Margareth Maciel de Almeida Santos
Advogada e doutoranda em Sociologia Política.
Pesquisadora CNPQ.
No final da semana passada estive aí, em Caratinga, para o casamento da filha de uma amiga que a tenho guardada no lado esquerdo do peito. Abro parênteses para dizer que estava tudo perfeito! Aproveitei para matar a saudade da cidade que amo, rever pessoas que admiro e que tenho por elas uma grande estima, mesmo que o tempo e a distância dizem ‘não’.
No entanto o que eu quero dividir com vocês foi a minha indignação durante o trajeto de minha ida para Caratinga. Observei que muitas pessoas na estrada abriram as janelas de seu veículo para atirarem o lixo que se encontrava dentro de seu carro. Impressionante, a quantidade de cascas de bananas, mexericas, papel de balas e chocolates saiam voando pela estrada afora.
Passei a questionar para que eu pudesse entender o porquê dessa atitude, pessoas jogarem o lixo pelas janelas do carro, se hoje existe tantas informações que nos alerta a todo o instante, que o “lixo” que escorre para os rios, para os bueiros, gera a “desordem” causando alagamentos e enchentes horrorosas, as quais vivenciamos todos os anos. Além do mais é falta de educação e infração prevista no artigo 172 do Código Nacional de Trânsito.
Penso que isso já virou hábito e defino como um comportamento antissocial, que pode gerar vários delitos. Pode até parecer que jogar uma casca de banana pela janela do carro, seja insignificante, no entanto deve ser repreendido, pois com tantos acontecimentos que estão massacrando a ordem de nosso país, a tolerância é zero e existe a necessidade para combater qualquer comportamento que fuja dos padrões sociais. Todos esses comportamentos devem ser direcionados para que possamos pensar em um conjunto de fatores que contribuem para o desenvolvimento social.
Eu preciso escolher entre em sair da zona de conforto, simplesmente abrir os vidros, em vez de juntar o lixo que está no carro, colocá-lo em uma sacola, para depois o colocar na lixeira. Fazer escolhas nos capacita em encontrar soluções para os mais variados problemas de modo que sair do meu conforto, nos ajuda a produzir resultados favoráveis. É preciso ressocializar aquele indivíduo que contribui para a desordem, a fim de possamos lutar a favor da democracia.
Durante a viagem vivenciado esses episódios de jogar o lixo pela janela do carro, me remeteu ao episódio da Bíblia, quando Jesus Cristo, indagado sobre o comportamento de uma mulher adúltera, pediu que “os defensores dos bons costumes” atirasse a primeira pedra aquele que não tivesse pecado. E quem atirou? Todos os que estavam lá foram saindo, um cada de vez, começando pelos “mais velhos”.
Cientificamente falando me remeti a Edward Lorenz, quando ele explica que a sociedade precisa “conhecer o efeito da realimentação do erro”, o qual o filósofo e matemático chamou de EFEITO DE BORBOLETA. É a noção de que o indivíduo deve ter que “o bater das asas de uma borboleta num extremo do globo terrestre pode provocar um caos num outro extremo em um pequeno lapso de tempo”.
É difícil escolher se atravesso ou não o meu conforto, fazer escolhas nos dá medo, porque a mutação me torna em uma outra pessoa. No entanto quando essas escolhas são direcionadas para o bem comum, e para me tornar um ser melhor, vale a pena tentar!
PAZ E BEM!