Sua mãe já lhe puxou a orelha? A minha muitas vezes, quando fazia algo que ela não concordava. E foram tantas… sinto até saudade!
Gostaria nesse artigo lhes proporem uma reflexão sobre os nossos puxões de orelha, olhando os como sendo uma forma de nos corrigir e não os entendermos como sendo uma reação de ódio por nós, mas sim pelo nosso comportamento de respeito com o próximo. Mas em primeiro lugar quero desejar a todos vocês leitores e leitoras, ESPERANÇA E PAZ. É Natal, é o encontro com a misericórdia do Senhor Jesus, que vem a todos os instantes para nós, nos envolvendo com o seu AMOR.
NATAL E ANO NOVO são tempos de que deveria ser ecoado um grito pela PAZ, o mundo inteiro suplicando que seja estabelecida a Justiça de Deus. Esse grito nos diferentes âmbitos da vida, seja no uso da terra, na posse dos bens, na relação com o próximo, sobretudo os mais pobres e os que caíram na desgraça, porque ninguém vem ao mundo para ser oprimido. O desespero dos gritos das minorias que denuncia situações de exploração da terra e de opressão do próximo.
Somos irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Pais? Nascemos para ser livres segundo a vontade do Senhor?
Em uma festa na semana passada para a Confraternização de Natal, o que se ouvia era a espera da morte do Presidente Lula, devido ter que passar por outra cirurgia no cérebro, consequência de uma queda no banheiro. As pessoas estavam entusiasmadas para que tudo ocorresse da pior forma possível contanto que o Presidente Lula viesse ao óbito. “Dessa o Lula não sai, vocês viram que o dólar desceu? Se ele morrer toda a economia voltará ao normal, basta acontecer”. Disseram ainda em tom de alegria, “que todo mundo deseja a morte de Lula”.
Nesse círculo de amizades de pessoas que se dizem cristãs, eu levantei a minha voz e disse: – pode ser que uma parcela da população queira isso pois desejar a morte para o outro é um ato de insanidade e lembremos que Lula desperta tanto o amor quanto o ódio. E para não dar continuidade à conversa resolvi ir para a mesa de doces, os quais eu amo…prefiro doces do que salgados. E os doces me ajudaram adoçar aqueles instantes, ao mesmo tempo em que eu pensava sobre a neurose alimentada pelos odiadores insanos do petista.
Exatamente pensei que só um psicanalista ou psiquiatra se anulando em relação ao que Lula fez ou deixou de fazer, é capaz de entender tanto ódio. Se Freud e Melanie Klein estivessem aqui poderiam nos explicar, penso eu:-mesmo que exista tantos estudiosos sobre esses comportamentos.
Na nossa vida existem tantas quebras de relações, tantas ofensas de um para com o outro e precisamos superar essas quebras, pois quem carrega o ódio, a maldade, é quem sofre as consequências. O ódio pode até parecer um sentimento ingênuo, mas pode ser fruto de desinformação e calcado em fatos que podem até serem reais. Por outro lado decaptar alguém como forma de alegria, é inaceitável para mim. E o mais interessante é que as pessoas chamam o povo brasileiro de babaca como se não fizesse parte do povo brasileiro. Mas a elite não quer ser parte do povo brasileiro, se vendo como acima do que é pobre.
Seria esse ódio procedente da origem pobre e à pouca escolaridade que Lula tinha quando foi eleito para presidente do Brasil pela primeira vez? Ainda questiono de Lula não possuir os cinco dedos e não pediu aposentadoria por invalidez? Ou porque dizem que ele roubou, que ele é corrupto? Mas quantos presidentes passaram aqui no Brasil e tem passagens relacionadas à corrupção?
Isso nos leva a representar as formas de pensa e do comportamento social capaz de anunciar abertamente os sentimentos que emergem da rejeição a origem do Presidente Lula.
Penso, digo novamente que a elite brasileira parece não se conformar que a maior autoridade do Brasil foi um ex-metalúrgico, o preconceito de que pobre nasceu para obedecer e não dar as ordens nos esquecendo de nossas origens que muitas vezes nasce da pobreza.
Militares que foram investigados, os quais abortaram de última hora o plano de assassinar Moraes, utilizando técnicas avançadas do treinamento militar, os quais posicionaram agentes perto do STF e da casa do ministro, mas cancelaram a ação porque o julgamento da Corte terminou mais cedo do que o previsto e ainda o presidente Lula e o vice-presidente Alckmin. Envenenar ou usar químicos para matar Lula, gerando um colapso orgânico, data que Lula estava em São Paulo participando do evento Natal dos catadores, no centro da capital paulista ainda nos conta o site UOL.
