Margareth Maciel de Almeida Santos
Advogada e doutoranda em Ciências Sociais.
Pesquisadora CNPQ
O rompimento das barragens da empresa Samarco em Mariana/MG pode ser denominada catastrófica, como define Marina Silva. As notícias na televisão, nos jornais, sobre Mariana, me fez relembrar um provérbio indígena que li há um tempo: “Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come”’.
O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o sociólogo Rodrigo Santos, coordena o grupo de pesquisa Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, que monitora impactos negativos de projetos de mineração no pais. Ele afirma que, no Brasil, a BHP ainda e pouco conhecida porque explora pouco a divulgação de sua imagem. A BHP Biliton é dona de 50% da Samarco ao lado da Vale, que detém a outra metade da mineradora. A gigante commodities, que teve lucro de $13,8 bilhões no ano passado, chegou ao Brasil em 1984, quando adquiriu a Utah Internacional Inc. e assumiu a participação que tinha da Samarco com a Vale.(www.bbc.comportuguese).
Pode-se questionar: Usufruir da natureza ou preservar a natureza? O que e a natureza?
A legitimidade de uma ética como a natureza implica em uma lógica da obrigação social como nos relata o filósofo Delattre. Pode ser explicada como uma interdependência entre os seres vivos e o meio. O homem não pode ser definido como um simples usuário e explorador da natureza, mas existe ai uma relação de troca, onde manter o equilíbrio dos ecossistemas é vital à sua sobrevivência. O homem faz parte da natureza, depende da natureza alimenta de outros organismos e quando morre, os micro-organismos aproveitam matéria orgânica que formava nossos corpos. Ao mesmo tempo que o homem é usuário da natureza, é também causador de impactos negligenciáveis aos ecossistemas. Esses impactos atingem populações e nessa situação podem tornar-se irreversíveis, provocar desequilíbrios ambientais e a extinção das espécies.
A sustentação da sobrevivência humana obrigou-se a incluir informações e conceitos tanto da filosofia e da sociologia, por ter uma conotação política no sentido da necessidade de preservar as condições ideais do ecossistema.
Os filósofos são unanimes em admitir uma moral, um sentimento de dever. Posso citar aqui nesse contexto, o filósofo Bergson, que explica : “num formigueiro há uma regra necessária e não uma obrigação, pois esta pressupõe liberdade de escolha. Nas sociedades humanas, ao contrário, só uma coisa é natural: a necessidade de uma regra, para que essa sociedade se mantenha. Recorro também ao sociólogo Durkheim para tentar explicar a relação do homem com a natureza: “ o domínio da moral e o domínio do dever é o dever e uma ação prescrita’.
Assim quero convidar você leitor, para uma reflexão sobre a relação do homem com a natureza, e dentro desse contexto, pensar sobre o significado da nossa atuação nesse mundo como a dimensão da crise ambiental, pois percebo que o destaque dado ao meio ambiente nas discussões políticas, sociais e econômicas, não tem alcançado a importância necessária para que a crise ambiental, possa ser superada. Lamentável o que ocorreu em Mariana, sou solidária e me sinto enlutada.