Vários estudos mostram por meio de metodologias que existe uma correlação entre as mídias que possuem conteúdos violentos e os comportamentos agressivos de pessoas que consomem tipos de violências diversas. Aliás as mídias acirram as paixões nas sociedades de forma em geral.
Eu gostaria de chegar em dois pontos chaves quando se fala nessa correlação entre mídia e violência. Vejamos o assunto mais comentado nessa semana.
José Luiz Datena (PSDB), apresentador de noticiários repletos de violência, crimes agressões, cuja apresentações despejam uma carga de violência em todos os tipos de pessoas que acompanham seus programas. No entanto, apesar de se dizer ser contra a violência, deu uma cadeirada em seu adversário, Pablo Marçal (PRTB), ao vivo durante o debate na TV Cultura.
Por ser conhecido mundialmente, esse seu comportamento repercutiu até na imprensa internacional – que chamou o episódio de “ chocante “ e “ caos político”. (estadão).
Um fato verdadeiro e nocivo como este, independente do que o outro lhe tenha atribuído, penso que não justifica a sua atitude. O mais amplo estudo já realizado sobre essas consequências concluiu que há basicamente, 3 efeitos potencialmente nocivos:
1)Pessoas aprendem e/ ou reproduzem atitudes e comportamentos agressivos;
2)Tornam-se insensíveis à gravidade da violência;
3)Sentem medo exagerado de serem vítimas de violência no mundo real. (Informações retiradas em Poder do Povo).
Me parece que esse comportamento do apresentador Datena e também do candidato Pablo Marçal nos mostra como a nossa democracia está se enfraquecendo. Esse é o primeiro ponto chave que gostaria de compartilhar com vocês.
Foram 21 anos de vigência de regime autoritário, de 1964 a 1985. Acabou-se o regime autoritário e foi instaurado o Estado Democrático de Direito, fato que todos nós temos conhecimento. No entanto pode se questionar: – O que está acontecendo com a nossa democracia?
A cada segundo são notificadas violações graves de direitos humanos, radicadas, que se pode dizer presentes nas estruturas sociais, e consequentemente enraizadas nos costumes. Será que no curso do processo de transição democrática, recrudesceram as oportunidades de solução violenta dos conflitos sociais? Será que não existem mediações institucionais capazes de assegurar a pacificação da sociedade?
Eu não consigo entender como se procede certos candidatos diante de um debate político para se elegerem, sejam como vereadores, prefeitos, deputados, senadores, presidente. Tantos nos debates, como também dentro das instituições a presença de posicionamentos mesquinhos, acenando para um autoritarismo que foi implementado há muito, sem considerar que o público que os assistem anseiam por soluções. Soluções para segurança, moradia, saneamento, saúde, educação, cujas bases materiais são de extrema importância para a sobrevivência do povo.
A palavra é sobrevivência pois têm muitos que não têm o que comer e nem saneamento básico.
E nesse contexto se fica agredindo o outro, quebrando normas, incapazes de se adequarem à marcha civilizatória, desviando a finalidade do debate, dando sério estímulo ao recurso da violência com gestos e palavras que rompem os laços da seriedade do porquê estão sendo inquiridos, quais os seus planos para as clivagens econômicas, sociais e culturais?
Moralmente penetrar nesses debates, é dizer não para esses comportamentos, e não podemos deixar que esses nos alienam e passamos aceitar esses tipos de debates, tão importante como é a ELEIÇÃO. Eleger aqueles que confiamos para nos representar, é um ato de suprema importância.
Se o Datena cometeu algo, que seja julgado em outra instância, mas aquele momento é destinado a ser discutido planos para a população, em defesa da solidariedade como trabalho, escola, família para tantos jovens que se encontram desiludidos com a realidade de hoje. Vejam o número de suicídios entre jovens como aumentou, e consequentemente se criou o setembro amarelo. Enquanto isso Datena e Marçal ficam discutindo assuntos que deveriam ser abordados na Justiça Criminal, e não no momento do debate.
Outro ponto a ser destacado deve ser o uso de armas.
Embora as agressões de Marçal interessam a opinião pública sobre o que disse de Datena, por outro lado, essas acusações não são determinantes para o debate, para a apresentação de planos de governo, além de ter o agravante de falta de provas. Essas acusações feitas por Marçal, pode se dizer que são repudiadas e abolidas para aquele momento em que os candidatos estavam sendo inquiridos sobre planos de governo.
De fato, por intermédio de diferentes mecanismos, Datena se sentido desqualificado e exaustivo, após a ameaça pontilhada por Marçal, reproduziu noções ideológicas, reportando as agressões que ele mesmo apresenta e se mostra contrário, pegou uma cadeira e atirou sobre o candidato. E se Datena tivesse armado? O que teria acontecido?
Não posso deixar de citar que Marçal conforme mostra as mídias que o seu comportamento é inaceitável, ele quer incitar a violência e sair ileso. Não que o ato de Datena esteja justificado, mas até que ponto as ações de Marçal são aceitáveis?
O uso de armas pode ser legitimado em nossa sociedade após vermos inúmeros episódios de falta de civilidade em um país onde a democracia se encontra ainda em passos lentos? Penso que de forma alguma.
Junto a hegemonia que parece ser indiscutível para o uso de armas, onde cada cidadão sinaliza a sua própria autonomia pode –se concluir que esse dispositivo deve ser inovador, sem a permissão ilimitada de uso de armas. Violência gera violência.
A influência de produzir a verdade criminal que causa no público em geral, uma aceitação da violência, no entanto, esses fatos precisam ser disciplinados.
As mídias precisam também serem disciplinadas, horários para serem apresentadas determinadas cenas, e o uso de armas é o enfoque da causalidade entre aquilo que se fala e de quem recebe a fala. Já pensou se em cada pessoa que nos atinge revidarmos com uma cadeirada?
Não haveria cadeiras, pois estariam todas danificadas.
Vamos nos inspirar naquilo que nos faz crescer, discutirmos sobre a desordem da ordem pública, problemas na concretização da cidadania no Brasil, e se chegar a consensos que é o que é bom para mim é bom para você e bom para todas e todos.
PAZ E BEM!