Conclamo vocês em vez de arquitetarmos a maldade, deveremos sentir de alguma forma, responsável pela devastação a que a nossa casa comum está vivendo, a começar pelas ações que, mesmo indiretamente, alimentam os conflitos que estão destruindo a humanidade. Isso não é questão de ser extrema direita ou extrema esquerda, mas de sim entrarmos em um consenso respeitando o que o Povo decidiu nas urnas.
A Guerra está aqui dentro de nosso País, dentro de nós.
Pode-se responder às questões colocadas acima em relação às desigualdades de todos os tipos, aos tratamentos desumanos que é dado aos migrantes, à degradação ambiental, à confusão gerada intencionalmente pela desinformação, à rejeição a qualquer tipo de diálogo e ao financiamento ostensivo da indústria militar.
Todos esses fatores citados acima representam uma ameaça real à existência de toda a humanidade. As asperezas, a dificuldades que temos de apontar o dedo para nós mesmos e a facilidade que temos de apontar o dedo para o outro. Atire a primeira pedra aquele que não tem pecado.
O ensaio 3 do livro II de Os ensaios, que foi intitulado “Da crueldade”, Michel de Montaigne que foi um filósofo francês, ele desenvolveu uma argumentação acerca de que o verdadeiro mal é a crueldade, e não a morte. Montaigne menciona que “dificilmente chora pelos mortos, antes os invejaria, uma vez que que está morto não necessita de pena. Ele diz em Ensaios, que são os moribundos que vivem em condições de miseráveis é que são dignos de pena”.
Ele evidencia a virtude da sensibilidade dado o contexto histórico e religioso do século XVI, apontando a diferença “entre as virtudes das pessoas boas, a bondade que existem dentro de nós enquanto outras pessoas possuem um furioso apetite de vingança. Ceder aos males é fraqueza, mas a maior loucura é alimentá-los “.
É por meio da razão e não da bondade que atinge o indivíduo virtuoso que não se abala pelo mal que o atingiu. Vejam o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, ele se abalou profundamente por não ter sido eleito democraticamente pelo povo brasileiro.
A humanidade precisa quebrar as correntes da injustiça para proclamar a justiça de DEUS e para isso são necessárias transformações culturais, estruturais, para que possa haver em nós uma mudança duradoura a fim que façamos um mundo melhor.
Para Montaigne nós chamamos Deus de Bom, de forte e de justo. Os atos de Deus são todos naturais e sem esforço. Assim para Deus não existe o conflito necessário que seria fundamental para que uma ação fosse considerada virtuosa porque Deus é Deus, não precisa lutar contra as sementes dos vícios, porque Ele é o dono de tudo.
Nesse contexto ouvi uma vez que “DEUS QUE NÃO DEVE NADA A NINGUEM, CONTINUA A CONCERDER NOS INCESSANTEMENTE GRAÇA E MISERICÓRIDA A TODOS OS SERES HUMANOS”. Ouvi essa frase do Reitor Padre Fernando Lopes do Santuário Nossa Senhora de Fátima de Belo Horizonte/MG, e ela permaneceu em mim, como tivesse fincado uma faca em meu coração de forma que a carrego sempre comigo
Ainda quando ele citou “Isaque de Nínive” que eu já havia lido sua bibliografia, pois foi um Padre da Igreja Oriental do século VII, e me chamou atenção quando eu lí sobre o que ele disse em relação ao amor de Deus e que por coincidência foi o parágrafo mencionado pelo reitor padre Fernando na confissão comunitária: “ O teu amor é maior do que as minhas dívidas. Pouca coisa são as ondas do mar comparadas com a quantidade dos meus pecados, mas seu eu pesar os meus pecados, comparados com o teu amor, eles desaparecem como se nada fossem. Deus não calcula o mal cometido pelo ser humano, mas é imensamente rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou”.
Por isso puxar as orelhas de quando queremos educar o próximo é importante para reinar o respeito pelo outro e precisa estar sempre em primeiro lugar, pois pensamentos críticos nos enaltece.
Vocês se lembram do caso que foi veiculado pelas mídias , da criança que fez um escândalo em um avião porque queria sentar-se na janela lugar que já havia sido comprado por outra passageira e por ter seu direito adquirido não quis ceder o lugar?
Nesse contexto eu lhes questiono: – Quem merece o puxão de orelha? A mãe ou a criança ou a passageira? Lembremos que a criança é um ser social igual aos outros e desde cedo precisa aprender a respeitar o outro.
PAZ E BEM!