas da Organização Mundial da Saúde.
O impacto econômico do coronavírus, existente entre saúde e economia, destacados pelo novo ministro da saúde, Nelson Teich, que ao meu ver, tem por finalidade defender o isolamento horizontal. Isso significa que, a população em geral deve ficar em casa, para reduzir a velocidade da disseminação do vírus. E entendo também que para ele, o mais importante é não sobrecarregar os sistemas de saúde e seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde. Por outro lado, Bolsonaro defende que se deve abrir o emprego, por considerar a falta deste, ser, em breve, mais danoso do que as consequências do Coronavírus.
O que me chamou a atenção em Teich, foi a preocupação, os seus questionamentos de como “fazer um programa, definir a melhor forma: como vai fazer a amostra? Que tipo de teste? Para paciente sintomático ou assintomático? Isso vai gerar uma capacidade de entender a doença” (grifo nosso). Aparentemente, me parece que a ideia, é mapear as localizações de maior incidência do coronavírus, fazendo “lockdown” localizados, para saber, aonde estar o inimigo e atacar com extrema estratégia.
Este planejamento proposto por Teich, nos mostra sua capacidade para assumir um cargo de extrema importância nesse momento em que estamos vivendo. Ele tem uma visão muito além de outros ministros, primeiramente uma visão de médico, de oncologista, e depois política para diminuir a propagação dessa praga em larga escala. Em 02 de abril, Teich, defendeu ser “necessária a coordenação dos níveis federal, estadual e municipal dos sistemas de saúde público e privado”. Tudo isso com a intenção de enfrentar a pandemia com cautela em nosso país. Agir mais do que falar é a tática do novo ministro da saúde.
Ainda o ministro escreveu que “cuidados com saúde, estabilidade econômica, educação e condições sociais são todos os fatores que impactam a expectativa e qualidade de vida das pessoas,” inclusive do executivo (fala nossa) e “precisam ser abordados simultaneamente”, pois estão interligados. Ainda citou que a “crise econômica atingiria de forma mais grave as pessoas pobres, mas que seria um erro as classes ricas acharem que ficariam imunes à crise.”.
Ao meu ver o ministro Teich, sua serenidade em falar e a sua velocidade em pensar, programar e agir sobre a pandemia, me fez enxergar que é dessa conduta que estávamos precisando nesse momento. Ele não fica somente sentado diante das câmeras, falando somente de isolamento, mas pensa em planejar, programar o combate do coronavírus em favor de toda a sociedade do Brasil.
A visita do ministro da saúde, Nelson Teich, no Amazonas, para se reunir com autoridades da Marinha, Aeronáutica e Exército Brasileiro, teve como pauta tratar das definições de ações de enfrentamento à Covid-19. Cumpriu extensa agenda de reuniões e viu de perto os hospitais de campanha e retaguarda da capital amazonense. A Marinha, Exército e Aeronáutica são organismos do Estado e a harmonia entre os poderes é fundamental para a governabilidade do país. Aproveito o momento para parabenizar o novo ministro da saúde.
O Brasil tem como característica uma pobreza urbana, que existe e sempre existiu, e que ficou mais evidente agora com o coronavírus. A negligência com os mais pobres, os marginalizados, a desconsideração das autoridades com a saúde pública entre outras ações negativas, potencializam os efeitos da pandemia. Destaco que água tratada e sabão, faltam para milhões de brasileiros. Muitos não têm em sua moradia rede de esgoto. Eu me lembro, quando fiz o meu mestrado em Ciências Naturais e Saúde, na UNEC, das minhas visitas às fazendas de café na região de Caratinga. Eu percebi o descaso do poder público com os lavradores e pessoas da zona rural. Foi um choque ambiental, comprovar a contaminação das águas, a forma de se criar os animais, tudo foi constatado por mim e descrito em minha dissertação como forma de repúdio às autoridades públicas de como lidam com os problemas.
Conforme estudo do IPEA, o nosso país, encontra-se em uma situação perversa. ‘Se a taxa de desemprego diminuiu no Brasil, durante o período de 2005 a 2010, ela aumentou entre os mais pobres.’ E o que se destaca é que a pobreza está relacionada ao desemprego e para o presidente do IPEA, Marcio Pochmann, será “preciso reconstruir o sistema público de emprego no país, e adotar políticas públicas específicas para que os mais pobres consigam emprego”.
Essa é a prioridade do governo Bolsonaro, a erradicação da miséria, principalmente durante essa pandemia. Nós sabemos por meio da mídia, que pessoas perdem o emprego todos os dias e têm como alternativa, invadir edifícios abandonados onde vivem seus iguais, ou como irem morar nas ruas. Como tomam banho esses moradores de rua e como fazem para conviver com os montões de lixo colocados na rua? Isso é uma questão de saúde pública.
Quando eu vejo na televisão, filas de desempregados, pessoas que não estão cadastradas, estendendo por quarteirões, o que virou uma cena comum nesse tempo de pandemia, para receberem o valor de R$ 600,00 (seiscentos reais), para comprarem alimentos para sua família, é de partir o coração. A falta de estratégia da Caixa Econômica Federal para lidar com essa missão também é notável, pois não estava preparada para enfrentar uma situação tão socialmente sensível. Nesse momento, eu concordo com o presidente e entendo a sua preocupação com o desemprego. E ainda fico indignada quando vejo as infrações de fraudes a famílias que não tem o que comer. Percebo com isso que o governo não pode perder o foco na pobreza, na miséria. A situação é dura e cada vez mais precária. Ainda se pode citar sobre as contas públicas que é arrepiante. Um exemplo é que desde que o Rio de Janeiro sediou os Jogos Olímpicos em 2016, milhares de pessoas ficaram sem receber seus salários, ou receberam parceladamente. Quanta corrupção!
