Margareth Maciel de Almeida Santos
Doutora em Sociologia Política
Membro do Instituto Nacional dos Advogados do Brasil (IAB)
Em busca de respostas para tantas ameaças que a humanidade está vivendo, se analisarmos historicamente, pode-se dizer que os ricos e a aristocracia viviam o imaginário de que tinham qualificações superiores e que por isso estariam no controle. Isso é verdade, existe um abismo entre as classes, onde ricos usam suas habilidades para atuar no poder econômico e político.
No entanto, neste momento de Pandemia, leia-se Coronavírus, essa “virose” não consegue simular uma dissociação entre ricos e pobres, a chamada discriminação. Nesse instante, a Pandemia esclarece que “ninguém é superior a ninguém!”
A origem da pobreza, é que muitos indivíduos foram e continuam sendo privados de serem transformados em pessoas capacitadas, pela falta de oportunidades. As estratégias bem-sucedidas, evidenciam que as novas propostas, no sentido ético e de justiça social continua a mesma. Na semana retrasada conversamos sobre a greve de professores em Belo Horizonte, professores mal pagos, categoria que deveria ser o ponto central do governo, é abandonada.
O que se vê é que à medida em que as massas perdem importância, o Estado, “lava as suas mãos” e as abandonam quando não investem na educação, saúde, moradia, esgoto, ruas pavimentadas, segurança. Pode-se dizer que a polícia é outra categoria, que aqui no Brasil, são contemplados com baixos salários, atrasos nos pagamentos, e assim muitas vezes não são respeitados. Não se fala mais em Estado de bem-estar-social?
Será que estamos jogada política inescrupulosa. Quantos milhões a própria economia do brasil deu para o Corona e o Bolsonaro queria aproveita.
Eu me lembro nitidamente, quando vi na televisão, o presidente Jair Bolsonaro, quem mereceu o meu voto, tirou fotos com a povo que foi às ruas no dia 15 de março de 2020. Ainda não vi, pode se descuido de minha parte, em nossa Constituição ser direito do presidente do Brasil, estimular manifestações, para manifestar contra o Supremo Tribunal Federal.
O que eu quero dizer, é que em nossa sociedade contemporânea, rodeada de conflitos, excessos devem ser evitados, principalmente por aqueles que ocupam funções de gerar os fundamentos de mecanismo para reter a desigualdade, principalmente que parte de uma reciprocidade de vantagens.
Ele, como presidente do Brasil, sabe que nosso país, não possui leitos suficientes nem para atender a população fora de uma pandemia. Penso que, a sua presença no dia 15 de março, foi de solidariedade, mas deveria ter acenado para o povo com uma certa distância, principalmente por que esteve com várias pessoas que foram contaminadas pelo vírus. A informação clara e precisa sobre a Pandemia que o mundo está passando, deveria ser exaltada naquele momento. Diante de tal situação era preciso, o retorno das pessoas para suas casas. Não existe uma resposta cabal para responder a necessidade de Bolsonaro tirar fotos com a população em um momento em que o próprio governo injetou 170 bilhões de reais para custear a saúde.
Desta análise, decorre a conclusão de que no século XXI, o progresso da civilização implica a produção permanente de mais diversificadas formas de sobrevivência. Vimos que, após a Organização Mundial da Saúde, requerer a nossa permanência em casa, o aumento da atuação do mercado online, com pedidos de refeições, supermercados e farmácias. No entanto o desemprego e as dificuldades de sobrevivência, se agravaram ainda mais com a pandemia. O indivíduo se encontra vulnerável aos efeitos das crises cíclicas dos processos econômicos de produção.
Nesse sentido, o presidente Bolsonaro faz um apelo para que o Brasil volte a se movimentar! Perfeitamente viável!
As escolas sem alunos, por causa de greves, antes da disseminação de Corona vírus, pessoas que morrem de fome, sociedade sem policiais, cidades sem esgoto, o que já se via bem antes do Corona, parece que os efeitos dessa verdade, se tornaram mais nítidos, após esta onda de mortes por todo o mundo, e consequentemente ficaram mais visíveis os “abismos entre as classes”. O que se percebe é que para os miseráveis nunca houve e nunca haverá trabalho suficiente e digno. Meu Deus!
Temos hoje também, a substituição do trabalho humano pelas máquinas. Eliminar a pobreza por meio de intervenções das políticas públicas de previdência, regulando a produção e o consumo, é o desafio. A vida econômica da humanidade se caracteriza por fases distintas, e é grave a máquina substituir o trabalho humano.
Com o pedido do presidente Bolsonaro para voltarmos ao “normal” se é que se consegue, depois de tantas informações, parece que me sinto impotente e confusa diante da situação global. Sei que o mercado não pode parar, as pessoas precisam ir trabalhar, como já fazem os caminhoneiros, os médicos, os enfermeiros, jornalistas, os policiais.
A temática desse novo vírus, reúne, nesse período, ativistas, pesquisadores e acadêmicos no debate político-social que se consolida em uma agenda de ações perspectivas. É preciso salvar a economia, mas deveremos rever os riscos das práticas humanas não planejadas.
Na verdade, essa pandemia é uma experiência social com consequências preocupantes, principalmente por conta do avanço tecnológico e econômico das grandes nações. Esse acontecimento despertou um sentido mais humanizado, uma denúncia das consequências maléficas do progresso econômico, uma busca por um novo “ethos”, para além dos discursos. É preciso assimilar as práticas sociais coletivas e as tensões políticas que emergem no seio da sociedade.
Para mim, nessa crise, não sobrevive os mais fortes, mas aqueles que têm a capacidade de se adaptar à qualquer situação, destacando nesse contexto o processo de construção e manutenção da identidade social do indivíduo diante dos desafios fragmentadores.
Eu me recordo de quando estudei em meu doutorado, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Meu professor falava da” figura do camaleão, na compreensão da identidade como sendo um processo que oferece liberdades, e ao mesmo tempo uma sensação de angustia no indivíduo líquido moderno”. O camaleão reconfigura-se seus atributos de acordo com as situações.
Lembremos que o trabalho, dignidade da pessoa humana é interligada à justiça social. Eu acredito na educação para fortalecimento de capacidades, por meio de oportunidades. Assim um sistema de educação provido pelo Estado, permite as crianças se tornem melhores cidadãos. É a responsabilidade moral ver que existem cidadãos dependentes do Estado, cuja finalidade é prover camaleões capazes de criar estratégias para se adaptarem à nova situação, criando o Estado Social de Direito. É a camuflagem! Não sejamos pegos pelos predadores!
PAZ E BEM!