Margareth Maciel de Almeida Santos
Advogada e doutoranda em Ciências Sociais.
Pesquisadora CNPQ.
A discussão sobre a situação da mulher nos dias de hoje tem sido identificada à luz da violência em todos os aspectos que estas sofrem diariamente, seja no lar, no emprego, ou mesmo a violência simbólica que é definida por Pierre Bourdieu, como sendo aquela que denigre a imagem da mulher, palavras ásperas ditas pelo companheiro, marido ou namorado. Por sua vez, mesmo corroborando com esse cenário, é preciso levar em conta que novos desafios em termos de formas de ação têm sido gerados por espaços e oportunidades, destacando entre os exemplos, a exigência por um elevado grau de profissionalismo e especialização, o que irá proporcionar a essas novas mulheres, uma gama de condições com o intuito de criar posturas mais propositivas na sociedade.
Precisamos sim, nesse dia 08 de março, considerado o Dia Internacional da Mulher, falar sobre a força e a capacidade “dessa mulher”, cuja trajetória de lutas por elas percorrida lhes recompensaram vários campos de vitória. Hoje é notável a presença de mulheres que ocupam cargos importantíssimos, líderes em países situados na Europa, América Latina, no mundo inteiro.
Diante de tantas mudanças no seu contexto de atuação, precisamos construir novas visões que combinem com os novos patamares de responsabilidade que ficam à cargo das mulheres.
Citamos aqui, o futebol que era reconhecido como uma arena demarcada pela masculinidade, como se não fosse desejado pelo sexo feminino. Hoje em dia, o número elevado de mulheres que se interessam por esse esporte, que frequentam os estádios, profissionais que se inserem como jogadoras, árbitras e jornalistas nos revela um novo espectro de representações. A participação dessas mulheres é atualmente é legítima nesse esporte.
Há um tempo era difícil de imaginar que teríamos aqui no Brasil, a segunda mulher que assumiu o cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmén Lúcia, comandando a mais alta corte do país. O que mais me chamou atenção foi sua determinação quando quebrou o protocolo ao cumprimentar em primeiro lugar o cidadão que a chamou de “autoridade suprema de todos nós servidores públicos” em vez do presidente da República, Michel Temer.
É preciso também destacar que mesmo que a mulher opte por estar em casa, cuidando de seu lar, as inúmeras tarefas desempenhadas por ela, a torna uma mulher fantástica! Estas já não são mais coitadinhas e frágeis ao contrário, as caracterizo como fortes e decididas!
Nada disso seria possível, sem os movimentos sociais que têm um papel emblemático nessa ascensão da mulher! Um de seus objetivos foi analisar o “retrato da mulher” dentro de um contexto social, onde seus valores, significados, crenças, códigos culturais, e descontentamentos foram destacados. O movimento feminista, promoveu uma ruptura em certos valores imaginários que impediam a mulher de ser vista como absolutamente capaz!
A identidade coletiva compartilhada e produzida pelos movimentos sociais implica novos sistemas de regras, de lideranças, e se cristalizam através de uma outra forma de se “fazer política”, expressando uma nova linguagem que interpreta o mundo das mulheres diverso daquele que a colocava como “submissa e relativamente incapaz”, dando a nós mulheres uma nova identidade como participantes do processo de transformação.
Não se pode deixar de lembrar nessa data do dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, a ativista que lutou em prol da profissionalização das prostitutas no Brasil, Gabriela Leite, natural de São Paulo, prostituta da Boca do Lixo, na capital paulista, de zona boêmia de Belo Horizonte e da antiga Vila Mimosa, no Rio de Janeiro.
Ela estudou ciências sociais pela USP, e em 1992 fundou a ONG Davida! A trajetória de luta de Gabriela Leite, fez com que, em 2002, o Ministério do Trabalho incluísse os profissionais do sexo entre as ocupações, permitindo que as prostitutas trabalhem como autônomas. A missão dessa ONG é criar oportunidades para o fortalecimento da cidadania das prostitutas por meio da organização da categoria, de defesa da promoção de direitos, da mobilização e do controle social. Entre as atividades da organização está o desenvolvimento de projetos de prevenção a DST, e AIDS, em parceria com o Ministério da Saúde.(www.davida.org.br).
Na verdade, a força do feminismo está em recolocar a forma de entender política e o poder, e isso ocorre a partir do momento em que se questiona os sistemas culturais, e supera os preconceitos inscritos em expressões de fala presentes em nosso cotidiano, que subordina pessoas de acordo com sua cor/raça/ gênero ou classe.
Penso que desde que foi criado o Dia Internacional da Mulher, todas são dignas de serem homenageadas, enaltecer seus valores, suas qualidades, a relevância do papel que exercem em todas as áreas, mas reafirmo que a luta das mulheres por igualdade de oportunidades venha a confirmar a cada dia o reconhecimento de seus direitos de participar em qualquer âmbito de sua vida na sociedade, e sobretudo devemos respeitar suas singularidades!
Não nos esquecemos que discriminar é prejudicial, pois destrói lares, famílias e atinge a sociedade!
A todas nós: – Paz e Bem!