Margareth Maciel de Almeida Santos
Doutora em Sociologia Política
Membro do Instituto Nacional dos Advogados do Brasil/ RJ (IAB)
Se não fossem vocês me perguntarem porque parei de escrever para o Diário de Caratinga, talvez ainda estivesse sem forças para estar aqui hoje. Desde que minha mãe faleceu, vítima do covid, apareceram diversas situações, tive a sensação de me encontrar em um labirinto. A verdade é que a “paciência tudo alcança” e com fé em Nosso Senhor Jesus prosseguimos.
O tempo é o nosso aliado também, mas nessa dinâmica que se encontra a minha vida, fiz um paralelo e percebi que os problemas do nosso Brasil, continuam os mesmos. Desigualdades, chuvas, fome, pobreza, desemprego, marginalização, drogas, mulheres violentadas, crianças assediadas, discriminação, saúde, cultura, educação, moradia e outros. O somatório nos traz uma visão ampla, que as radiografias dessas variáveis ainda estão longe de construir valores para a minoria. Existem aqueles que não são vistos, que não são alcançados pelas políticas públicas. Cada problema ou cada variável como chamei acima é gerada pela sua especificidade, a sua necessidade de aclamar o bem social.
Será porque tudo se repete? Tomemos como exemplo, os anos 2020 e 2021, totalmente atípicos. Quando poderíamos pensar em pandemia? Os valores das instituições deveriam estar voltados para esse foco de forma a contabilizar, minimizar os efeitos negativos dessas variáveis juntamente de como evitar a contaminação e a mortalidade da população.
Mas o que se vê é que essas questões estão longe de serem levadas realmente a sério. Primeiro o Brasil se encontra cada vez mais polarizado, ou é extrema direita ou é extrema esquerda. Não existe meio termo. Qual é a verdade de todo sistema de poder?
O problema é que a ideologia nunca é justa para alguns e assim fica impossível constituir uma nova política. A ideologia, falando de uma forma muito fácil, envolve a maneira de pensar de um indivíduo, ou de uma classe, representando seus interesses e convicções.
Para alguns, há uma tentativa do partido da esquerda em tirar vantagem da crise gerada pela pandemia. Por outro lado, quando analisamos que a maioria de deputados e senadores aprovaram a Lei de diretrizes Orçamentárias, aponta que esse determinado grupo de políticos defendem o interesse desse grupo, assinalando que os deputados e senadores desempenham a mesma ideologia, mesmo pertencendo a partidos diferentes.
E o que diz o texto da referida lei?
Prevê déficit de R$170,47 bilhões para o orçamento, sem falar no fundo eleitoral ampliado para mais de R$5,7 bilhões. Isso quer dizer que nós, teremos que pagar materiais de campanha, equipes de marketing e uma carga tributária muito alta. Ao apontar esse fato, posso dizer que as ideologias são sistemas de ideias distorcidas, enganadoras, conforme aprendi nas aulas de sociologia, onde os professores nos ensinavam sobre Marx e Engels.
Segundo o Correio Braziliense, o presidente Jair Bolsonaro “saiu em defesa dos parlamentares da base do governo que, na semana passada, permitiram um reajuste no fundo eleitoral para 2022”. (Correio Braziliense.com.br/politica/2021/07/4938675).
Disse Bolsonaro:
“Os parlamentares que votaram favoráveis foram rotulados como se tivessem votando por essa majoração do fundão, coisa que não é verdade. O PT que votou contra, votou contra a LDO para tentar prejudicar meu governo, e aí passaram a ser os heróis que triam votado contra o (fundão). Muito pelo contrário. O PT é um dos partidos mais ávidos pelo fundo eleitoral. Quem está sendo massacrado deveria ser elogiado, porque ajudou a aprovação da LDO”, comentou o presidente. (Correio Braziliense.com.br/politica/2021/07/4938675).
Ainda segundo o Correio Braziliense, as declarações do presidente, ocorreram em uma entrevista à Rádio Itatiaia, onde Bolsonaro “volta a dizer que “ vetará o reajuste do fundão, pois o aumento foi extrapolado”. Ainda ressaltou que “não é obrigado a intubar para o lado de cá”, e “ passa a bola para o parlamento, já que a última decisão caberá ao Congresso, após sua decisão de veto.”
Posso entender que essa concentração de força, de poder, de interesse, resultará em maior dinâmica do poder hegemônico. É o grau de interesse, onde se esquece de todas as variáveis de que citamos acima. Ainda posso dizer que o grau de interesse estratégico mostra como a distribuição da lógica de poder é preponderante, a influência na política determina as leis com vistas a entender que tudo está em uma órbita de circulação, longe de resolver os problemas da Nação. Na verdade tanto a esquerda como a direita são duas faces da mesma moeda.