Eu entendo que, o erro do nosso presidente, Jair Bolsonaro, é não saber se portar e atacar a imprensa constantemente. Esse é o ponto fraco, já que até o momento livrou o Brasil das mãos dos corruptos, o que para mim é de um valor imensurável. No entanto, parece que essa reação do presidente foi detectada pelos que não querem o progresso e assim esta pressão, que me parece ser um tipo de provocação, e ter que responder a todas as questões em meio a uma calamidade, o faz se sentir, perdido a ponto de mandar que jornalistas calassem a boca. Explico, que o presidente, deveria responder a todos, um de cada vez e que também tivesse o seu tempo para falar. É importante esse tempo de um falar e do outro perguntar. Tudo de forma calma e respeitosa! O ataque foi feito quando o presidente era questionado por jornalistas sobre interferência na Polícia Federal e a troca da Superintendência da PF no Rio.
Bolsonaro está vendo escorregar pelos dedos todo o planejamento que descreveu para o seu governo, cuja finalidade é engrenar a economia e retirar milhões da miséria. No entanto, nada justifica seu comportamento e para mim, o presidente precisa entender que suas palavras têm peso. Falar como pai para mandar um de seus filhos calarem a boca é uma coisa, mas o seu mandar calar a boca, a um jornalista é demonstrar seu desequilíbrio e até entregar o país nas mãos de outros. Além do mais o presidente tem em mente que todos devem comungar com suas ideias e com isso incita seus apoiadores contra a imprensa, onde vimos as agressões por parte de alguns.
Comecei o texto falando de violência, e preciso explicar melhor o significado dessa palavra. A exclusão social tem sido uma categoria importante para relacionar violência e direitos civis. É preciso que Bolsonaro entenda que no Brasil de hoje, e com a mudança da sociedade, ocorreu uma ressignificação da palavra violência. Essa sua fala no imperativo, de mandar “calar a boca”, cedeu espaço para outros conteúdos, como o de frustração, de suas carências e dos limites de seus planos em ter sido rompido por motivo de força maior, a pandemia. Mas isso não se justifica, para tipos de comportamentos, que ele tem em falas com os jornalistas. A sua honestidade, tem como finalidade, fazer de nosso país, um Brasil para “todos”. Ao meu ver, ele sente que as condições políticas estão reunidas para fazê-lo regredir. Os noticiários estão repletos de situações de falas do presidente no espaço público onde demonstra com graus crescentes de autonomia e parece não se preocupar com a sua figura, de presidente do Brasil. Ele precisa aprender a ser presidente. Eu disse isso uma vez em um artigo para o Diário. O admiro, e o comparo, conforme falei no artigo anterior, com Margaret Thatcher, a ‘dama de ferro’. Inclusive cito que as estatais, exemplifico aqui, a Petrobrás, teve lucro durante o seu governo, em 2019, o que não acontecia já há muito tempo.
Por outro lado, reconceitualizar violência, significa de modo a incluir e a nomear como violência, acontecimentos que tempos atrás eram práticas costumeiras. A escravidão, a colonização mercantilista, o coronelismo, contribuíram para o aumento da violência no Brasil. Podemos citar a urbanização também, pois desorganizou e desordenou o crescimento das cidades e influenciou as fortes aspirações para o consumo. E pode-se dizer que a corrupção está associada a violência. E como está!
Definir violência, decorre de uma categoria empírica da manifestação social. Quando Bolsonaro manda em público, um jornalista “calar a boca” não se pode considerar violência, mas pode-se rotulá-lo contra outros grupos, como sendo esse ato uma forma de falta de educação que o presidente apresentou naquele momento, na medida em que os jornalistas são portadores de direitos. No entanto quando se apresenta indícios que confirmam que essas atitudes incitam os bolsonaristas a cometerem barbáries, como se tem visto constantemente as agressões às profissionais de saúde, cito o episódio onde estes, estavam solicitando que as pessoas ficassem em casa é preciso legitimar a violência, enquanto forma de estruturação e regulação do social. Estamos em um país onde a democracia impera!
Hoje é o dia das mães, e mesmo que seja um dia diferente, o amor continua o mesmo! Amor de mãe é intenso, é real, é doação! E para deixar uma mensagem de amor e de paz, na certeza que tudo vai passar, deixo aqui um trecho do livro “Como vais” do padre Airton Freire:
“Se tu soubesses, exatamente, tempos atrás, o que, hoje, estarias vivendo, como certamente, tu te posicionarias? Se tu soubesses, no início da caminhada, o que te aguardaria, como tu responderias, ao que verias daquele momento? Mas a vida tem sua beleza, até por causa de suas surpresas; com sua própria dinâmica, que é sua riqueza, ela se encaminha para além de todo o planejado, para onde ainda existe margem para o inesperado. Ele, o inesperado, faz sua surpresas e, por vezes, vem te visitar, trazendo encantos ou desencantos. Quanto ao que se espera e o que, diferentemente, acontece, tu precisas saber como te posicionar. Que nenhuma acontecimento te prostre verdadeiramente; pois, assim como veio, esse momento passará, já que nada é para sempre” (Padre Airton).
Paz e bem para todas as “mães”!